FYI.

This story is over 5 years old.

Música

UMA ENTREVISTA COM BEN RITTER

Uma das minhas histórias favoritas envolvendo o Ben Ritter é sobre uma festa na sua casa anos atrás. Um amigo em comum tinha acabado de chegar pra mostrar tatuagem super colorida de tubarão ou algo do tipo novinha em folha. Assim que a gente parou de ficar babando em cima daquelas cores vibrantes o Ben calmamente disse, "pena que isso aí vai desbotar rapidinho". PLÁU! Não foi nada delicado, só a verdade pura, e pegou mal, especialmente para o dono da tal tattoo. O Ben é um cara muito honesto, e isso também pode ser visto na suas fotos. Ele não curte muito manipulação digital, vive o momento e deixa suas imagens viverem como ícones de memórias de experiências loucas em vez de tentar remontar o passado. O cara tem um olho vivo para contar uma história em uma única imagem, habilidoso o bastante para capturar e apresentar qualquer imagem que apareça na sua cabeça e esperto o bastante pra ter transformado essa virtude em uma carreira, que ele aliás leva bem a sério. Pra mim fotografia é tipo "ah, beleza", mas o jeito que o Ben fala sobre o assunto me fazer sentir totalmente "eeeeita porra!!!".

Publicidade

Vice: Eu perguntei pra um amigo próximo seu o que ele achava que eu deveria te perguntar, e a primeira resposta que eu recebi foi "Pergunte sobre quando ele era gótico." Que amigão, hein?
Ben Ritter: Pois é, eu já fui um adolescente meio gótico.

Eu tô ligado, e às vezes eu paro o que estou fazendo e penso sobre isso. Que diabos é essa história?
Você tá perguntando se eu era gótico?

Não, eu até acredito nessa história de gótico… Só queria ver você nessa época.
Cara, nem eu queria me ver nessa época. Curtia umas minas estranhas, então essa era uma maneira de fazer com que elas se interessassem por mim.

Bem pensado, todo mundo tem que ter uma estratégia.
É uma coisa que nunca muda. Sempre fazemos coisas pra conseguir as minas que queremos. É natural.

De qualquer forma, é um comentário meio arrogante, mas pensei sobre isso um pouco e imaginei como essa época reflete no seu trabalho de agora?
Não sei se visualmente influencia em algo, mas com certeza foi uma época na minha vida que traçou o meu futuro, moldou a pessoa que eu iria ser. Tipo, de nunca usar um terno e meio que sempre dar um dedo-do-meio gigante na cara do mundo convencional. Mesmo que agora tudo seja mais tranquilo.

Bom, mas quando penso no seu trabalho, tanto profissional quanto pessoal, penso em muita ação. Você realmente curte o "momento". Aquele segundo que captura o olhar e o clima do que está acontecendo. Aquele momento geralmente é uma ação de empolgação em excesso, algo selvagem e divertido mas esse entusiasmo sempre carrega um lado escuro em segredo.
Na verdade, me atraio por pessoas bonitas fazendo coisas feias. Acho que isso compõem uma estética bacana. Nem tudo tem que ser tão literal, mas no geral gostaria que as pessoas reconhecessem pra onde aponto a minha lente e o que edito nas fotos.

Publicidade

Mas eu acho que tem muita alegria nas suas fotos também.
Ah, claro, mas isso porque a maioria do meu trabalho pessoal é feito quando estou me divertindo. Quando estou tendo um dia ruim mantenho a câmera no bolso.

Quais são suas três fotos favoritas que você mesmo tirou?
Não sei se sou um grande fã do meu próprio trabalho dessa maneira. Curto mais essa coisa da "obra como um todo".

Sério? Você nunca olha para o seu trabalho do passado?
Esses dias me deparei com uma caixa enorme cheia de fotos em grande formato que tirei quando estava na faculdade. Odiei ter achado essa caixa. Nem quero jogar fora agora porque alguém pode pegar do lixo -- preciso de um destruidor de papel. Honestamente, normalmente gosto dos meus trabalhos mais recentes. Sei lá, acho que consigo separar umas três fotos da minha obra pessoal. São essas fotos que estão em questão, certo?

Ah, beleza, mas eu estava falando de qualquer foto sua. Espera aí, quer dizer que você automaticamente gosta das suas fotos mais recentes?
Às vezes eu não tenho o melhor dos dias e não implico muito com isso, mas fico acordado pensando demais em todos os aspectos do que estou tentando atingir e como vou chegar "lá". Sério, amo as coisas do passado, mas talvez só tenha pegado o meu verdadeiro ritmo nos últimos dois anos e pouco. O fato de gostar do meu próprio trabalho é algo novo pra mim, na verdade.

O que mudou? Você atingiu um padrão que tinha estabelecido ou foi um momento inovador?
Acho que tudo foi muito orgânico, apesar de esse ser um termo que eu não curto muito. Não lembro de ter um momento EUREKA, mas conforme atualizo os meus portfólios e sites sinto que é cada vez mais difícil deixar as coisas velhas passarem porque elas não são tão velhas assim e ainda são boas, e acho que não esteja tão no topo da minha carreira assim.

Publicidade

Vamos falar de tópicos mais importantes: Você normalmente trabalha de casa. Quanto tempo você diria que passa trabalhando nu?
Não sou muito nudista, mas com certeza já negociei trabalhos grandes enquanto estava enrolado na toalha, por exemplo.

Isso já conta.
Bom, eu diria que 15 horas dentro de uma semana de trabalho de casa são enquanto estou de toalha. Realmente depende do que está acontecendo. Às vezes eu saio do banho, tem um monte de coisa acontecendo e fico tipo, OK, emails, Photoshop, editar, pagar contas… E de repente são três da tarde e eu ainda estou sentado de toalha, sabe? Meu cabelo não fica muito bem quando está comprido, então essa é minha maneira de expressar liberdade.

Ah, entendo disso. Já passei dias inteiros pelado ou só de toalha. Sem chefe = sem roupa!
Essa deveria ter sido minha resposta. Na verdade, é essa minha resposta.

Qual sua nacionalidade favorita?
?

… de comida!
Eu fiquei fritando o cérebro aqui pensando numa resposta engraçadinha. Mas agora estou tipo, "Ah, curto comida mexicana se estou na Califórnia e italiana se estou em Nova York. Essa é fácil". Mas comida mexicana em Nova York, pode ir tomar no cu.

OK, uma pergunta divertida: se você tivesse que escolher entre largar a fotografia (que você ama) ou comer coentro (que você odeia potencialmente mais do que qualquer outra coisa no mundo) todos os dias por um ano…
Então eu tenho que comer coentro pra manter meu ganha-pão e subsequentemente minha carreira?

Publicidade

Não sei se isso acaba se tornando sua alimentação ou um parte dela, mas até onde eu sei, isso não importa, porque segundo você, coentro estraga qualquer comida, não importa o quanto.
Pois é, só uma pitadinha pode acabar com um burrito pra mim, especialmente se é na última mordida. Espera, quer dizer, que escolha eu tenho? Porque eu estou sendo obrigado a escolher?

Porque é 2012 e os alienígenas estão aqui e eles estão fodendo a nossa vida com regras bizarras!
Esses alienígenas tem boas oportunidades de trabalho que eu possa explorar? E se eles tiverem outro tipo de hobby em que eu possa construir uma carreira e que eu faça muito bem?

Não rola.
Então eles não estão nem contratando, é o mesmo mercado de trabalho do que aqui, a fotografia é meu único meio de sobrevivência?

Ô meu Deus, então o seu plano é fazer pros alienígenas uma porrada de perguntas específicas até que eles desistam e deixem você ser fotógrafo?
Se você tá me dizendo que tudo que eu tenho que fazer é encher o saco desses alienígenas, então pode deixar comigo.

Eu acho que você já respondeu e seja o que for que eu tava tentando perguntar sobre a sua personalidade você já disse nesse exercício todo.
Eu realmente não gosto de coentro.

JOHN MCSWAIN VICE US
TRADUÇÃO POR EQUIPE VICE BR