FYI.

This story is over 5 years old.

Música

Ouça 'AFDB2', Segunda Beat Tape do Tiago Frúgoli Só com Samples Brasileiros

O rapper e produtor paulistano lança o novo trabalho em limitadíssimas 25 fitas cassete.

Foto por Carla Arakaki Pare a sua vida por 14 minutos e ouça a nova beat tape do Tiago Frúgoli. AFDB2 é uma viagem do rapper e produtor pelo samba de Elton Medeiros, pela beleza musical da família Caymmi, e por toda uma gama de sons do Brasil malaco de 1970.

Membro atuante do BeatBrasilis, aquela reunião de beatmakers que já falamos aqui no Noisey, Frúgoli já está no rolê fazendo beats e rimas há uma década. Você pode ter ouvido o seu som sob o codinome Rump, ouvido suas produções na voz da Lurdez da Luz ou seus remixes para sons do Ogi e do Jamés Ventura.

Publicidade

AFDB2 ou A Fita de Batidas 2 é a segunda parte de um projeto em que Frúgoli sampleia música brasileira. O lançamento, em k7, será no sábado (28) na Casa Brasilis, onde serão vendidas as 25 fitas com AFBD2 de um lado e Fênix Negra Beat Tape, de 2009, do outro, além de dois beats bônus que não estarão disponíveis online. A versão online, inclusive, tem lançamento exclusivo no Noiseye você pode ouvir abaixo:

Noisey: AFDB2 é uma sequência da AFDB, mas a primeira beat tape tem 32 tracks e essa só 10. Por que você deu uma segurada agora?
Tiago Frúgoli: A primeira eu levei um ano fazendo. Resolvi pegar tudo o que tem de música brasileira da coleção dos meus pais e ouvir tudo. Na verdade fiz o dobro de beat do que tem lá. Fiz uns 80 beats e quando terminei filtrei o que era melhor. Nessa, como tô sampleando várias coisas diferentes, vi que estava indo na mesma direção, mas não com o mesmo volume. Achei que era legal soltar uma sequência porque eu já tava com um fluxo de trabalho diferente.

O que você buscou pra samplear agora?
É tudo música brasileira anos 70, ou quase tudo. Tudo relativamente conhecido, seja porque é carne de vaca mesmo ou seja porque é aquele disco raro que fica conhecido nos blogs.

O que mudou no processo de produção daquela pra essa?
A primeira eu fiz tudo na SP 404 e hoje eu tô trabalhando muito com o reason e principalmente com a MPC 2000. Já é um outro fluxo de trabalho, já tô sampleando de um jeito diferente, então achei que cabia fazer outra.

Publicidade

Mas teve um som que foi feito na SP 202, né?
Sim, “SP 282”. Essa foi feita nessa máquina. Pesquisa aí que você vai ver que é um sampler bem tosqueira. Ficou 282 porque tem a ver também com a minha idade, 28 anos.

É uma tortura pra trampar nela?
Nossa, cara. A 404 e a 303 tem sequenciadora, a 202 não tem. Você tem que fazer gravando em outro lugar. Ela sozinha nem faz nada, mas ela tem uma som legal. Pode ver que é o beat mais sujo.

O mote pra essa mixtape foi o Brasil dos anos 70?
Realmente eu tentei dialogar com essa linguagem e trazê-la mais pra onda que eu faço. Aproximando isso da música brasileira. Não que não tenha outras pessoas fazendo isso. Desde o D2 faz isso, o Elo da Corrente faz isso, o Brandão também faz isso de algum jeito. Acho que tenho um jeito diferente dialogando com essa parada dos beatmakers mesmo. Me inspiro em gente como Q-Tip, J. Dilla e Madlib até caras mais novos.

O que muda no processo de produção de uma beat tape como essa para um disco seu? Como você vira essa chave?
No Um Mundo Flutuante não importava tanto o processo de como fazer aquele beat. Se eu usasse teclado, cantasse, tocasse violão ou sampleasse o importante era chegar numa ideia final do que eu queria. Nesse trampo eu posso chegar em qualquer ideia final desde que o processo seja samplear música brasileira. O conceito é mais o processo e não o ponto de chegada. O ponto de chegada está mais aberto.

E dá pra esperar um terceiro volume dessas beat tapes?
Pretendo continuar fazendo essas beat tapes. Faço isso há 10 anos pra mim mesmo em casa. Acho que hoje em dia tem uma demanda maior também. Tem mais gente topando ouvir beat sem ser pra rimar. Se quiser rimar beleza também, mas tem mais gente aberta a ouvir os beats.

E essa pira de soltar em K7?
Tem uma memória afetiva da infância. É um formato analógico que não tá ligado a ideia de alta fidelidade que o vinil tá. Nada contra o vinil, mas você consegue lançar num formato que é analógico, que faz a pessoa ouvir o projeto do início ao fim, não dá pra pular de faixa e ao mesmo tempo não é com o som melhor. Não, o som não é melhor. É realmente para quem curte esse formato.

E qual foi o papo que você quis dar com essa beat tape?
Eu lanço pra energia circular. Lanço porque faço música. Independentemente de lançar ou não, eu tô fazendo. Faço porque fui inspirado pelos músicos dos anos 70 e pelos beatmakers dos anos 90 até hoje, faço inspirado por esse processo. E lanço na esperança de inspirar alguém a fazer outra coisa ou a simplesmente apreciar a arte. Não lanço tentando agradar as pessoas, mas eu espero que isso inspire alguém.

Siga o Tiago Frúgoli nas redes sociais Facebook | Twitter | Soundcloud | Bandcamp | YouTube