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Música

O Encontro do Ronnie Von com Os Haxixins Foi o Momento Mais Psicodélico da TV

Pela primeira vez na televisão, o cantor e apresentador cantou dois sons de sua fase lisérgica.

Reprodução do YouTube

Na última sexta (17), o programa Todo Seu, apresentado pelo Ronnie Von desde 2004, se prestou a comemorar os 71 anos do cantor e apresentador. Um dos presentes ao aniversariante foi uma participação d'Os Haxixins, banda psicodélica da Zona Leste de São Paulo. O grupo chegou direto de um portal dos anos 1960 com teclado Farfisa, baixo Rickenbacker e muita lisergia. O baixista do grupo, Edu Osmédio, define o momento: “Foi um Lindo Sonho Delirante que realizamos”.

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Claro que essa bela cena foi parar no YouTube. O vídeo de pouco mais de 13 minutos tem um mix de sabores que fogem à compreensão dimensional. É viagem mesmo. Cenário azul com prédios vetorizados, o piso cinza, o octeto com roupas vintages, um bongô carcomido e o Ronnie Von muito elegante com um lenco no bolso do paletó e visivelmente feliz. A banda ataca com um minuto de “Minha Gente Amiga”, do próprio Ronnie Von. “Eles pediram para fazermos uma intro de um minuto”, conta Osmédio.

Ronnie entra em cena e dispara, antes de mandarem juntos “Máquina Voadora”: “Só eles sabem tocar e eu jamais cantei isso publicamente em televisão”. A canção, feita por Ronnie para o seu avião, foi exibida pela primeira vez ao vivo na televisão brasileira. Juntos tocaram, como um presente ao aniversariante, “Espelhos Quebrados”, que segundo o cantor é sua canção mais querida. A apresentação é uma vingança do rock psicodélico à caretice, é uma volta ao tempo tipo flash back da pira de cogumelo, é uma das coisas mais maravilhosas que você verá na televisão brasileira.

Assista e chore:

O Ronnie Von era “O Príncipe” da Jovem Guarda, o pica das galáxias no final da década de 1970 . Era o galã maneiro de cabelos compridos que ditava tendência de moda e comportamento. Era o cara que os caras queriam ser e que as minas queriam pegar. Era o cantor de “A Praça”, aquela que toca na abertura d'A Praça É Nossa até hoje, era apresentador de televisão com O Pequeno Mundo de Ronnie Von, de 1966 e tem até certa importância na mudança de nome da banda Os Bruxos se tornar Os Mutantes.

Pedra filosofal na história da psicodelia brasileira, tio Ronnie gravou três álbuns que são uma viagens de ácido infinitamente coloridas e barulhentas. Em 1968 lançou um disco homônimo que já de cara dá a letra. A voz pastosa diz: “Olha, eu não sei de onde venho nem pra onde vou. Ninguém me escuta e nem sei quem sou. eu procurei meu caminho no vento, mas ele não soprou, então eu pedi ao mar uma trajetória, mas ele secou. Não importa, eu sou amigo do vento e do mar….”. O papo doido vai até que entram uma batera, um baixo, guitarra, metai e meia-lua dando uma fritada comportada.

No ano seguinte foi a vez do disco A Misteriosa Luta do Reino de Parassempre Contra o Império de Nunca Mais, que apesar de estar entre os psicodélicos, parece menos doidão, mas guarda pérolas como “Pare De Sonhar Com Estrelas Distantes”, que parece saída da capa do Sgt. Peppers, e “Regina e o Mar”. Em 1970 A Máquina Voadora Ronnie Von chega à lisergia de forma sublime. “O Verão Nos Chama” e “Cidade” são sons feitos com muito cigarrinho de artista na cabeça e ouros indescritíveis de sua carreira.

Reprodução do YouTube