FYI.

This story is over 5 years old.

Música

Esses São os Vinis Mais Diferentões do Mundo

O velho bolachão preto tem dado lugar a verdadeiras obras de arte.

Por que ainda compramos discos físicos em 2015? Qual o propósito de lidar com grandes discos de plástico em uma era onde você pode pode subir um arquivo digital sem peso para um Google Glass ou iWatch, ou qualquer que seja sua próxima bugiganga tecnológica preferida? Com a exceção de ludistas e DJs 100% vinil, o mundo provavelmente não precisa mais do vinil. No entanto, o bolachão persiste e recentemente tem visto um revival e o surgimento de uma uma nova lista de mais vendidos.

Publicidade

Discos são ótimos, não me entenda mal. Tirando debates de qualidade de som, eles são um jeito de fãs dedicados darem aquela força aos seus artistas preferidos - o que ajuda a manter vivo um formato tão amado pelos DJs. Os LPs também podem ser uma forma de validação para artistas que têm seus trabalhos prensados e os discos são também capazes de justificar a existência de lojas físicas. Além do mais, ter uma capa de disco para pendurar na parede ou mesmo uma estante cheia deles ajuda a nos lembrar das coisas que amamos… É também é um jeito de mostrar nossos gostos para convidados. Ainda que digam que o evento foi apropriado por grandes gravadoras - não beneficiando pequenas lojas -, ainda existem muitos bons motivos para acreditarmos no Record Store Day.

A pergunta de verdade é: por que a maioria dos artistas inquestionavelmente se atém ao vinil preto simples? Por que não quebrar esses limites se o formato não é mais algo tão central? Há décadas, artistas têm achado alternativas ao vinil preto, e nos últimos anos continuaram nessa criatividade. Mas eles são exceção à regra. Ad Hoc tentou nos mostrar como alguns dos lançamentos físicos mais recentes (e estranhos), se relacionam com o "fetichismo de commodity". Mas mesmo em um nível estético, é surpreendente que não existam mais colírios para os olhos além da arte da capa nos lançamentos em vinil, especialmente em música eletrônica, que é uma vertente da música tecnológica por natureza.

Publicidade

O 'Black City de Matthew Dear' vem com um totem personalizado que canaliza a estética futurista que o álbum personifica.

Existem exemplos notáveis de artistas empurrando a fronteira do que um disco de vinil deve parecer. Existem muitos lançamentos de discos coloridos que vão além do azul ou vermelho. Eles vieram em graduações de transparências e formatos que se misturam de maneiras bem únicas. Veja por exemplo o EP Collage do Nick Hook ou o single "Emerge From Smoke" do Shlohmo.

'Emerge From Smoke/Ode 2 Tha Whip', do Shlohmo.

Esses discos são pretos e brancos, mas já que são semi-opacos, você pode ver tons do outro lado do disco. Enquanto o disco roda na vitrola, é possível ver os tons se misturando e se espalhando em energias diferentes, como as técnicas do pincel de um pintor.

'Collage V.1', do Nick Hook.

O disco Collage também inclui uma série em cinco capítulos sobre Nick Hook, e é um lançamento da Serato, que tem lançado vários discos interessantes. Já que é possivelmente o único que um DJ pode ver em uma noite, é melhor ser bonito, né?

O EP 'No Reason' do Giraffage vem em uma prensagem multi colorida de doze polegadas em uma embalagem linda impressa em verniz.

O EP No Reason do Giraffage é totalmente opaco, mas a profundidade do jeito que os vermelhos e brancos se misturam lembra um planeta distante, com suas texturas enevoadas e terrestres - novamente, alcançando um nível de sincronicidade com sua música em si. Totalmente excelente.

Talvez um dos lançamentos mais maneiros deles seja o relançamento do single de J Dilla "Fuck The Police", que quebrou com a tradição circular e tem o formato de um distintivo policial. (A ironia é brilhante). Já que é um 9", você pode tocá-lo em um turntable normal.

Publicidade

'Sounds of Earth', lançado pela NASA.

Só para colocar em perspectiva, o disco de ouro Sounds of Earth que a NASA mandou para o espaço alguns anos atrás é provavelmente o melhor disco físico de todos os tempos. Até o Daft Punk concorda. No entanto, deve ser notado que vinil colorido tem uma qualidade sonora ligeiramente menor do que os tradicionais discos pretos.

A capa do disco 'Extraterrestrial 'do DJ Qbert também serve como um controlador de DJ.

No quesito inovação de embalagem de um vinil, algumas capas foram transformadas em objetos meio que funcionais. A primeira que vem à mente é a capa do DJ Qbert para o LP Extraterrestrial, que Thud Rumble converteu em um pequeno controlador de DJ. Você pode apertar os botões na capa para alterar e tocar MP3 através de um aplicativo no seu dispositivo.

Syro, do Aphex Twin.

Então temos Aphex Twin, que sempre foi seguramente imprevisível. No seu mais recente disco, Syro, o rapaz não nos desapontou. A capa da edição limitada tripla, criada junto com The Designers Republic, tem uma faixa bonus tocável impressa direto no próprio encarte. Você provavelmente não deve tocá-la em repeat a não ser que queira destruí-la. A coleção também veio com uma embalagem transparente de plástico com uma arte gravada diretamente nela.

'Frenemies' EP, da Felicita

Também vale mencionar o EP Frenemies de Felicita, que ficou disponível como um doze polegadas amarelo claro, veio dentro de uma mochila similarmente colorida + um patinho de borracha. Um pouco truqueiro, claro, mas apropriadamente kawaii e divertido como a música em si.

Infelizmente, nesse ano, muitos poucos artistas da eletrônica pareceram dispostos a se liberar das restrições da forma primitiva do disco. Manobras do rock como o lançamento do Flaming Lips de um feto em formato comestível (sim, isso mesmo), e Jack White literalmente lançando seu disco através de balões de hélio, estão, até aqui, ausentes da cena eletrônica.

Publicidade

'Obverse Box', Deru

Porém, o artista ambient Deru deu uma notável, e cara, desviada do disco tradicional. Cada faixa de seu disco 1979 veio com um vídeo musical. A caixa, construída em uma caixa de madeira em formatos angulares, é uma pequena unidade de projeção contendo os vídeos. O box custa a bagatela de U$ 1.000. Não tanto como o disco de um zilhão de dólares de Wu Tang - que, não, o Skrillex não comprou - mas não é uma compra comum do dia a dia.

Em termos de praticidade, esses tipos de discos são totalmente desnecessários. O que vale a pena mesmo é a criatividade da música que eles contém. Se você quer arte visual, você sempre pode ir comprar alguma (por favor, compre). E se você está disposto a ir atrás do esforço de comprar um disco preto comum que é menos prático e custa mais do que um arquivo digital para mostrar o seu amor e apoio à boa música, também é maravilhoso. A cena precisa de pessoas como você. Mas se o principal motivo para as pessoas comprarem discos físicos, então artistas e selos deveriam considerar presenteá-los com lançamentos como os acima sugerem. Espero que venham mais.

A música preferida de Mike Steyel geralmente vem apenas em MP3 de baixa qualidade :( Siga ele no Twitter.

Tradução: Pedro Moreira