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Música

Trocamos uma Ideia com Givly Simons do Figueroas e Ainda Descolamos um Clipe Exclusivo

Givly Simons é a cara, a voz e o espírito do Figueroas, a lambada mais quente do próximo verão.

Todas as fotos por Felipe Larozza

O cabelo faz lembrar Zezé di Camargo em seus tempos áureos de “É o Amor”. A camisa de retalhos três botões abertas exibe um LOVE tatuado no peito. Calça apertada, nos pés chinelas de couro. Anéis, pulseiras, colar, relógio e um bigode meticulosamente cuidado e alisado diariamente no pente. Givly Simons é a cara, a voz e o espírito do Figueroas, a lambada mais quente do próximo verão. Resgatando a obra dos mestres da guitarrada, carimbó e lambada paraense sem aquele papo bosta de apropriação cultural, ele dá cara nova – com cara de coisa velha – ao som de mestres como Vieira, Curica, Solano, Manoel Cordeiro, Aldo Sena, Pinduca, Alípio Martins, Bartô Galeno, Chimbinha.

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Nascido na ensolarada Maceió com a alcunha sem graça de Gabriel Cavalcanti Passos, há apenas 21 anos, o nome artístico veio num sonho. “Quando eu tinha 11 anos sonhei com esse nome. Eu sonhei com uma caixa e tinha escrito esse nome ‘Givly Simons’ exatamente assim. Por muitos anos eu tive medo, mas aceitei”. Fã de Beatles, e com a maçã verde tatuada no antebraço esquerdo, foi roquista por um tempo tentando disfarçar sua alma romântica. No braço esquerdo ostenta, entre corações, a palavra BREGA.

“Montei banda de rock pra fazer um som anos 60, mas o pessoal não sacava o som anos 60. Aí eu descobri que tem o Arctic Monkeys e pensei: ‘vou tentar fazer um som na linha desses caras e falar que é influência deles’. Por marketing, sei lá, uma coisa muito errada, mas o cara com 16 anos não pensa. Eu falava que a banda era de indie rock, mas como as músicas eram todas minhas tinha só influência dos anos 60. A gente tirava foto com casaco de couro e era só pose porque eu vi que a parada vendia”, explica. Montou sua bandinha indie fake, virou fotógrafo, cinegrafista e teve até um breve flerte com o bem questionável coletivo Fora do Eixo.

Crescido no bairro humildo do Prado, conheceu a lambada nas ruas. “A primeira vez que cantei foi numa apresentação de Dia das Crianças do prédio, isso foi em 2001. A primeira que eu cantei foi ‘Loirinha’, que era da Banda Loirinha e na sequência eu cantei ‘Toque Toque DJ’”. Na lista de professores tem nomes importantes como o Kavernista Edy Star, que o apresentou muitos sons e seu primo Edson Wander, que entre outras coisas lhe ensinou a dar autógrafos.

A personagem Givly Simons foi crescendo com o bigode e mullet ao longo de quase dois anos. “Passei o ano de 2013 e 2014 isolado em casa só ouvindo música. Escrevendo, escrevendo muito. Foi aí que eu decidi o que eu quero fazer da minha vida. Eu quero o que eu sempre quis desde que eu era criança: eu quero ser cantor e é isso que eu vou fazer”. Como não toca guitarra, escrevia as linhas melódicas com a boca e gravava antes de entregar para os músicos. Para o nome buscou a referência fora do país. “Nessa época eu tava ouvindo um cara chamado Jesus Figueroa, que é um músico uruguaio. Ele lançou uns discos muito obscuros de rock e blues dos anos 70. Eu gosto muito dele e tem pouca coisa na internet”.

Para tornar real seu devaneio, chamou o tecladista e produtor Dinho Zampler, que toca com o cantor Wado, para dar corpo ao Figueroas. Há algumas semanas, os caras lançaram, pela Läjä Records do Mozine, um single com as canções “Melô do Jonas” e “Lambada Para Bangladesh” e uma capa com Givly dentro de um prato quente de sururu. E, com exclusividade para o Noisey, o Figueroas lança em primeira mão um clipe maravilhosamente foda para o melô que te deixa dançando por várias horas. Gravado no programa No Vinil Na TV, apresentado por Hugo Tupã e que leva a nata do brega brasileiro ao seu palco, Givly dança e manda um playback de responsa. Segundo o apresentador, o cantor já é sucesso e rendeu mais de 144 e-mails pedindo a volta do Figueroas. Então prepare-se para um dos maiores ôros do ano: