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Música

O Tropical Bass Está Estourando em Lima

Jovens DJs e produtores peruanos misturam sons tradicionais com música eletrônica e criam batidões incríveis.

Animal Chuki, dupla de digital cumbia de Lima em seu habitat natural.

Como é o som o futuro da música em Lima, capital do Peru? Segundo um grupo de jovens DJs e produtores que fronteiam o movimento de tropical bass no país, é muito parecido com o passado.

No vídeo acima podemos dar uma espiada na cena underground de Lima, onde performances como as do Elegante & La Imperial, Mari Yá, Chakruna, Shushupe e Deltatron -munidas com a mistura familiar de sintetizadores, baterias eletrônicas e laptops- estão formatando um novo futuro musical, cavando na história da América Latina. Enquanto eles se equilibram entre DJs sets e performances ao vivo no Noise –um dos lugares mais badalados da vizinhança- também estão tentando descobrir o que significa ser peruano em um presente cada vez mais globalizado e conectado.

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O vídeo acima foca no duo Animal Chuki (composto por Andrea Campos e Daniel Villa-Riestra), que são ótimos exemplos de gente que se voltou para o estilo tradicional ao mesmo tempo que olham para o futuro. Os dois têm 22 anos e fazem cúmbia digital, uma visão tecnocêntrica que envolve ritmos tradicionais que desde o último século fazem parte do coração do continente latino. “Cada país tem um jeito parecido ou diferente de expressar a cúmbia”, conta Daniel por Skype. Segundo o mesmo, foi na Argentina que os DJs e produtores como King Coya e Chan começaram a misturar cúmbia com o vocabulário eletrônico, a malandragem do hip-hop e o dancehall jamaicano.

O produtor argentino King Coya, pioneiro da cúmbia digital.

Daniel conheceu esses experimentos híbridos quando morou em Buenos Aires. Ao retornar para Lima, ele e Andrea decidiram aplicar as mesmas ideias na música peruana tradicional. A gravadora argentina e coletivo de festas ZZK, que inspiraram a dupla a cavar mais fundo nas raízes musicais do continente, foram sortudos em poder lançar o primeiro EP da banda, Capicúa, que será lançado no dia 9 de dezembro. O Animal Chuki foram os primeiros peruanos a se juntar à lista de artistas da ZZK e agora estão começando a fazer o mesmo barulho pela vida noturna cosmopolita de Lima. Nas suas muitas performances ao vivo é possível ver a dupla dividir as tarefas de acordo com a força de cada integrante. “Nós dois colocamos nossas influências musicais no trabalho,” Daniel diz, “Andrea é mais tradicional, ela gosta de chicha,” o estilo musical dos anos 60 que transpôs o ritmo da cúmbia com licks psicodélicos de guitarra, enquanto Daniel traz para a música “dub, heavy bass e umas coisas experimentais.” O EP Capicúa é um álbum sombrio e global, com referências e ideias inteligentes trazidas através dos séculos e de lugares distantes –órgãos mal assombrados e a automação pulsante dos sintetizadores lembrando muito os Los Macuanos de Tijuana. Sem deixar de mencionar as sacadinhas de dub com os pedais de eco e reverb, uns pianinhos de salsa e licks de guitarra psicodélicos vindos diretamente dos antigos discos de chincha. Embaixo de tudo isso, os chocalhos e batidas da pulsação da cúmbia ficam rodando, rodando e rodando, como um mantra hipnótico.

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O Daniel e a Andrea estão no centro de um novo conglomerado de artistas de Lima, promoters e baladeiros que pegaram carona na explosão da música global eletrônica e acharam um novo jeito de fazer a sua própria. Mas, a metade da dupla de tropical bass Dengue Dengue Dengue, Rafael Pereira, insiste que o gosto pelo tradicional ultrapassa a herança local: “Para a gente é mais uma coisa global,” Rafael diz. Suas influências vão de sintetizadores kraftwerkianos até o zouk bass, que é um ritmo lento e sensual advindo das antigas colônias portuguesas da África.

O duo de tropical bass Dengue Dengue Dengue apertando botões. O Dengue Dengue Dengue e seu selo Colectivo Auxiliar “dão festas insanas de tropical bass.” Como o próprio vídeo denuncia, não há escassez de festeiros para lotar as pistas de danças em distritos boêmios como o Barranco, onde DJs também servem house, techno e dupstep no menu.

“Tem muita gente envolvida na cena. Tem outros que gostam de ir paras as festas e pirar,” Daniel admite, “mas em geral, a recepção é boa. Culturamente falando, as pessoas estão evoluindo assim como a música.” Daniel também conta que cada vez mais novos selos e artistas se juntam ao movimento de tropical bass da cidade e as festas estão atingindo a lotação máxima cada vez mais rápido. “As pessoas podem se identificar com a música, mas só enquanto você está dando para elas uma coisa nova para escutar.” Com as orelhas ligadas na tradição e nas inovações tecnológicas, é fácil ver porque essas festas são tão populares. Max Pearl vai se mudar para Lima assim que o THUMP Peru sair do papel - @maxpearl

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