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Música

O Disco Novo do Phillip Long Está Mais pra Smiths do que pra Dylan

Em seu nono álbum em quatro anos, o músico paulista abraça o rock dos anos 1980 e canaliza toda a sua urgência poética para a crítica social. Faça o streaming de ‘Zeitgeist’.

Foto por: Ciro Bertolucci

O músico paulista Phillip Long faz um tipo de folk que no começo era bem tradicional e que evoluiu para algo mais próximo do rock inglês oitentista. Ele está lançando nesta quarta (15) Zeitgeist, seu nono álbum em apenas quatro anos. O disco poderá ser baixado em todas as plataformas a partir de amanhã no site oficial do Phillip, mas o Noisey adianta nesta terça o download do disco pelo iTunes. A sonoridade ficou ainda mais Smiths do que no play anterior, A Blue Waltz, como você pode conferir no streaming do Deezer abaixo. Aos poucos, o purismo folk que definiu toda a trajetória dele até aqui deixa de ser o eixo principal e abre fissuras para novos experimentos.

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Phillip ficou conhecido por composições que geralmente falam de amor, frustrações, relacionamentos e outras questões pessoais. Em Zeitgeist, ele muda um pouco o foco para abordar os abismos sociais contemporâneos. A matéria-prima das canções propõe uma divagação sobre como lidamos com o que é diferente. Guerras ideológicas, segregação, falta de compaixão, culto à imagem, as consequências das novas formas de comunicação. Tudo isso surge em sua retórica poética e na arte gráfica do trabalho, assinada por Jocê Rodrigues e Ebbios Lima, invocando referências buscadas nos conceitos e histórias escritas por Bauman e Thoreau.

É certo que estamos diante de um feito que sinaliza uma nova fase na carreira do Phillip. Não só porque Zeitgeist inaugura a parceria do artista com o selo Grama Records, ou, porque agora ele decidiu que vai lançar “apenas” um disco por ano, mas pela razão de que este é o momento em que ele deixa de falar somente de si e passa a falar também do outro, a se colocar no lugar do outro. Isso pode parecer algo sutil, mas é aí que reside a inovação, já que inevitavelmente tornou a linguagem mais poderosa: a mensagem, o clima, tudo ficou mais forte e se potencializou.

Em entrevista ao Noisey, ele contou também que o processo de gravação foi intenso e levou muito mais tempo do que costumava levar nas realizações anteriores. Esse tempo extra para respirar, de fato, somou muito na construção da atmosfera.

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Noisey: Você é um artista conhecido por sua produtividade, lançando de dois a quatro álbuns ao correr de um ano. Por que esse sentido de urgência? Você é um cara desapegado?
Phillip Long: Eu sempre fui muito urgente na vida, em todos os aspectos, em especial na música porque carrego dentro de mim essa espécie de conexão operária. A música me mantém vivo, faz meu sangue circular, é assunto muito sério para mim e me tornei um trabalhador dessa causa. Sou extremamente apegado ao ritual de se fazer música, eu procuro por elas o tempo inteiro. Acho que tem muito a ver com olhar para a minha própria mortalidade. Quando olhei pra isso, percebi que tinha muita coisa pra fazer, muita coisa para acertar em mim. Então me dedico a tentar encontrar um espaço onde a fragilidade possa ir além, onde ser frágil e efêmero possa ser uma forma de me expandir. Quanto mais trabalho com música mais compreendo os caminhos para construí-las.

Você entende Zeitgeist como um álbum esperançoso, já que ele explora questões de um quadro social enfermo?
Creio que seja um álbum melancólico, mas ainda assim esperançoso. Acredito de verdade que toda essa guerra ideológica na qual estamos enfiados nesses dias vai acabar com a sociedade compreendendo que o caminho para a verdadeira igualdade não será através do ódio, da criação de novos apartheids sociais e doutrinários, e sim através do amor. Nós precisamos ser extremos em nome do amor e da proximidade. É isso que tento dizer no Zeitgeist, é assim que ele funciona pra mim. Então, no meu coração, é um disco de discurso e de esperança.

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Quais são as referências musicais mais presentes em todo o seu trabalho, e especialmente nesse novo álbum?
As principais referências do meu trabalho sempre foram do folk. Cresci ouvindo Dylan, Simon & Garfunkel e Neil Young, e isso afetou completamente a minha música, tem muito desses caras em tudo o que construí até aqui. No Zeitgeist o caminho é diferente, sentia que precisava expandir as coisas, estava buscando uma outra atmosfera. Já tinha feito muita coisa tendo como eixo principal o folk. Nesse novo disco os pilares referenciais são Smiths, Echo and the Bunnymen e Legião Urbana.

Este álbum chega anunciando a sua entrada em uma nova fase da carreira. O que mudou?
Recentemente assinei com um selo, o Grama Records, e isso ajudou bastante a minha estrutura de trabalho. Acho que as boas novas ficam por conta de que pela primeira vez vou excursionar com um disco, haverá uma turnê do Zeitgeist. Nos últimos eu me especializei em gravar discos e pouco levei minhas canções para respirar.

Faça o download de Zeitgeist no iTunes

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