Hoje é dia de São Valentim e, infelizmente, este Valentim não se refere ao major de Gondomar. Hoje é aquele dia em que à partida passas por uma de duas situações: a) vais dar uns passeios, comprar uns perfumes da Chanel e jantar a um qualquer sítio chique com a/o respectiva/o ou b) estás sozinho, farto das publicações daYou're Beautiful no Facebook, já fizeste uns quantos posts a dizer que "lol, dia de São Valentim,granda merda comercial"e na verdade estás a deprimir enquanto a miúda de que gostas está a trocar mensagens e outras coisas com o tipo que detestas. Bom, estás aqui e portanto só podemos assumir que te encaixas no segundo grupo. Para ti, jovem melancólico, aqui vão umas festinhas e uma playlist de desgostos feita à medida para que possas deprimir à vontade na tua caverna.KANYE WEST - HEARTLESSPor estes dias o Kanye West não se sentirá assim tão sozinho quando debaixo dos lençóis encontrar o rabo gigantesco da Kim Kardashian. É como ter uma almofada extra. De dias menos felizes a nível sentimental fica esta óptima "Heartless", do muitas vezes incompreendido808's & Heartbreak, numa das demonstrações de autotune bem executado e com aquela dica que todos queremos mandar num fim de relação: "You wait a couple of months and then you gonna see / You'll never find nobody better than me".Agora pensa!", por favor.CONVERGE - ALL WE LOVE WE LEAVE BEHINDQuebrando o ritmo de canções choninhas, eis uma daquelas canções mesmo puta-que-pariu-vou-partir-isto-tudo, vindo de um dos grandes discos de hardcore dos últimos anos. O Jacob Bannon até diz que foi escrita alguns dias depois de um dos cães dele ter morrido, portanto até para isso serve. Deixem o desgosto de lado durante uns minutos e ensaiem estesair drums.GEORGE MICHAEL - CARELESS WHISPERJá falámos daspower ballads, mas esta playlist ficaria sempre incompleta sem contar com o saxofone mais marcante da história da humanidade nas suas fileiras. Embora não seja uma música de desgostoper se — descreve antes os sentimentos de culpa acerca de uma traição — é um facto que sobre o tristonho refrão "I'm never gonna dance again / Guilty feet have got no rhythm"já foram derramadas toneladas de baba e ranho, cortesia do amante de WCs públicos mais famoso do mundo.WEEZER - WHY BOTHERDos Weezer hoje em dia já não sai quase nada que se aproveite e o Rivers Cuomo parece estar cada vez mais empenhado em mostrar quão fixe é ser um geek na era digital. Esqueçamos isso tudo: do óptimoPinkerton tomem lá um malhão daqueles para vos ensinar a nem sequer quererem saber de mais uma e outra desilusão.
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ELVIS PRESLEY - YOU DON'T HAVE TO SAY YOU LOVE MEUm clássico. Original de Dusty Springfield e alvo de dezenas de interpretações por outros artistas e bandas, é a versão de Elvis Presley que a catapulta para um nível galáctico no que a canções de amor abandonado diz respeito. Presente está toda aquela ginga e grandiosidade típica de malhas doThe King,e aquela secção de sopros é óptima demais.PHIL COLLINS - AGAINS ALL ODDSDe que vale uma lista destas sem umapower ballad dos anos 80 (altura de tanta fartura no género…) e sem o Phil Collins, um dos reis quase incontestados das canções sobre relações falhadas e desentendidos amorosos, temas abundantes da início da sua bem-sucedida carreira a solo? Esta até vem de tempos menos negros, tendo servido para a banda sonora do filme homónimo, mas é a faixa ideal para terminar um qualquer DJ set quando só os solteirões resignados ocupam a pista de dança, após todas as tentativas de engate saírem furadas. "So take a look at me now
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THE SMITHS - NEVER HAD NO ONE EVERÉ Smiths e chega. Difícil é escolher uma única canção de todo o catálogo sentimentalão do gangue de Manchester. Poderia aqui figurar a "Last Night I Dream That Somebody Loved Me", a "I Want The One I Can't Have" ou muitas outras, mas este representante do The Queen is Dead é brutalmente eficaz no seu jeito de quase-valsa para te atirar para o canto do quarto em posição fetal enquanto pensas "Porque é que não falam comigo?".
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BLACK SABBATH - CHANGESEstamos em 1972, os Black Sabbath são uma banda do caralho, acabaram de lançar o seu quarto disco e, com ele, uma canção onde — à semelhança do que tinham feito já uns anos antes naPlanet Caravan ou naSolitude — abandonam por momentos os riffs titânicos e produzem um daquelesdownerspara nos deixar na mais absoluta merda. Cerca de 30 anos mais tarde, o Ozzy Osbourne gravou uma nova versão — absolutamente atroz — com a filha Kelly, porque o reality show deles fazia sucesso, suponho (a Wikipédia diz-me que foi das séries mais vistas de sempre na MTV). Não nos lembremos disso. 'Bora deprimir.ADRIAN GURVITZ - CLASSICSe tivesse sido concebida em Portugal, "Classic" decerto pertenceria ao Paulo Gonzo. Hino imperdível daquela vaga de soft rock britânico de há demasiados anos, "Classic" encerra este alinhamento com, possivelmente, o discurso mais romântico-ilusório de toda a lista. Afinal, como não sentir toda a compaixão do mundo para um tipo que vai escrever uma canção no sótão e que com isso se resigna em absoluto à sua irrelevência? Como diria o Allen Halloween, não há luz no meu sótão.