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Música

O Vermelho e o Negro Segundo o Mars Red Sky

Com turnê marcada no Brasil nesta semana, a banda francesa conversou com a gente sobre o último disco, stoner rock e o “cárcere” no Rio de Janeiro.

Mars Red Sky curtindo um Rio de Janeiro em foto do Facebook da banda.

Não perguntei ao Julien Pras, vocalista do Mars Red Sky, se o nome da banda tinha algo a ver com sua terra natal — Bordeaux, cidade francesa daqueles vinhos tintos, vermelhos. Há uma certa saudade, contudo, escondida no título do segundo álbum do trio, Stranded in Arcadia, ou “Preso na Arcádia”, em português. O disco foi gravado na primeira turnê sul-americana do grupo, em 2013, durante uma semana em que a banda não podia sair do Brasil por causa de problemas com visto. Uma restrição que acabou se somando a uma prisão mental.

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“Eu estava com dificuldade de apreciar o lado bom da vida”, me disse Julian, por telefone, prestes a retornar ao Brasil para outra turnê. Segundo ele, a ansiedade que sentia à época está presente nas suas letras. Os vocais foram as únicas partes gravadas na França. Guitarra, bateria e baixo foram captadas no Rio de Janeiro no Superfuzz, estúdio do Gabriel Zander. O carioca, cativo nos bastidores da música independente, participou da gravação do álbum a pedido do Felipe Toscano — produtor e anfitrião do Mars Red Sky durante a primeira turnê sul-americana.

“A gente ficou uma semana no Rio, mas foi somente nos últimos quatro dias que fomos pro estúdio”, lembrou Julien. Esses dias foram mais que suficientes para conceber as oito longas faixas do álbum. Sem espaços vazios, as canções têm acordes suspensos em efeitos e distorções que reverberam sozinhas ou servem cama para solos enormes. Um peso fluído que está presente desde a formação da banda em 2007, segundo Julien. “Rapidamente a gente percebeu que queria algo simples, a base de riffs potentes e vocais em plano de fundo.”

A marretada psicodélica que sai das mãos do trio pode aproximá-lo ora do Tame Impala, ora do Queens of the Stone Age — pra não sair dos expoentes populares nessa pegada. Por isso mesmo Julien não se exime de rótulos como stoner rock, mas o líder do Mars Red Sky me disse que o som chiado deles tem mais nuances. “Tem um lado mais heavy metal e desenvolvemos sobretudo esse lado mais etéreo, mas a gente está mais orientado ao som de bandas como Electric Wizard e Sleep que a bandas como Queens of the Stone Age.”

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Fã do Black Sabbath e dos Mutantes, Julien sabe que é mais um no meio de um turbilhão nostálgico que sobrepõe artistas de tempo em tempo. O som deles não é uma volta apenas estética às referências antigas, mas também uma volta técnica. “Hoje existe um apreço por um som mais antigo. Uma música quase que orgânica, com faixas gravadas em fitas, materiais antigos, esse calor”, disse Julien. É quente mesmo. O clipe para a música “The Light Beyond”, faixa que abre o mais recente trabalho da banda, é um rolê abafado e delireante no deserto. Dá uma olhada na estreia exclusiva que rolou aqui no Noisey.

A música com certeza vai pintar nos palcos brasileiros pelos quais passa a banda nos próximos dias. O Mars Red Sky toca nas noites entre 27 e 31 de maio nas cidades de Porto Alegre, Santa Maria, Petrópolis, Rio de Janeiro e São Paulo. Julien disse que o grupo também vai tocar músicas do próximo disco na turnê. O Gabriel Zander vai ajudar na produção do terceiro álbum também, provando que a parceria inesperada deu mais que certo. O trabalho todo, no entanto, vai acontecer na França. Embora goste daqui, Julien não quer ficar pela arcádia de novo. “Dessa vez a gente volta pra casa na data certa!”

Mars Red Sky no Brasil

27/05 - Porto Alegre, no Signos Pub
28/05 - Santa Maria, no Boteco do Rosário
29/05 - Petrópolis, no Gypsy Bar
30/05 - Rio de Janeiro, no Rio Rock & Blues
31/05 - São Paulo, no Inferno Club

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