O doom pode seguir ou combinar diferentes escolas musicais, enquanto elas mantenham como linha pedagógica a definição básica de andamento arrastado e bases pesadonas. Dentro dessa vibe, o Saturndust, trio paulistano formado em 2010, se diferencia por produzir um som que tem fortes raízes no metal perturbador e introspectivo, mas que também acolhe em medidas precisas elementos da psicodelia, do stoner e do space rock. Não à toa, o pessoal por aí vem se referindo à banda como "space doom". O papo é que eles acabam de lançar seu auto-intitulado primeiro full-length.Para quem acompanha os caras desde os tempos do EP Sons of Water, de 2012, a expectativa era alta, já que eles atravessaram os dois últimos anos sem lançar conteúdo novo em razão de uma certa "fase negativa", tal qual anunciada no Bandcamp. "2013 não foi um bom ano pra mim", disse o guitarrista e vocalista Felipe Dalam. "Tive um problema de saúde muito ruim no começo. Aí a banda se firmou novamente com um baixista novo, voltamos a fazer shows, só que ele tinha uma personalidade diferente da nossa e a coisa não deu certo. Acabou que o play quase inteiro eu e o batera (Marlon) escrevemos sozinhos. Um lance meio confuso que levou um tempo, mas serviu até para amadurecer algumas ideias. Foi uma fase bem enigmática, mas no fim saiu tudo bem e foi até melhor assim", concluiu.
Em termos evolutivos, o salto foi grande. O álbum de estreia é bem superior, do ponto de vista técnico e de composição, em relação ao EP. Já a temática, como não poderia deixar de ser, inspira-se numa trip sci-fi em busca do desconhecido, mas que, metaforicamente, "pode muito bem ser uma viagem astral", segundo Dalam. "Estamos compondo de uma forma bem mais sincera e com uma perspectiva mais niilista nas letras, encontrando nossa personalidade". Passada a fase barra, o plano dos caras agora é sair em turnê e arranjar um selo para tentar prensar o álbum em vinil.
