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Música

O Jason Reece Joga pra Torcida: o Trail of Dead Volta às Raízes

Conversamos com o Jason Reece, membro fundador da banda, que contou sobre ser um multi-instrumentalista e tomar cogumelos em uma cabana no meio do mato.

A banda And You Will Know Us By The Trail Of Dead é punk no ethos e, às vezes, no estilo. Ainda assim, o AYWYUBTTYD é basicamente uma banda prog; sempre explorando e crescendo, mudando a cada disco e construindo em cima da base que foi deixada para trás. O grupo de Austin (que tem um acrônimo bem esquisito) nunca foi de fazer as coisas de uma forma especifica e é por isso que a notícia que eles vão fazer uma nova versão do álbum Source tags and Codes foi bem surpreendente. Com isso em mente, nós conversamos com o Jason Reece, membro fundador da banda, sobre as próximas datas da turnê, equilibrar necessidades de ser criativo versus a vontade de agradar os fãs e sobre como cogumelos são legais para escrever álbuns.

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Noisey: Sempre considerei o TOD como uma banda que está constantemente em evolução, quase uma sobrevivente de um certo modo…modelando lineups, trocando de selos e mudando de direção toda hora, etc. Então percebi que foi bem interessante a escolha de vocês de revisar o Source Tags And Codes. Qual foi a linha de pensamento por trás disso? Parece algo bem inédito vindo de vocês.

Jason Reece: Nós tendemos a fazer um monte de coisas só para nos agradar com uma banda, mudando coisas em cada álbum e isso acaba resultando nas pessoas recebendo coisas diferente a cada LP. A era do Source Codes And Tags e Worlds Apart conseguiu trazer uma boa quantidade de fãs e meio que marcou isso como o ponto alto para a banda. Eu sei que andam fazendo muito isso ultimamente, mas posso dizer como um fã que já vi turnês desse tipo e amei. Tipo quando o Public Enemy tocou o It Takes A Nation of Millions na integra e foi do caralho…eu amei demais.

O ponto é que nós queríamos dar para os fãs o que eles queriam. Nós marcamos uma turnê pequena de três datas na Austrália, deu tudo certo e as pessoas ficaram bem felizes. Mal posso esperar para fazer isso nos EUA, vai ser um dos dois sets toda noite.

Na minha opinião, músicos deveriam atender suas necessidades pessoais…seguindo uma musa, explorando um território que estão interessados, crescendo e expandido. Mas definitivamente existe uma linha tênue entre fazer isso e também garantir que os fãs fiquem contentes.

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Com certeza. Acho que ajuda muito colocar as coisas em perspectiva quando escuto os fãs dizendo “Ouvi esse álbum quando estava passando por uma fase difícil e realmente me ajudou.” Claro que minha música é importante para mim e para o Conrad, mas também é interessante ouvir dos fãs sobre as memórias que eles associaram com o álbum e o que ele significa para eles. É realmente bacana escutar que afetou pessoas de algum modo. Esse álbum representou isso para um monte de gente, então…

Eu vi vocês várias vezes durante os anos e a banda evoluiu de uma dupla para seis ou sete pessoas no palco, com dois bateristas, três guitarras, teclado e muito mais. Enquanto a formação evoluiu tanto nos últimos anos, parece que acabou ficando mesmo como um quarteto. Nós podemos esperar umas trocas de line-up durante essa turnê?

Hmmm, não sei. Temos que ver como isso vai transparecer. Talvez tenha alguns membros antigos tocando em uma música ou duas…você nunca sabe. Acontece. A coisa legal é que todas as pessoas que tocaram na banda ainda falam com a gente. Nós somos amigos e nem teve rancor, só foram pessoas que saíram para fazer outras coisas. Isso sempre foi um escape para mim e para o Conrad e nós não ficamos muito longe disso. Sei que isso soa bem maluco de nós fazermos isso com 50 anos de idade, mas pode acontecer. Não vejo a gente parando em breve.

Tem alguma banda que fizeram isso que você admira? Bandas que foram lá, seguraram a bronca e continuaram na ativa durante todos esses anos.

