Tony Bizarro Fala Sobre 'Nesse Inverno', Disco Clássico de 1977

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Música

Tony Bizarro Fala Sobre 'Nesse Inverno', Disco Clássico de 1977

Trocamos uma ideia sobre os bastidores do 'Nesse Inverno', as parcerias, o rolê doidão dos anos 1970 e até sobre o efeito transante da capa do disco.

Sabe aquele disco foda que pouca gente conhece? O Noisey decidiu fazer um garimpo e mostrar todo mês a história de uma dessas raridades. Nesta edição destrinchamos o clássico Nesse Inverno, do paulistano Tony Bizarro. Lançado em 1977, é o primeiro disco solo do cantor, músico e compositor.

Quando Tony Bizarro abre a garganta em "Vai com Deus", você de cara se liga na potência vocal e na capacidade do cantor de fazer grandes sonzeras soul. Bizarro nasceu na Mooca, de família italiana. E sim, Bizarro é seu sobrenome. "Nós éramos Bizarre quando minha família chegou ao Brasil. Na imigração, arredondaram pra O. Aí virou Bizarro", explica. Aos 62 anos, mora numa casa simples no bairro do Limão, Zona Norte de São Paulo, tem quatro filhos, foi dono de quatro pizzarias e tem três discos solo. O segundo é Nesse Inverno, um dos álbuns essenciais para você entender um pouco esse negócio de soul music brasileira.

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O disco está escondido por aí e é vendido por algumas centenas de reais. Mas a dica é: se encontrar, compre logo. Por causa do incêndio na CBS, sua gravadora, os originais torraram e não há, pelo menos num futuro próximo, a menor chance de uma remasterização decente. "É preciso respeitar o cara que compra o disco. Não ia ficar bom".

Atualmente ele anda meio paradão: fez uma cirurgia delicada no coração e não sobe ao palco desde o ano passado. "Meu coração tá pendurado. Na verdade eu tenho medo de acontecer o que aconteceu com o Tim", diz, com pesar, referindo-se a Tim Maia, que morreu após passar mal durante uma apresentação. "Por mais que você fale, pinta uma emoção na hora e eu não sei se hoje eu conseguiria fazer um show inteiro. Começar você começa, mas do meio pro final…"

Trocamos uma ideia bem massa com Tony sobre os bastidores do álbum, as parcerias, o rolê doidão dos anos 1970 e até sobre vaselina na lente da câmera para dar um efeito transante no retrato.

Vai ouvindo o disco aí enquanto lê a entrevista:

Noisey: A Mooca é um bairro tradicionalmente italiano. Suas primeiras lembranças musicais trazem um pouco disso?
Tony Bizarro: Comecei cantando música italiana. Quando eu era pequenininho cantava "La Strada Del Bosco", um clássico do cancioneiro italiano. Aí depois eu cresci e fui fazer parte daquele programa Reino da Juventude, do Antonio Aguillar, e aí tinha o Sérgio Reis e eu cantando música italiana. Então o italiano foi uma língua natural pra você.
Sim, em casa se falava meio italiano e meio português. Meus avós [eram] italianos e não falavam português. Tudo mezzo mezzo. O que eles falavam em italiano eu já ouvia traduzindo. Era normal. Foi legal que ganhei uma segunda língua de grátis. Leia o restante da entrevista na VICE.