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Música

K-pop é Coisa Nossa: Da Coreia à Anitta, o Champs Quer Criar o B-pop

Demos um rolê com o grupo pela Liberdade para falar sobre expectativas, a viagem recente para a Coréia do Sul e a tentativa de ensinar o rebolado da funkeira Anitta para as garotas sul-coreanas.

K-pop você já sabe como é: coreografias bala, eletrônica farofa, letras de amor (dãr), gente bonita cantando. O gênero sul-coreano movimenta uma gigantesca indústria cultural no país e já se transformou em produto de exportação ao redor do mundo. Com rodas de dança todos os domingos ao lado da estação Vergueiro e eventos de cultura coreana, chinesa e japonesa no centro de São Paulo, o Brasil entrou no frenesi do K-pop há um tempo, e acabou de ganhar a sua banda nacional: o Champs, que se juntou em 2012 e se prepara para seu primeiro show oficial, um showcase neste domingo (15) no Teatro Mars.

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Iago, Diego, Kenji, Shi e Ricky, todos com idades entre 18 e 22 anos, se juntaram a partir de audições feitas pela empresa JS Entretenimento, que tenta explorar em território brasileiro um nicho voltado para a cultura oriental. Os garotos trancaram as faculdades, se mudaram para um apartamento em São Paulo e começaram a trabalhar no projeto, que pretende unir dança, música brasileira e K-pop. Após o lançamento do primeiro clipe oficial da banda, “Dynamite”, o Champs se prepara lançar um disco autoral e tentar a sorte como uma boyband no mercado brasileiro. Demos um rolê com o grupo pela Liberdade para falar sobre expectativas, a viagem recente para a Coréia do Sul e a tentativa de ensinar o rebolado da funkeira Anitta para as garotas sul-coreanas.

Como foram as audições?
Ricky:Tudo começou mesmo em 2012, quando nos inscrevemos para as audições. Assim que fomos aprovados, começamos a treinar dança, canto e composição, além de condicionar o corpo indo na academia. Foi um processo pesado.

Diego:Era como se fosse um Ídolos, na verdade. Foi em um hotel aqui em São Paulo, e tínhamos que criar uma coreografia para uma música e cantar outras duas. Eu arrisquei um “Gangnam Style”, e na hora de cantar uma em português fui de Paula Fernandes.

Ricky:Já eu travei na hora de cantar em português, me deu branco e resolvi cantar… Sandy e Jr. Que bom que deu certo!

E a expectativa de entrar para uma banda na qual ninguém se conhecia?
Shi: A gente já sabia que grupos sul-coreanos tradicionalmente são formados por meio de empresas e concursos, e que vários integrantes não se conhecem antes. Então nem foi uma insegurança, é uma coisa normal pra gente. Eu já era amigo do Iago de festas, por exemplo, então foi mais fácil. A gente esperava mesmo que fosse da mesma forma que rola na Coreia: vamos nos conhecer, se der certo a química, a gente continua.

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Como surgiu o interesse de vocês pelo K-pop?
Iago: Eu danço desde os sete anos, porque minha vó é dançarina contemporânea. Passei pelo balé, contemporâneo, hip hop… aí comecei a me interessar por K-pop vendo vídeos no Youtube, e pensei em criar coreografias pensando nisso. Todos nós já tínhamos participado de bandas cover de K-pop, então já é uma cultura que a gente conhece faz um tempo.

Shi: Eu já tinha contato com a cultura oriental por causa de animes, por exemplo, e daí um dia eu estava no YouTube ouvindo um clipe de música japonesa e achei algo de K-pop nos vídeos relacionados. Aqui no Brasil os grupos pop apenas cantam, e a galera já está meio cansada disso. Não tem mais aquele fã apaixonado por alguém que canta e dança, caso do Backstreet Boys, por exemplo, e dos grupos de pop oriental. É isso que queremos fazer.

Além de K-pop, quais outras músicas influenciam o estilo de vocês? O que vocês ouvem quando não estão trabalhando?
Shi:Eu adoro One Direction, Usher, Justin Bieber e Chris Brown. Tento juntar um pouco de tudo na hora de compor.

Iago: Eu ouço muito rap, MV Bill, Emicida, Criolo. Rap é outro som que a gente curte incorporar no nosso K-pop. Diego: Gostamos de ouvir de tudo porque fazemos um som brasileiro inspirado pelo K-pop. É um ritmo mais acelerado, a gente gosta de misturar coisas. Inclusive a gente colocou um sample de funk na música “We Are The Champs”, é um maneira e deixar o som mais forte.

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E como funciona esse processo de composição?
Kenji: Compomos todos juntos, e tentamos dar temáticas adolescentes ao nosso pop. Muito do pop fala só de amor, mas a gente quer trazer outros dilemas também. De problemas com os pais, de não ter liberdade pra fazer isso ou aquilo… Diego: Várias músicas pop falam do cara que quer pegar a garota, por exemplo, mas às vezes é a mina que quer pegar o cara. Tem muitas temáticas pouco abordadas que a gente quer explorar.

Vocês acham que é realmente possível emplacar uma boyband no mercado musical brasileiro?
Shi:A ideia de boyband nunca foi levada tão a sério aqui no Brasil quanto estamos tentando, e é isso que queremos trazer de novo. Tentar revitalizar esse conceito. A gente canta, compõe, dança…

Diego:Só nós temos essa mistura Coreia/Brasil, adoramos. Mesmo sendo pop, trazemos um pouco da Coreia, a dança forte, letras em português, um pouco de funk, de outros estilos. Achamos que com esse tipo de originalidade, é possível arranjar um espaço.

Em março desse ano vocês viajaram para a Coreia gravar o clipe de “Dynamite”, e passaram dois meses por lá ensaiando. Como foi esse rolê?Diego:Não deu tempo de sair e curtir muito porque passávamos o dia e a noite treinando dança e compondo, mas foi incrível entrar em contato com uma cultura tão completamente diferente da nossa e que dá tanto valor para o mundo pop.

Shi:Era ótimo sair na rua e ver gente dançando e cantando, lá a cultura pop está em absolutamente todos os lugares. Foi uma experiência ótima também poder gravar o clipe na Coreia, que é a viagem dos sonhos de qualquer adolescente que curte K-pop.

Ricky:Foi muito incrível entrar em contato com essa cultura pop e poder ter contato com pessoas que trabalham no mesmo ramo que a gente, ver esse profissionalismo do K-pop. E a gente trabalhou muito, virávamos a noite dançando. Tivemos só um dia para bolar a letra de “Dynamite”, recebemos a música do produtor e passamos um dia todo criando os versos pra podermos gravar. Foi muito corrido.

E vocês fizeram um flashmob na rua lá na Coreia, foi isso?
Shi e Kenji: Na real, a gente colocou no Facebook um pedido para os fãs darem ideias de coisas pra gente gravar por lá. Aí juntamos várias sugestões e acabamos fazendo um flashmob no meio da rua. Cantamos e dançamos uma música de K-pop e um pedaço de Anitta. Inicialmente pensamos em “Lepo Lepo”, mas acabou rolando Anitta mesmo.

Iago:Acabou que depois da gravação ensinamos até umas meninas coreanas a dançar Anitta, foi muito louco. Elas não estavam entendendo nada, mas estavam amando a música.