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Música

Tudo o que Tyler, The Creator Quer É que Você Acredite em si Mesmo

Estamos só em abril e Tyler Gregory Okonma já colocou o ano no bolso ao lançar um app, uma revista e ‘Cherry Bomb’, seu novo disco.
Ryan Bassil
London, GB

(via)

Em janeiro desse ano, Tyler, the Creator escreveu um monólogo na sua página de Facebook, no qual dizia, entre outras coisas: "Parem de ser assustadores e negativos", "larga essa porra desse beck e vai fazer o que você sabe que tem que fazer", e "pare de viver para esses idiotas todos". Foi um momento inspirador e, embora tenha sido erroneamente visto por alguns como uma demonstração demoníaca de autoconfiança, foi um dos posts de ajuda mais educacionais (e cheios de de palavras em caps lock e livres de gramática) que já vi. Usando as próprias experiências de Tyler como base, a lição principal a tirar do post era: você é capaz de fazer qualquer coisa, basta que seja determinado. Ou, nas eloquentes palavras dele: "NÃO EXISTE ISSO DE REGRA. FODAM-SE AS REGRAS. VAI BUSCAR AS TUAS PRÓPRIAS ASAS".

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Hoje – Tyler, The Creator está voando. Ele dirigiu seus próprios clipes, produziu sua própria série para o Adult Swim, gravou três discos inteiros e dois trabalhos em colaboração com o Odd Future, escreveu seu próprio filme, segundo consta trabalhou num clipe para o novo álbum do Kanye West, e ganhou "mais de um quarto de milhão de dólares só com meias", de seu próprio selo de roupas, o Golf Wang. E, desde que o Odd Future estourou em toda a sua glória e ousadia em 2009, tudo isso aconteceu nos termos do próprio Tyler.

Faz poucos dias ele chegou com tudo em 2015, acrescentando ao seu repertório cintilante o lançamento de um app, uma revista, e um disco novinho em folha, Cherry Bomb que acabou de sair. Está claro que Tyler, The Creator nunca esteve tão confortável fazendo seja lá o que caralhos Tyler, the Creator tem vontade de fazer. Putz, é só dar uma olhada nas roupas que ele usa no clipe de "Fucking Young / Perfect".

Eis aqui um cara que veste o que quer, mas sabe combinar cores.

São as próprias duas novas faixas que trazem os maiores sinais de um Tyler, The Creator que realmente se encontrou. Músicas de discos anteriores – "VCR" em Bastard; "Her" em Goblin; "Treehome", "Bimmer", e várias outras em Wolf – tendiam para um som mais instrumental, influenciado por coisas tipo In Search of, do NERD, Toro Y Moi, e um iPod com pouco hip-hop mas com jazz e soul até a tampa. E esses tijolos renderam um produto final ainda melhor com "Fucking Young / Perfect", uma faixa que não tem qualquer vergonha de ser o produto de todos os seus desejos e vontades mais insanos, e dos seus favoritos pessoais. Tenho vontade de me banhar em seus raios de sol. A segunda faixa, "Deathcamp" – lançada pelo novo app Golf Wang de Tyler – leva essa influência um pouco mais além, surgindo como o filho crescido da "Rockstar", do NERD. Ambas as faixas têm contribuições de Charlie Wilson, Chaz Bundick e Cole, do Black Lips.

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As duas servem como uma introdução ao seu quarto disco, Cherry Bomb – o qual, conta com a participação de Lil Wayne e Kanye West numa mesma música. Embora não fique claro se a sua narrativa dará continuidade ao conceito dos discos anteriores de Tyler, com uma quantidade incrível de diferentes camadas, diversos personagens e suas férias de verão e sessões de terapia, o novo clipe certamente deixa a possibilidade no ar. Vemos um Tyler (talvez seja o personagem Wolf) assistindo a um filme, estrelado por um outro Tyler (talvez Sam), e que talvez seja, se você quiser ir fundo na intertextualidade, o filme que ele planeja soltar em algum momento desse ano. Mais do que qualquer coisa, porém, é um outro clipe excelente dirigido pelo próprio (assista abaixo) – que não se parece com nada.

Há uma citação de Tyler, the Creator, da matéria de capa na The Fader do ano passado, que diz: "É tipo um museu, e eu agora sei como colocar nele a arte que eu quero", talvez fazendo referência ao seu disco, ou ao seu quarto, ou ao seu círculo, ou a sua vida. "Sei como ser um curador melhor" – e com base nesse gigantesco despejo de material de agora, isso não poderia ser mais verdade.

Tyler descobriu como passar de um garoto que cresceu ouvindo Pharrell e inventava seleções de músicos para shows, e tuitou sobre um sonho que teve de que Kanye West aparecia para cantar "Late" com ele, para, anos depois, fazer isso virar realidade. O Pharrell reformou o NERD e Kanye West cantou "Late" no Camp Flog Gnaw, um festival que Tyler idealizou, concretizou e do qual foi o anfitrião. Se você não acha esse tipo de coisa inspirador, então foi mal, sua alma está morta e seca.

Aqui, tó um balão.

Você pode encontrar o Ryan Bassil no Twitter: @RyanBassil

Tradução: Marcio Stockler