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Flaming Lips. Neil Young. Wire. Swans. Tem um monte de pessoas talentosas que seguiram em frente. Talvez não sejam a última novidade do momento, ou o último álbum deles não foi o melhor, mas tem uma coisa fantástica nisso aí. Sinto que estamos seguindo essa tradição.

O Sonic Youth, talvez?

Sim. Eles tiveram uma carreira gigante com muitos e muitos álbuns muitos vastos e expansivos. Talvez não fossem os melhores nas relações pessoais, mas eles sempre faziam coisas novas.

Voltando à formação, uma coisa que sempre achei interessante é assistir você e o Conrad trocar de instrumentos no palco de acordo com o arranjo da música. Qual é o instrumento que você identifica como o primário?

Eu me sinto bastante como um baterista. Tem alguma parada na bateria que faz parte da minha criação. Mas eu nunca estive tão confortável com a guitarra que nem estou nesse momento. É engraçado como as pessoas ligam para essas coisas…não me parece tão raro um músico pular de instrumento para instrumento.

Penso na perspectiva de um músico, que é alguém que passou anos e anos estudando sua técnica para chegar em um ponto que possibilita construir uma carreira em cima disso, é fascinante pensar em alguém que consegue pular habilmente e fazer todas essas partes muito bem.

Justo. Eu realmente acho que vários bons exemplos de pessoas que conseguem pular de instrumento para instrumento… Dave Grohl, o Josh do Queens of the Stone Age ou o Prince.

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Sobre ser um multi-instrumentalista… Você acha que ao entender mais sobre baterias te ajuda ao escrever as partes das guitarras e vice versa?

Definitivamente. Eu penso na totalidade da música e como tudo isso soaria junto. Acho que penso qual tipo de bateria que ficaria melhor com algum tipo de riff que estou trabalhando, então é quase como escrever duas coisas de uma vez só. Quando construímos desse jeito, entramos com os detalhes depois. Isso definitivamente é um fator importante.

O Conrad está no Camboja e você em Austin. Como é a dinâmica criativa entre vocês? E como isso funcionou?

Nós passamos horas, tipo duas vezes por semana, em Austin escrevendo umas coisas que gostamos. Não importa quanto tempo ficamos separados, nós nos conhecemos há tanto tempo que tem um ponto a que podemos retomar sempre que nos vemos. Nós fizemos uma sessão de composição recentemente em uma cabana no meio da floresta: trouxemos nosso equipamento, tomamos uma porrada de cogumelos e mandamos bala. Nós tentamos dar uma pirada e nos divertir enquanto gravamos tudo.

Então esse escape foi só para você e o Conrad? Ou foi para todos os quatro?

Foi para os quatro. Senti que estávamos muito confortáveis musicalmente entre nós e todos tínhamos um objetivo de criar um álbum do Trail Of Dead, que é uma definição que muda constantemente. Todo mundo tem um objetivo em comum para criar um álbum que é legal de escutar, para a gente pelo menos.

Sendo uma banda na ativa que está lançando álbuns e está na estrada por quase 20 anos, como você consegue deixar tudo interessante e puro, não caindo na cilada da banda acabar se tornando um trabalho monótono? Isso vem da distância e de todo mundo trazer uma perspectiva mais nova?

Acredito que o espaço ajuda depois do stress que é gravar um álbum, sair em turnê e ficar um tempão juntos. Acho que também é importante quebrar as coisas para deixar tudo mais interessante, fazer turnês possíveis e ir para lugares que são importantes para a banda tanto pessoalmente quanto profissionalmente.

E o próximo LP…rola de dar uma palinha pra gente sobre ele?

Nós pensamos em um conceito para o álbum, mas quando a gente se encontrou nós demos uma desencanada na ideia e optamos em apenas fazer um som juntos. Sobre o álbum, nós conversamos e percebemos que estamos escutando muito Krautrock e bandas como The War on Drugs, Godspeed e Mike Oldfield e assim decidimos nos afastar um pouco da direção punk que o último LP tomou. Então o material é vasto e expansivo, tipo o Swans ou algo do tipo, mas menos atmosférico e mais, tipo, canções.