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Música

Trema Com a Mixtape "Brega Bass Vol. 2" do Omulu

Ele lista o zoukbass e o twerk como gêneros incluídos na mix, ao lado do tecnobrega, prontinhos para fazer você tremer como se o seu bumbum fosse agitado pelo espilantol do jambu – a “metanfetamina paraense”, como diz Omulu.

Coberto de palhas para cobrir as suas chagas da varíola, Omulu (ou Omolu) é o orixá da morte no panteão do candomblé – e, inclusive, um dos orixás regentes de 2013. O produtor carioca Antonio Antmaper adotou para si o nome depois de uma experiência pesquisando toques de candomblé. Flanador rítmico, passeia por todas as batidas eletrônicas dos guetos mundo afora, e nos últimos anos concentrou-se em misturar o eletromelody (ou tecnobrega) paraense com os graves da TR-808 e outras sonzeiras internacionais.

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Além do trabalho de produtor, Omulu também conta com o selo Jambu Music, dedicado a levar ao mercado internacional novos artistas da cena paraense. No momento o projeto está em câmera lenta, mas Antonio promete uma viagem a Belém em outubro, para acertar as pontas com produtores e cantores locais.

Aqui para o Noisey ele libera a sua nova mixtape, Brega Bass Vol. 2. Ele lista o zoukbass e o twerk como gêneros incluídos na mix, ao lado do tecnobrega, prontinhos para fazer você tremer como se o seu bumbum fosse agitado pelo espilantol do jambu – a “metanfetamina paraense”, como diz Omulu.

Link para download no PIRATEBAY aqui.

NOISEY: Você batiza as suas mix de “brega bass”. Qual é a diferença entre brega bass e o eletromelody “tradicional”? Quando você achou que era a hora de intercalar o ritmo paraense com esses elementos de bass e até trap?
Omulu: O termo brega bass começou com uma viagem de tocar tecnobrega com global bass em um mesmo set, até porque lá fora tecnobrega também é considerado global bass. Logo que comecei a produzir, essa influência ficou muito evidente nas minhas músicas, aí também batizei meu estilo de brega bass.Tudo que fiz foi adicionar ainda mais peso ao tecnobrega, inserindo os beats da TR-808, trabalhando as linhas de baixo nos subgraves e usando efeitos vocais sampleadões.

Explica pra gente: o que é twerk? E zoukbass?
Twerk é som pra fazer o bumbum tremer. É basicamente construído com os mesmos kits (samples) de hip hop da galera do sul dos EUA (dirty south) que também são usados no trap. Mas no Twerk a banda toca na casa dos 100bpm e com muito mais groove. Acho bem parecido com o Rasteirão que rolava nos bailes funk da década de 90.

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Já o zoukbass ou tarraxinha é a versão contemporânea do zouk das Antilhas e da kizomba angolana. Ambos compartilham de um ancestral comum e fizeram muito sucesso na década de 80, influenciando a música do norte e nordeste brasileiro, e possivelmente o brega paraense. O zoukbass tem um batidão tropicaliente e foi introduzido pela galera do Buraka Som Sistema, de Portugal. É sem dúvidas o estilo mais quente da cena bass.

Foto por Glaucia Mayer

Por que você escolheu Omulu como nome artístico? Se identifica com o orixá?
Cara, uma vez tive a irresponsável ideia de mixar as batidas do moombahton com os toques do candomblé, na ocasião o toque era o barravento. Fiquei ouvindo o barravento em loop para acertar o tempo com a batida, até que senti uma vertigem e por um instante minha visão apagou (ocasionalmente tenho crises de labirintite). No mesmo dia comecei a pesquisar sobre o assunto e a história dos orixás pensando em um nome para esse projeto. No momento exato em que eu olhei pra figura do Omulu eu tive a certeza do nome. Cheguei até a me apresentar com a paramenta de palha. Acho esse episódio místico demais para um cara agnóstico como eu.

Aliás, Omulu é um dos orixás regentes de 2013. Você sentiu alguma diferença com essa regência?
Coincidência ou não, coisas legais estão rolando este ano. Minha música “Fire Eagle” foi escolhida como trilha sonora de um vídeo global da Puma para a Copa do Mundo, um mashup que fiz do Daft Punk teve 160 mil views em oito horas, foi tuitado e elogiado pelo Calvin Harris e pelo Zedd, e também estou produzindo meu primeiro disco que sai ainda este ano a convite da gravadora alemã Man Recordings.

Quais são os planos do Jambu Music para o segundo semestre de 2013?
É foda trabalhar com os artistas de lá, eles são extremamente criativos, mas não têm a menor noção de mercado musical fora da cena das aparelhagens. Parece que eles também não fazem questão disso. Criei o selo sem pensar em lucro, só pra divulgar o estilo e os trabalhos bacanas dos produtores paraenses. Acho que teria funcionado melhor se eu comprasse as músicas por uma mixaria e revendesse as coletâneas e os direitos de uso aqui e na gringa sem prestar contas pros artistas, como rola muito por aí. Mas não desisti não, em outubro vou pra Belém tentar me encontrar pessoalmente com uma galera de lá que está no meu radar.

Da última vez que eu te encontrei, você me deu um copão de vodca de jambu. Bicho, aquilo é do capeta. Você produz em casa? Qualquer um pode tentar fazer isso ou é só recomendável para os sem juízo?
(Risos) Quando eu e a Glaucia (minha Omulete) fomos para Belém, mal botamos os pés na cidade e o nosso amigo Luan, um barbudão psicodélico que é VJ da Gang do Eletro e embaixador mundial do Bar Meu Garoto, nos deu um porre de cachaça de jambu. Passamos uma semana embebidos em jamburana, sentindo o treme. Foi aí que viciamos no espilantol, para mim é a metanfetamina do Pará. Desde então mantemos uma plantação de jambu que fornece uma produção suficiente para nós e para distribuir shots nas gigs do Omulu.

Siga o Amauri Stamboroski Jr. no Twitter: @amaurigonzo