FYI.

This story is over 5 years old.

Música

Eu vi a filarmônica real britânica tocar a trilha sonora do Pokémon na íntegra

É possível transformar melodias de 8-bits em sinfonias completas sem perder todo o seu charme lo-fi? A resposta é basicamente: sim.

Esta matéria foi originalmente publicada no Noisey UK.

Estou no Eventim Apollo, na zona oeste de Londres, cercada por mais de três mil fãs aos berros. Alguns estão quase chorando. Um casal grita: “AMO VOCÊS!”. Mas o alvo dessa torrente de emoção não é o One Direction ou mesmo os Foo Fighters. É a Orquestra Filarmônica Real Britânica — acompanhada da regente Susie Benchasil Seiter e do diretor criativo Jeron Moore — e eles estão prestes a tocar uma versão orquestrada de duas horas da trilha sonora dos jogos de Pokémon da Nintendo. É uma loucura.

Publicidade

Pokémon: Symphonic Evolutions cujo mascote é um Pikachu absurdamente fofo, de smoking e agitando uma batuta — excursionou pelos Estados Unidos por mais de um ano e chegou à Inglaterra. Os desavisados dirigindo por Hammersmith provavelmente presumiram que havia alguma convenção de anime por perto (ou simplesmente pensaram: “Que diabos?”) ao verem as legiões de gamers, de 16 a 50 anos, entrando no evento usando todo tipo de cosplay de Pokémon.

“Foi uma parte muito importante da minha infância, a música dos jogos — a música em 8 bits e o anime — e ouvi-la desse jeito, executada por uma orquestra completa, é algo que eu não poderia resistir”, explica Dave, que veio com um grupo de amigos e está fantasiado de Pikachu — se o Pikachu fosse um cientista excêntrico num filme do Steven Spielberg. “Pode ser muito emocionante, na verdade, porque você tem todas essas memórias ligadas a isso, então você ouve a música e isso traz de volta todas essas lembranças de você jogando, de muitos anos atrás, e tudo converge num sentimento muito poderoso.”

Dave

Dave não é o único a bordo do trem da nostalgia rumo a Kanto. A maioria das pessoas com quem converso joga os games desde a infância e trouxeram GameBoys — com que brincam antes do espetáculo começar e durante o intervalo — e bonecos de pelúcia de Pokémon. Obviamente, Pikachu é o mais popular (ok, confesso, trouxe um também), e vi uma mulher carregando um Magikarp tão gigante que devia ter seu próprio assento.

Publicidade

“Fui no Zelda, no Final Fantasy, no Video Games Live”, diz Chloe, de 24 anos, listando os concertos de música clássica a que assistiu anteriormente. Ela veio fantasiada do obscuro Meowstic e também carrega um boneco de pelúcia. “É simplesmente incrível”, ela explica. “Te leva totalmente de volta ao jogo, você lembra daquele momento, onde você estava, exatamente o que aconteceu, e música de orquestra é fantástica, e ouvir as suas trilhas sonoras favoritas tocadas por uma orquestra é sensacional.”

Chloe

Para ser justa com eles, é mesmo. Não me entenda errado, bater palmas polidamente por duas horas em um concerto sinfônico não é normalmente minha ideia de uma grande noite. Mas Pokémon: Symphonic Evolutions descarta toda a pretensão do clássico e é conduzido de um jeito tão irônico que é quase irresistível. Para começar, tem uma tela enorme acima da orquestra, mostrando vídeos de gameplay, e embora isso possa parecer tosco, ver as reações dos fãs mais ardorosos a essas filmagens é uma grande fonte entretenimento por si só. Havia uma onda visceral de antecipação na minha fileira quando o cursor apenas selecionava “começar novo jogo”, e algumas das caixas de diálogo — com suas traduções esquisitas do japonês para o inglês — causavam gargalhadas histéricas na plateia. A participação do público era ativamente encorajada, dos gritos e aplausos ao final de cada música até a cantoria no final, com a letra da música na tela.

Publicidade

Também, é claro, havia a música em si. É possível mesmo transformar melodias de 8 bits em sinfonias completas sem perder todo o seu charme lo-fi? Depois de vê-las orquestradas por Chad Seiter (baseado na música criada por Junichi Masuda) e tocadas por uma orquestra de 78 músicos, a resposta é basicamente: sim.

Até para o jogador mais durão de Pokémon, havia algo de muito comovente em ver 3.600 fãs, homens e mulheres, cantando o tema da série de TV no final (imagine um Apollo lotado cantando emocionadamente: “Pokémon, temos que pegar!”), especialmente em uma era pós-GamerGate. Para Beth, de 20 anos, que foi com alguns amigos, a experiência foi genuinamente emocionante. “Foi absolutamente incrível”, ela disse, com um sorriso enorme no rosto. “Me levou às lágrimas”. Todos nós choramos como Beth. Todos nós.

Siga a Karen no Twitter.

Tradução: Fernanda Botta

Siga o Noisey nas redes Facebook | Soundcloud | Twitter