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Música

Com o novo EP, ‘Pedro’, a Ombu está com a faca e o queijo nas mãos

O segundo trabalho oficial do trio paulistano de rock sussa homenageia um fã insistente e sai pelo império midiático indie Balaclava Records.

Foto por: Pedro Geraldo

Ano passado, a Ombu, trio paulistano de rock sussa, apostou as fichas que tinha num belíssimo EP de estreia chamado Mulher. Lançamos com exclusividade aqui no Noisey e o resultado foi tão bom que os caras acabaram no Noisey Global Mixtape de maio de 2015. Agora, as costas dos caras esquentaram tanto que vão lançar o Pedro, segundo EP oficial, pela Balaclava Records. “Na real, o grande lance é que tem um cara chamado Pedro que ficava pedindo direto pra gente lançar música nova, daí a gente lançou e colocou o nome dele pra ele ficar bem na good. Esse cara é mó figura, tá em todos os nossos shows e cobra sempre música nova”, explica João. Temos aqui a faixa “Calma”, uma prévia de Pedro, a ser lançado no próximo dia 24. Ouça abaixo:

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Apesar de já terem gravado com os mesmos produtores de Rancore e Gigante Animal, e serem ansiosamente aguardados em outras cidades do Sudeste (é o caso de Belo Horizonte, onde eles tocaram pra quase 150 pagantes, um recorde para aquele dia), João Viegas e Santiago Mazzoli não consideram a Ombu uma banda grande. Santiago acha que ainda vai levar um tempo pra sacar o que está acontecendo: “E vai demandar muito trabalho. Vai depender do quanto a gente for se entregando”. “Quando a gente estiver se bancando, vivendo disso, aí a gente pode se considerar uma banda grande” pondera João.

O fato é que a banda está se entregando cada vez mais para a música. Para gravar o Pedro, o entrosamento da banda foi maior e isso afetou diretamente o comprometimento da banda. João diz: “Nesse EP a gente estava mais à vontade, e eu pude meter o loco. No estúdio, eu estava me sentindo em casa”. “Muito desse conforto veio de como a gente foi recebido no estúdio Cavalo, que fez trampos muito finos, como o Onda do Alaska. Eles já conheciam a gente, tramparam de um jeito muito profissional, e rolou muito cuidado. É importante respeitar o tempo de gestação de casa música”, explica Santiago.

O conforto foi tanto que rolou até uma pós-produção. Algumas faixas contam com sintetizadores, uma linha de clarinete e até um coro de crianças. João diz que a ideia do coro foi do Popoto, o vocalista da banda gêmea Raça. Num papo rápido pelo Whatsapp, Popoto diz que a proposta foi puramente estética: “acho que lembra um pouco Circa Survive, que a gente ouvia muito há um tempo. Na verdade, as crianças fazem super parte do que o Santiago faz, então tudo acaba interagindo de uma maneira estética e conceitual”. Santiago ainda explicou a origem do coro: “eu faço parte de um coletivo que dá um suporte audiovisual a uma ocupação do centro chamada Hotel Cambridge. E desde o começo, as crianças de lá piravam em música. Daí quando sugeriram gravar crianças, eu já sabia onde elas estavam. Começou com 5 crianças, mas na hora de fazer o take oficial, já eram quinze. Foi muito louco. E encaixou muito bem”.

E por falar em banda gêmea, a Ombu e a Raça dividem seus integrantes. De seis amigos ao todo, três tocam nas duas bandas ao mesmo tempo. Eles dizem não haver contratempos, porque tudo é na base da amizade, então tudo sempre rola sem crise. As bandas compartilham até a grana que entra em caixa. Inclusive, eles tem a intenção de um dia juntar tudo num projeto só, que inclusive já tem identidade visual e até nome: Omça. Santiago defende que, na prática, tudo já está misturado: “A gente já tocou diversas vezes como Omça e, na verdade, ter as duas bandas faz a gente explorar sons da maior quantidade de formas possível. Trabalhar com as duas bandas juntas, dividindo caixa, planejando estrategicamente cada banda, e ainda por cima tendo todo mundo como amigo é uma sorte enorme e deixa a gente mais perto de concretizar o sonho de viver de música”.

Com viagem marcada para Porto Alegre e Caxias do Sul neste final de semana, Santi acredita que mostrar as caras em cantos distintos do país é importante: “No Sul os caras são muito agilizados. Estão começando um selo e as bandas são boas. Eles ofereceram um esquema muito bom pra gente, de 100% de bilheteria, estadia e alimentação. Esses esquemas são raros. Mas a gente tá dando um tiro no escuro porque a gente não sabe nada do sul. E vamo ver no que vai dar, acho que assim que as coisas acontecem”.

Independente dos planos pro futuro, com Pedro a Ombu se consolida concretamente como banda. Se com Mulher, um EP definido por João como “um ensaio gravado” já rendeu tantos resultados, com Pedro, o caminho pode ser mais frutífero, como acredita Santiago: “Acho que o maior desafio pra gente é nos reconhecer hoje e ter ciência da proporção das coisas e do que elas podem se tornar, tendo em mente a amizade e o som, independente do que vai acontecer no futuro. Uma coisa que o corre provou é que quem é tru, fica”.

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