Música

Rica Pancita analisa os lançamentos da sexta #140

Tão chegando as músicas de Natal e o período da Nova República.
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E ae hiena.

Chega novembro e um momento muito desolador para o profissional da análise musical — no caso, eu — que é quando começa a pintar as músicas de Natal. Hoje já apareceu do Robbie Williams já. Daí pro mês que vem é quase proporcional o aumento de lançamento temático de fim de ano, com a redução de coisa que interessa mesmo. Já prepara tua listinha de melhores do ano, que chegamo no fim já. Sabe o que tá chegando no fim também? O período da Nova República. Mas aí é trabalho para os jornalistas e outros analistas. Eu aqui é só música só.

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E é nesse clima super pra cima que anuncio os lançamentos mais show que teve na semana e vem comigo.

----AS TOP SHOW DA SEMANA----

Dua Lipa - “Don’t Start Now”

Disco-house, quando faz bem feitinho, é só sucesso. Faixa muito boa, dedinho pro alto, animação, força jovem. De novidade na produção ou mesmo sonoridade, num tem nada não. Mas também num tem nenhuma necessidade. E vocal show também. Tudo top.

White Denim - In Pearson

Rockão fudido. Riffs #inspirados, batera #moendo, solos #virtuosos de guitarra e de synth. Os cara fez que saiu bonito. Talvez um pouco mais longo que o necessário para os dias atuais. Tive que fazer uma curta pausa porque era muito rock atrás de outro rock…. Só depois que fui ver que era disco ao vivo, mas pega nada. Só alegria, hoje eu tô mais relax.

Michael Kiwanuka - Kiwanuka

Se fosse explicar pra alguém que não conhece esse cara — por exemplo eu mesmo, é a primeira vez que ouço algo dele — falaria que é tipo Thundercat, só que o baixo é “normal”. Jazz-soul com um pouquinho assim de afrobeat, e o som levemente sujo pra dar um ar mais de disco antigo. Mas num é antigo, lançou essa semana. E o baixo é normal. O vocal me deu muito a impressão de “parece alguém que agora eu num lembro”. De cabeça acho que é o Eagle-Eye Cherry, mas num fui confirmar a suspeita ainda. Mas lembra alguém, num tem uma “personalidade” nesse vocal aí. Mas as músicas todas muito bonitas, som de altos nível. Vai de top.

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Dan Deacon - “Sat By A Tree”

Novo do Dan Deacon fazendo lá o pop eletrônico dele lá, divertido, animado, cheio de barulhinho, coralzinho, música de ficar feliz. Fique feliz. Agora.

Miranda Lambert - Wildcard

Depois do maravilhoso de tudo The Weight of These WIngs, de 2016, o novo disco da Miranda é bem menos tradicional e muito mais de country pop. Pelos singles eu não tava botando muita fé não, mas ouvindo hoje tudo juntinho ficou realmente discão show. Obviamente gosto das mais animadas, mais pra frentona, mas as baladinhas também tão bem boas, num tem faixa ruim no disco não. Gosto.

----AS BOA TAMBÉM DA SEMANA TAMBÉM----

Pabllo Vittar - 111 1

EP de 4 faixas em que 2 já haviam sido lançadas e, bom, são boazinhas sim (“Parabéns” e “Flash Pose”). Em alguma coluna aí eu falei delas já. Então vou pras outras duas: “Amor de Que”, forronejo eletrônico bem gostosinho de se ouvir, apesar da música ter cruzado a fronteira da ironia, que é algo problemático, mas que não chegou a tanto aqui. “Ponte Perra”, pop latino com boa produção, uns timbres muito bons, mas que não me interessou tanto assim. Mas juntando as 4 faixas sai um EP razoável. Então, tudo nos conformes. Bonzinho.

Hannah Diamond - “Invisible”

Assim ó, é bom. A Hannah é a mais “pop” dentro do cast da PC Music, de melodia mais fácil, e vocal muito bonitinho mas não lá muito afinado. Se cantasse no Raul Gil o jurado Régis ia ficar puto. Mas eu gosto inclusive por isso. MAS por acompanhar desde o início eu tô achando que passou da época de lançar o primeiro disco, mesmo com a estética AG Cook/PC Music virando cada vez mais mainstream ao longo dos anos. Hoje pra mim soa o mesmo de sempre, mas se você chegou agora no rolê pode soar interessante. Aí já é mais com você e seu interesse por pop eletrônico. Mas que o som tá bom, tá.

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Dudu Nobre - “Tão Só”

Pagodão show. Talvez merecesse um pouco mais de ousadia & alegria na produção. Tem um potencial aí que não tá sendo aproveitado com essa produção padrãozona. Mas tá valendo também. Boa bem boa.

La Roux - “International Woman of Leisure”

A impressão que eu tenho aqui é que, ao contrário do senhor Kanye, não houve uma preocupação com a mixagem antes de lançar. Porque o grave tá tão escondidnho que não é possível que tenha sido proposital. Mas aí pode ser onde eu tô ouvindo também. De toda forma isso aí deu uma prejudicada na experiência, porque é um pop maneiro mas faltou o capricho aí na mix.

Haim - “Now I’m In It”

É boazinha, é. Pop bonitinho, vocal desses que tá tendo bastante nos EDM que a gente vê por aí, mas também nada de surpreendente a destacar aqui. É boa, mas empolgar não me empolgou não. Mas é boa.

Earl Sweatshirt - Feet Of Clay

Epzinho aí de 15 minutos divididos em 7 faixas. Aí sei lá, nem deu tempo de ter uma opinião. A produção das faixas é muito boa, a forma que editam os samples, mete efeito, mete mais efeito, o negócio é trabalhado, num é preguiçoso não. Aí já é um ponto a favor. Fica essa grande montagem de faixas de menos de 2 minutos que ok legal o som, mas não me despertou grandes coisas não. Mas enfim, é bom o EP aí.

Tindersticks - “Pinky in the Daylight”

Uma bonita baladinha, com orquestração, bandolim rolando de fundo, parece trilha de filme romântico. Talvez seja, não sei. Mas é boa, de toda forma.

----A DO EMICIDA QUE EU GOSTEI DE ALGUMAS SÓ MAS FAZ PARTE----

Emicida - AmarElo

Ó… num gostei muito não. Mas vamo lá com calma. A primeira faixa é MUITO boa. De juntar o rap com soul, R&B, música brasileira, e encaixa tudo perfeito num porradão que botou a expectativa lá no teto. Mas aí num teve outra faixa como “Principia”. O que veio a seguir foi esses rap no violãozinho com dueto feminino, outra mais MPB, e “Paisagem” que é um pop rockinho que simplesmente não dá. Daí pra mim só foi recuperar o interesse mesmo nas últimas faixas, mas essas já tinham saído como single antes. A intenção parece de ser um disco pra ficar mais de boa suavão mesmo, aí tem criança rindo, tem o cara lá do standup pose de quebrada contando historinha, num tem as braba. Eu prefiro as braba, Nova MPB acho meio farofa, mas tá tudo ok. Tirando “Paisagem”, que essa não dá mesmo.