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Música

Ei Não Salvo, Precisamos Falar Sobre Capoeiracore

A internet achou que havia reinventado a roda chamando um moshpit de capoeiracore, só que isso sempre existiu, e não tem nada a ver com a dança afro-brasileira.

Na segunda-feira (27) um vídeo publicado no Não Salvo deu o que falar nas redes sociais. A apresentação da banda de metalcore carioca Oceano do Caos foi chamada pelo blog de “capoeiracore”, e o post pedia explicações quanto aos movimentos do moshpit, por serem muito parecidos com os da dança tradicional afro-brasileira devido a seus chutes altos, voadoras e estrelinhas.

Bem, vamos começar dizendo que essa nomenclatura não existe, porque as classificações de hardcore se baseiam no jeito de tocar (o deathcore tem esse nome porque é um crossover de death com hardcore), e nem sequer há um berimbau no meio do “tupá-tupá”. Além do mais, esse jeito de dançar não é nem um pouco novo. Os moshpits sempre estiveram presentes nos shows de hardcore, desde os anos 80, com as rodas punks na Califórnia. Com a mistura do hardcore tradicional com outros subgêneros, a dança foi se modificando, mas a intenção sempre foi a mesma: se divertir violentamente com seus amiguinhos, sem de fato acertá-los, tipo um Gigantes do Ringue punk. Coisa de jovem, a gente entende. Veja um vídeo demonstrativo:

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Ricardo Carvalho, vocalista do Oceano do Caos, explicou pro Noisey que isso sempre rolou em eventos de hardcore extremo: “Isso é do estilo. Aqui no Brasil as bandas que agregam o moshpit não são tão conhecidas”. É claro que, para alguns, o passinho é alarmante, mas Ricardo tranquiliza: “Quando o evento é muito cheio sempre tem a galera que acha engraçado, que nunca viu. Mas com o tempo sempre acostumam e mó galera começa a moshar depois. Já vi muita gente rindo e debochando, mas dois meses depois estava fazendo [risos]”.

Segundo Ricardo, a Oceano do Caos é uma banda com um público cativo, que se diverte entre si e sempre evita qualquer treta, porém sempre rola um imprevisto: “Confusões acontecem, principalmente quando tem alguém que não conhece e acha que é briga, ou tenta entrar pra bater de verdade, mas isso pode rolar em qualquer evento porque tem gente que não gosta mesmo. Aqui no Rio esta cena é bem pequena e normalmente os shows são naquele mesmo lugar do vídeo, com a mesma galera, e B.O nunca deu não”.

Continua abaixo…

Na página do Não Salvo no Facebook, muitos fãs do gênero discorreram sobre o vídeo, tentando explicar as diferenças entre deathcore, metalcore, hardcore, etc. Só que mais importante que discutir nomenclaturas é fazer a denúncia: o vídeo que foi postado na página do Não Salvo foi reproduzido sem a devida autorização de seus criadores. “Alguém baixou o vídeo e repostou em algum canal aleatório e privado. A gente até não ligou, mas pô, muita gente viu o vídeo e seria bom se colocassem o nome da banda, um link original e tal. Já enviamos um e-mail solicitando a troca e eles disseram que vão trocar”, disse Ricardo.

Em resposta à reportagem, Cid, o editor do site, disse que a equipe “recebe mais de 3 mil e-mails por dia com sugestões de postagem” e que não podem “rastrear a origem de cada vídeo”, mas é questão de tempo até o original ser substituído. “Se responderam que vão trocar, vão trocar. Às vezes leva pouco mais de uma hora até o cache se atualizar”, explicou. O vídeo já foi substituído no site. Enquanto isso, vamos relembrar do que se trata a verdadeira capoeira hardcore: