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Música

Uns Nerds Ensinaram Computadores a Fazer Rap e Agora Todos Vamos Morrer

Eles podem ter as rimas, mas nós temos sentimento.

O hip-hop sempre teve uma ligação íntima com a tecnologia. Desde os toca-discos até o Auto-Tune, os computadores estão ao lado dos artistas participando de suas composições. Porém, os companheiros robóticos não conseguiam fazer rap. Até agora.

Um pesquisador da Universidade de Aalto, na Finlândia, chamado Eric Malmi, criou um algoritmo que ensina um computador a escrever seus próprios raps. Ao analisar as características de linhas de rap, o programa, que é chamado DeepBeat, pode tomar uma linha de rap e gerar uma linha de follow-up que mantém o assunto e corresponde ao padrão de rima da linha antes dele. Para fazer isso, Malmi juntou num banco de dados 10 mil letras de rap de 100 artistas diferentes e desenhou um algoritmo que analisa as características das linhas, digitalizando as rimas mais comuns do hip-hop (tipo rimar “yo” com “bro”).

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Usando esses dados, os pesquisadores fizeram algumas coisas. Primeiro, eles descobriram como classificar raps com base na "densidade de rimas", que é uma média do comprimento das rimas, baseado em sua quantidade de sílabas. Nesses padrões, que valorizam particularmente rimas multisilábicas, Inspectah Deck, Rakim, e o rapper finlandês Redrama foram considerados os rappers com as rimas mais densas (como observado pelo MIT Technology Review, Eminem, que é famoso por suas rimas intrincados, foi classificado relativamente baixo porque o algoritmo não leva em conta a forma como ele freqüentemente dobra rimas).

Os pesquisadores também testaram o algoritmo observando o quão precisamente ele pode prever a próxima linha de uma música quando recebe a primeira. Deu certo em 82% das vezes.

Porém, mais importante que isso, eles tinham que escrever o seu próprio rap. Para fazer isso, DeepBeat começou com uma linha do banco de dados e, em seguida foi digitalizando através do banco de dados para outra linha que rimasse e encaixasse o assunto. Em seguida, ele iria repetir o processo com base na linha que tinha puxado para cima e assim por diante. Por exemplo este aqui, com o tema “Amor” (em inglês):

For a chance at romance I would love to enhance

But everything I love has turned to a tedious task

One day we gonna have to leave our love in the past

I love my fans but no one ever puts a grasp

I love you momma I love my momma – I love you momma

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And I would love to have a thing like you on my team you take care

I love it when it’s sunny Sonny girl you could be my Cher

I’m in a love affair I can’t share it ain’t fair

Haha I’m just playin’ ladies you know I love you.

I know my love is true and I know you love me too

Girl I’m down for whatever cause my love is true

This one goes to my man old dirty one love we be swigging brew

My brother I love you Be encouraged man And just know

When you done let me know cause my love make you be like WHOA

If I can’t do it for the love then do it I won’t

All I know is I love you too much to walk away though

Impressionante né? E talvez você ache mais impressionante ainda o fato de cada linha ter sido tirada de um rap já existente. Além disso, o DeepBeat tem um ás na manga: os pesquisadores relatam que o programa é melhor em rimas do que um ser humano. "O DeepBeat supera os melhores rappers humanos em 21% em termos de duração e frequência das rimas nas letras produzidos", escreveram eles – o que seria ótimo se rap fosse só sobre rimas. Mas nesse mundo, o Papoose seria o maior rapper de todos os tempos e o Young Thug nunca iria existir. O que muito honestamente soa como uma máquina de fazer rap inventada por cientistas do mal. Imagine se esta tecnologia cai nas mãos erradas. É importante ressaltar que os computadores não têm sentimentos, e os sentimentos são o que faz música boa.

Então, devemos temer a chegada dos computadores no rap? Neste ponto, eles ainda precisam de intervenção humana, por isso, provavelmente não. Mas devemos temer um mundo em que eles estão escrevendo todos os raps? Sim, com certeza. Esse mundo seria um saco. Imagine ouvir músicas que são apenas uma aproximação algorítmica da realidade. Imaginem canções que são desenvolvidos através da realização de análise das condições socioeconômicas de um bairro e, em seguida, usando esses dados para descrever a vida lá. Imaginem canções que analisam legendas de Instagram e as liga em uma fórmula projetada para aproximar a emoção humana. Imagine o pior de tudo, um computador que só sabe escrever raps sobre suas instruções e sequências de inicialização. Todas estas coisas estão bem dentro do reino da possibilidade. Nós temos a tecnologia. Mas se há uma coisa que a ciência está no processo de nos ensinar, é que o computador nunca pode superar a vontade humana.