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Música

O novo álbum do Monkey Jhayam bebe na fonte do reggae britânico

Ouça na íntegra ‘Doizmilebud’, o segundo álbum do músico paulistano.

Foto por: Will Anjos

Depois da mixtape Independência ou Morte (2010) e do álbum Nascente (2014), Jean Marcus aka Monkey Jhayam está na área com o seu novo trabalho. Lançamento exclusivo do Noisey nesta quarta (27), Doizmiledub é fruto de uma parceria com o produtor cearense Márcio Felipe, o Dub Movement. “A maioria dos riddims [instrumentais] foram criados por Dub Movement”, conta MJ sobre o desenrolar da obra. “Tive muita liberdade na questão da edição, mapeamento e evolução dos arranjos. Trocamos muitos arquivos, mas tivemos a oportunidade de nos encontrar em estúdio uma só vez pessoalmente durante o processo de criação e desenvolvimento. Foi após uma apresentação juntos, abrindo pro seletor Aba Shanti em Fortaleza”. Todas as vozes e instrumentos complementares foram gravados do estúdio do músico, o Jungle Lord, o que conferiu uma liberdade de experimentação muito interessante ao repertório, somada à edição e mixagem afiadas do Yellow P. Colaboram também o pessoal do Studio Copan (Victor Rice) e do Rocky Studio, nos efeitos e dinâmicas.

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O disco, masterizado pelo francês Tsunami Wazahari, com arte gráfica de Thiago Tgui, apresenta oito músicas inéditas e suas versões dub. Tudo mixado em formato analógico. As principais influências que podem ser identificadas no som de Doizmiledub são da vertente reggae steppas. Podemos assinalar aqui o parentesco com expoentes nacionais como Radiola Dub, Dubalizer e Jahknomoh, e britânicos, como Dubkasm, Bush Chemists e King Earthquake. Além das plataformas digitais, o álbum também ganhou prensagem em CD e, em vinil, pela Vinil Lab. Na entrevista a seguir, Monkey Jhayam dá mais detalhes da empreitada. Ouça o disco enquanto lê a conversa.

Noisey: Este álbum teve um processo de concepção muito minucioso em estúdio ou foi algo mais solto? Você acha que o tratamento digital na mixagem é negativo para esse tipo de som?
Monkey Jhayam: A intenção de mixar com o Yellow P já foi a de buscar o formato de mixagem analógica. Foram intensas sessões de mixagem, nas quais cada sessão rendia de sete a dez mixes de cada faixa, material inédito que se encontra em arquivo. O que tornou o processo de audição e escolha das faixas que iriam para o CD bem difíceis. Sobre o tratamento digital, acredito que tudo depende do formato de trabalho de cada engenheiro. Tanto na mixtape como em vários outros registros, trabalhei com mixagem in box com tratamento digital e alcancei os resultados que pretendia alcançar. Vai muito da intenção, mas confesso que acompanhar uma sessão de mixagem no console da mesa, ao vivo e direto, é uma emoção incrível.

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Você tem uma mensagem espiritualizada ou política para passar com o seu projeto?
A música em si é a arte de expressar sentimentos. E depois que tive a oportunidade de conviver e trabalhar no movimento punk, na região do ABC de São Paulo, conquistei uma visão mais política da situação. Choque cultural que resultou na busca de conteúdos culturais e artísticos, somando pra um enriquecimento cultural e um novo ponto de vista em relação ao mundo. Depois do contato com a equipe Africa Mãe do Leão, tive acesso a traduções das letras das músicas que rolavam na seleção dos seletores Poor e Dan Clandesino, que traziam um forte conteúdo político e espiritual, de acordo com o que estava acontecendo na época na Jamaica. Me identifiquei muito com tudo que estava sendo dito ali. A partir daí, foi inevitável o estudo sobre nossas origens e raízes, o contato mais direto com a África e sua influência em toda a nossa história. O que me aproximou mais do movimento rastafari, possibilitando uma troca de informações e estudos baseados na história da humanidade e toda sua criação. Posso dizer que minha mensagem tem um conteúdo social, político e espiritual, focado em fortalecer o ser humano, trazer autoestima, coragem e empoderamento para enfrentar essa cultura de medo e opressão que nos foi imposta.

Foto por Alisson Louback

Você investe bastante no videoclipe para divulgar suas músicas nas redes. Acredita na força deste formato para levar a mensagem mais longe?
Acredito que esse contato audiovisual aproxima mais o cantor do público. É um processo de apropriação, identificação. Como se enxergar na proposta e se sentir parte integrante da poesia, da história, do acontecimento retratado. As redes sociais são importantes para difusão de boas ideias. Posso afirmar que 70% do meu trabalho é difundido por meio das redes sociais e isso possibilita chegarmos ao sul, ao norte, ao leste e oeste. O mais gratificante é chegar a esses lugares e confirmar o impacto das mensagens, perceber o poder de união que a mensagem/música tem, independente de classe social, religião, cor entre outras diferenças.

Os shows do Nascente acontecem em separado dos shows do Doizmiledub? Como você adequa ou mescla as apresentações?
Monkey Jhayam pode ser visto em variadas formas de apresentações. O primeiro é o Nascente, que acontece com suporte da Banda QG Imperial, geralmente atendendo a demanda de grandes festivais e SESCs, num formato ampliado, com time de sopros, dupla de guitarras, percussão, operador de efeitos, luz e P.A.; ou, num formato reduzido para bares e casas de shows menores com o time oficial do QG Imperial (Alemão, Jah Fyah, Ras Tael e Jah Kamp), sendo esse o foco de turnês independentes pelo Brasil todo. Outra possibilidade são as tradicionais sessões de toaster em Sistemas de Som profissionais Brasil afora, além de uma apresentação com DJ e MC, para pequenas contratações. O Doizmiledub é mais focado no circuito de sistemas de som, movimento crescente em nosso país. O formato de apresentação é Monkey Jhayam cantando, Yellow P na seleção e operação e Dub Movement na seleção.

Clique aqui+2015.rar) para baixar o álbum

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