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Música

O Chuck Ragan do Hot Water Music Tirou os Sapatos dos Pés e me Deu Eles de Presente

E isso prova que ele é o cara mais legal da música

Fotos por Rebecca Reed

O Chuck Ragan, líder do Hot Water Music, é um dos caras mais legais no mundo da música. Eu sei disso porque passei grande parte do meu inverno escrevendo um artigo para a revista New Noise sobre como ele é o cara mais legal no mundo da música. Nas minhas pesquisas, falei com todo mundo desde sua esposa, Jill, até com as pessoas que fizeram turnês com ele – Frank Turner, Jeremy Owen Youngs, Ben Nichols – e todo mundo tinha seu próprio mito sobre a masculinidade excepcional e a esmagadora generosidade do Chuck Ragan, e todos amaram me contar isso. O Dave House tem uma história sobre como o Chuck pegou um peixe com as mãos, e isso que eu chamo de lendário.

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Foi bem divertido coletar todas essas lendas urbanas em um só lugar, mas isso quase me deixou com inveja por não ter as minhas próprias lendas urbanas. Já conhecia o Chuck há um tempinho e tinha passado um tempo com ele, mas não possuía ainda uma História Oficial do Chuck Ragan™ para chamar de minha, até que no fim de semana ele literalmente tirou os sapatos que estavam nos seus pés e me deu de presente.

Calma, deixe-me explicar.

Dei uma passada no show do Chuck em Nova York na sexta-feira (18). O homem consegue ser gracioso até mesmo quando está tocando, agradecendo o staff do local, a equipe, a banda, a plateia cheia de clones do Tim Riggins, as guitarras Martins – sim, ele até mesmo agradeceu os patrocinadores da sua guitarra no meio de uma música –, ele praticamente quase agradeceu os mictórios automáticos pelo seu trabalho árduo.

Depois do show dei uma passada no camarim e a hospitalidade sulista do Chuck estava à toda, com ele passando latas de Bud-Light e Guinness, conferindo se realmente todo mundo estava confortável na sala e se sentia bem vindo. Nós conversamos sobre a matéria que eu fiz para a revista, os papos que as pessoas contavam sobre sua bondade mitológica e, obviamente, sobre pescar.

A coisa que rola com o Chuck é que é meio difícil ficar falando besteira com o cara. Como você pode jogar uma conversa fiada com uma pessoa que é maior que a vida? É tipo tentar falar sobre o clima com um unicórnio.

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O Chuck sentou na minha frente com uma perna cruzada sobre a outra. Notei que ele estava usando um par de botas realmente másculas, o tipo de botas que veria um cara bem mais legal do que eu usando e sabendo muito bem que eu não sou foda o suficiente para colocar esse tipo de coisa.

As botas eram tipo a jaqueta de couro para os pés. Eu as reconheci porque umas semanas atrás tinha visto um par igualzinho em uma vitrine. Entrei para saber quanto que elas custavam. Trezentos e vinte dólares. Assim, imediatamente coloquei o par de volta na prateleira e saí correndo da loja com os meus Vans estourados porque em termos de moda sou o que você poderia chamar de “pobre” e me visto como seu eu tivesse “treze anos”.

Ao tentar puxar uma conversa, dei um chutinho na sola da bota. “Elas são legais, que tipo de sapatos são estes?” O Chuck me disse que eles são um par novinho em folha do Red Wings.

“Ah é, eu estava dando uma olhada em um par igual a estes. Eles são legais.” Eu disse.

“Que tamanho você usa?”

“Normalmente entre 11 e 12.”

“Bom, então dá uma experimentada.”

De repente, Chuck estava dobrando as barras das suas calças e desamarrando suas botas. Esse é um homem cuja cara estava pendurada no meu quarto quando eu estava no colegial, o velho ancião do punk, e aí estava ele tirando os sapatos e passando-os para mim.

“Como eles ficaram?”

“Bons.”

“Bom, então eles são seus.”

Sabia que ele não estava brincando porque o Chuck não é muito de zoar. Às vezes eu aciono meu mecanismo de defesa que vem em forma de um terrível senso de humor e fiz uma piada sobre o Chuck, o que me fez imediatamente me arrepender de todas as palavras que estavam saindo de uma boca. Mas eu não poderia aceitar os sapatos. Eu estudei em um colégio católico, pelo amor de Deus. É muita culpa cristã. Repeti aproximadamente 500 vezes que não podia aceitar isso até o ponto em que todo mundo na junto e o próprio Chuck ficaram cansados de escutar isso e falaram: “Apenas aceita a porcaria do sapato!”. Então eu aceitei. Eu o agradeci demais e o velho Chuck só deu com os ombros como se ele tivesse me emprestado um dólar para comprar um chocolate no posto.

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Aqui estou eu, implorando para que o Chuck não me dê seus sapatos.

Chuck me explicou cada pequeno detalhe sobre as botas que tinha acabado de me dar. “Está vendo essa perfuração? Eu acredito que eles foram feitos originalmente para aguentar climas extremamente úmidos, então esses buracos são para ventilar qualquer umidade.” Eu não tive coragem de dizer para que, como sou um nova-iorquino, o único clima úmido que estive foi em uma extinta casa de show para ver o Avail e o Dillinger Four. Me senti como tivesse acabado de ganhar um biscoitinho. “Ela gosta de um pequeno presente depois de caminhar pela manhã e ela também gosta de tirar uma soneca no sol antes do almoço.”

Os sapatos eram os que ele estava usando uma hora atrás no show, então eles ainda estavam quentes. “Ah sim, eles estão um pouco suados,” ele disse, “talvez você precise jogar um pouco de talco dentro deles,” o que é uma coisa que eu não vou fazer porque secretamente espero contrair os poderes míticos do Chuck por meio do seu suor.

Então o Chuck andou pela sala de meias, ainda conferindo se todo mundo estava confortável e sendo bem cuidado. Eventualmente, ele abriu a sua mala e tirou um par de botas marrons surradas e as calçou.

Eu quase senti que com essas botas vinha uma grande responsabilidade. Tentarei calça-las do jeito que o Chuck calçaria: farei mais caminhadas no meio da névoa do pântano, deixarei pegadas na planície, vou talhar em carvalho presentes feitos à mão para as pessoas e escreverei minhas iniciais neles, eu vou usar camisas de flanela e olharei para o horizonte pensativamente. Mas o mais provável é que apenas aprendi uma lição com o Chuck e vou retribuir isso mais frequentemente.

Então sim, o Chuck me deu um par novinho de botas. Elas custam US$ 320, mas ele também me deu uma coisa muito mais valiosa. Ele me deu uma História do Chuck Ragan. E isso não tem preço.

O Dan Ozzi vai usar muito essas botas e ele está no Twitter - @danozzi