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Charles Bradley, gigante da soul, morre aos 68 anos

O músico norte-americano lutava desde 2016 contra um cancro.

Este artigo foi originalmente publicado na nossa plataforma Noisey.

Charles Bradley, o cantor soul que, apesar de uma carreira tardia, se transformou num ícone da música, morreu. Tinha 68 anos. Bradley [que em 2015 deu um concerto histórico no Vodafone Paredes de Coura] tinha sido diagnosticado com um cancro no Outono de 2016. Recentemente tinha cancelado uma série de datas [incluíndo a actuação no próximo Vodafone Mexefest], depois de a doença se ter espalhado para o fígado.

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"É com o coração pesado que anunciamos o desaparecimento de Charles Bradley", escreveu o representante do cantor numa declaração oficial. E acrescentou: "Lutador incansável, Charles batalhou contra o cancro com tudo o que tinha […] Obrigado pelas vossas preces durante este período difícil. Bradley estava verdadeiramente agradecido por todo o amor que recebeu dos seus fãs e esperamos que esta mensagem de amor seja lembrada e continuada".

A breve, mas brilhante, carreira musical de Charles Bradley começou apenas aos 62 anos. Nos três álbuns que lançou - No Time for Dreaming (2011), Victim of Love (2013) e Changes (2016) - o músico deu um novo vigor aos já gastos caminhos da soul e do R&B. Em singles como "The World (Is Going Up In Flames)" e "Strictly Reserved for You," Bradley mostrou ao Mundo a sua estrondosa voz. Natural, habilidosa, sem esforço, tão cativante numa canção mais calma, como num crescendo funk imparável.

Era difícil separar a profundidade e a riqueza da voz de Bradley da vida nómada e muitas vezes complicada que teve antes de assinar pela lendária Daptone Records já depois dos 60 anos. Nascido em Gainsville, Flórida, mas criado em Brooklyn desde os oito, Bradley viveu como sem-abrigo durante a maior parte da sua vida adulta, aceitando empregos precários quando podia e trabalhando por vezes como imitador de James Brown.

A improvável ascensão do músico da obscuridade ao sucesso global, começou com o lançamento do disco de estreia, em 2011. Gravado com a Menahan Street Band - que integrava membros dos Antibalas, El Michels Affair, Sharon Jones & The Dap-Kings e Budos Band - No Time for Dreaming conquistou de imediato a aclamação unânime da crítica. Com um carisma único bem presente na cativantes actuações ao vivo, Bradley tornou-se uma das mais brilhantes jóias da coroa da Daptone.

Victim of Love foi lançado dois anos depois e Charles, então com 64 anos, não parecia querer esmorecer. Pelo contrário, mostrava-se ainda mais confiante. Mais confiante ao lado da sua banda, expandiu o seu alcance. O terceiro disco, Changes, foi lançado em 2016 e assente numa espantosa versão de "Changes", dos Black Sabbath. Soul pungente que poucos antes de Bradley, se é que algum, conseguiriam ter dominado.

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