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Música

O reencontro do Região Abissal foi uma viagem à primeira geração do rap brasileiro

Parte da programação do Pulso, projeto de residência artística da Red Bull, os pioneiros do rap nacional fizeram um show e ainda mostraram a primeira parte do documentário sobre o grupo.

Bafé, Kri, Guzula, Giba e Athalyba. Foto: Guilherme Santana/VICE

Alguns momentos são feitos só para você agradecer por vivê-los. A noite desta terça (26) no Red Bull Station foi um deles. O auditório ao lado do Terminal Bandeira, no centro de São Paulo, tornou-se um túnel do tempo que me levou de volta para o final dos anos 1980 (período em que eu e muitos que estavam na plateia éramos apenas crianças catarrentas), e foi também um retorno à primeira geração do rap com a homenagem ao Região Abissal.

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O evento que fez parte da programação do PULSO marcou a estreia do documentário Hip Rap Hop: Região Abissal — O primeiro disco de um grupo de rap nacional, produzido pela Red Bull e dirigido por Rafael Rocha. O trabalho se presta a contar uma das histórias menos faladas do rap e cumpre muito bem este papel com depoimentos de membros do grupo e também de personas históricas da cena como Sharylaine, uma das primeiras MC’s no Brasil, Thaíde, Nelson Triunfo, Ogi e Eliane Dias, empresária do Racionais e KL Jay, que também deu uma palestra antes da apresentação do Região Abissal.

O rolê, porém, foi bem mais simbólico, marcando a volta aos palcos, depois de 22 anos, do Região Abissal. Presenciar Athalyba, Guzula, Bafé, DJ Kri e DJ Giba no palco é uma das sensações que qualquer pessoa que se liga minimamente em rap merece ter. “Para nós é um marco importante. Fazer esse reencontro é legal por poder apresentar pra rapaziada que não teve oportunidade na época de conhecer a nossa proposta, que é uma proposta diferente”, explica DJ Kri.

Bafé, Athalyba e Guzula. "Foi o sistemão que me jogou na rua, na Praça da Sé". Foto: Guilherme Santana/VICE

Athalyba dá uma voltada no tempo para resgatar a sensação dos ensaios. “Quando eu cheguei lá e vi eles fazendo aquilo era um sonho. Os caras fazendo tudo certinho, a batida certa, a levada certa. Pra mim foi uma surpresa enorme e a gente pensou que tava inventando o negócio com as referências que a gente tinha.”

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A história do rap nacional, porém, não foi tão generosa com o grupo. Guzula conta. “Só quem é envolvido no meio black que sabia do nosso rolê”. Kri conta brevemente a trajetória do grupo até quase a avaporação do nome. “A gente fez esse trabalho e de repente ele teve um boom e desse boom veio o outro disco e do outro disco a gente se dispersou um pouco.”

O show definido como Guzula como o “desabrochar depois de 30 anos”,começou com “Política”, do Athalyba e a Firma, e que é rimada só com proparoxítonas. Na sequência ainda teve. “Litoral”, “Falo Gíria”, “Não Parem o Scratch”, “Sistemão” e “Feminina”, com a participação de Marcela Maita, que representou as duas ausências da noite. Ela é filha do tecladista Marcelo Maita, que não pode comparecer e sobrinha do finado Adilsinho, o quarto MC do Região.

Já não tão jovens, mas ainda inspiradores, o Região Abissal deixou o palco com a sensação de que será possível vê-los por aí novamente. Ficamos aqui na torcida.

Região Abissal. Foto: Guilherme Santana/VICE

Quer saber mais sobre o Hip Rap Hop? Dá uma lida nesse papo que tivemos com o DJ Kri no ano passado.

Assista aqui aos dois episódios do documentário:

Dá um ligo em como foi o show:

DJ Kri. Foto: Guilherme Santana/VICE

Athalyba. "De política em política. Foto: Guilherme Santana/VICE

Athalyba, Bafé e Guzula. "Eu vou pra onde? Pro litoral". Foto: Guilherme Santana/VICE

Clayton e Marcela Maita em "Feminina". Foto: Guilherme Santana/VICE

Guzula, seu cobiçado boné e seu cordão de $. Foto: Guilherme Santana/VICE

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