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Milhões de Festa

Os Ufomammut querem incendiar as festas do Berlusconi

Até lá, contentam-se com o Milhões de Festa.

Com os Ufomammut não se brinca. Nem mesmo com o facto de eles terem um gajo chamado Poia na banda. Tenho de lhe explicar o que significa o nome dele. Apresentações à parte, este trio sludge italiano (que adora Black Bombaim) é um dos headliners do Milhões 2013. Como adoro a música que fazem, falei com eles e percebi que são uns gajos muito mais divertidos do que as fotos deixam entender. VICE: Vocês formaram-se em 1999 e, desde então, já lançaram sete discos. É difícil estarem constantemente a reinventar-se, ou isso é algo que surge naturalmente?
Vita: Tentamos não nos repetir, mas queremos sempre manter o nosso estilo. Não curtimos comida aquecida, como muitas bandas fazem. Nós, pelo menos, tentamos ir mais longe. A música é como os computadores, precisa constantemente de actualizações.
Urlo: Temos seis discos (o Oro é um single) e uma colaboração com os Lento. Aborrecemo-nos facilmente, por isso não repetimos o que já foi feito.
Poia: Ou então, pensamos que nos reiventámos, mas na verdade ainda estamos a tocar a mesma coisa. O Oro foi editado pela Neurot. Como é fazer parte de uma editora tão incrível? Sentem mais pressão?
Vita: A nossa colaboração com a Neurot é perfeita, não há ninguém a pressionar-nos ou a tentar impor ideias. Quando o Steve Von Till [Neurosis, Neurot] entrou em contacto connosco, há dois anos, só falou em trabalharmos juntos. Ele compreende o que é fazer música e tocar ao vivo. A Neurot é como se fosse a nossa nova família. Ouvi dizer que já estão a trabalhar no vosso próximo disco. O que é que aí vem?
Isso não é verdade. Temos estado em estúdio com os Incoming Cerebral Overdrive, para trabalharmos num projecto todos juntos. Só depois da digressão, mais lá para o final do ano, é que devemos começar a pensar num disco de Ufomammut. Ninguém sabe o que aí vem. Nem nós. Os efeitos visuais são um dos principais pormenores num concerto de Ufomammut. Quando é que foi a última vez que tocaram sem eles?
Vita: Nunca. Os aspectos visuais são muito importantes nos nossos concertos. Sem esse apoio, há algo a faltar. Acho que um concerto tem de ter projecções, porque queremos que os olhos e os ouvidos dos nossos fãs estejam em êxtase, num verdadeiro espectáculo 360.
Poia: Costumamos dizer que as projecções são o quarto Ufomammut em palco. Ah, ok. Imaginem que o Berlusconi vos convidava para uma das suas famosas festas. Como é que reagiriam?
Diria que sim, sob uma condição. Teria de levar comigo gasolina, fósforos e uma câmara fotográfia para mostrar ao mundo como é que a escumalha italiana morre nas minhas mãos. Tornar-me-ia um herói.
Urlo: Eu dispensava.
Poia: Eu ia. Afinal de contas, eles dizem que essas festas são apenas “jantares elegantes”. Quando vos vi ao vivo, no Amplifest, o vosso ruído assemelhava-se a um prédio de 50 andares a desmoronar-se…
Vita: Temos de tocar bem alto para disfaçar a nossa falta de jeito com os intrumentos [risos]. É esse o segredo. Quão importante é a reacção do público à vossa música durante um concerto?
É muito importante porque é uma espécie de troca. Nós tocamos a nossa música, mas queremos sentir a energia do pessoal, ver o público a fazer headbangs. Queremos cheirar o suor da malta, mas por favor tomem um banho antes [risos]. O mundo é um sítio estranho. Se, por um motivo qualquer, tivessem de escolher entre trabalhar com o Eros Ramazzoti, o Zucchero ou a Laura Pausini, quem escolheriam? E porquê.
Urlo: Lembro-me de, em criança, ler imensas BDs da Marvel. Uma das que mais gostava era a série “What if…”. Essa pergunta é um bocado como isso. As três pessoas que mencionaste estão muito distantes daquilo que fazemos, mas, se pudesse, passaria um dia com todas elas.
Vita: Que pergunta fixe! Não colaboraria com nenhum deles, preferia cortar já a minha mão do que tocar com eles. Mas consigo imaginar o Ramazzoti a trabalhar num bar rasco, em Roma. A Laura Pausini era perfeita para limpar WCs de estações de gasolina. E odeio o Zucchero.
Poia: Se não tivesse mesmo alternativa, acho que escolheria a Laura Pausini. Não gosto da música, mas ela parece-me uma boa pessoa para se conhecer. Obrigado. Pessoal, vemo-nos no Milhões!