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Música

O Fat Mike do NOFX Leva Um Estilo de Vida Sadomasoquista

Mike é um convicto simpatizante da comunidade BDSM, mantém um calabouço faz 20 anos, e é muito orgulhoso disso. Tá pouco de punk?

Fat Mike se submetendo a Soma Snakeoil, sua namorada dominatrix. Foto por Magdalena Wosinska.

O NOFX já é uma banda há mais de 30 anos, o que quer dizer que, se nossos dados demográficos estão corretos, a banda é mais velha que você. Isso significa que você deve tratá-los com o respeito que eles merecem, e não ficar olhando esquisito só porque eles curtem sadomasoquismo.

Eu ia fazer uma entrevista com o Fat Mike sobre música, mas toda vez que pedi dicas a alguém sobre o que falar com ele, todos disseram a mesma coisa: S&M. Acontece que Mike é um convicto simpatizante da comunidade BDSM, mantém um calabouço faz 20 anos, e é muito orgulhoso disso. E isso é punk rock pra caralho, se você quer saber o que eu acho.

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Antes de ler a cintilante entrevista com Fat Mike, aperte aquele botãozinho laranja ali embaixo. Seu computador irá magicamente tocar uma exclusiva de “Ronnie & Mags”, e é garantido que você vai adorar. Você pode encomendar o sete polegadas bem aqui.

Noisey: Olá, é o Mike?
Fat Mike: Sim, cara, e aí como vai?

Ótimo. Estou muito feliz de falar contigo. Sou fã da banda desde garoto, vi vocês na Warped Tour lá no fim dos anos noventa.
Que legal! Então é uma entrevista amigável. [Rindo]

É cara, sem resenhas ruins. Então, eu estava pensando sobre o que conversar com você, e todo mundo me disse “fale com ele sobre S&M!”. Por que todo mundo quer que eu fale contigo sobre bondage? Você está nessa de cabeça? Curte muito?
Bem, é meu estilo de vida. Você poderia chegar para um gay e dizer “você curte muito ser gay, não curte?”. Não estou dizendo que você nasça com isso, mas a primeira coisa pra qual bati punheta foi definitivamente algo violento. Fiz isso minha vida toda, e agora que me divorciei estou morando com uma dominatrix. Não vivemos esse estilo em 24 horas por dia, 7 dias por semana, como algumas pessoas, porque temos filhos. Mas é nosso estilo de vida.

Você já se sentiu desconfortável com esse “estilo de vida” ou sempre se orgulhou?
Sempre me interessei. Quando estava na faculdade minha optativa foi Sexualidade Humana. Ser um terapeuta sexual é algo que eu cogitava se a música não desse certo. Eu nunca tive o hábito de ir a festas BDSM e esse tipo de coisa até que comecei a sair com minha namorada atual. Agora sou um orgulhoso pervertido de carteirinha. Nem sempre fui aberto sobre isso, mas sempre senti que era uma sorte ter algo na vida pela qual eu era apaixonado. Acho que a maioria das pessoas não se sente assim em relação ao sexo. Mas sim, eu tive um calabouço em casa pelos últimos 20 anos.

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Uau, você mora no mesmo lugar há 20 anos?
Não. Morei em vários lugares diferentes e construí um calabouço em todos eles.

Espera aí, então você construiu um calabouço em todos os lugares em que morou por 20 anos? Quanto de trabalho isso dá? Qual é o processo?Quer dizer, não é como se você pegasse uma escavadeira e cavasse um buraco sob a sua casa ou algo assim. Em uma das casas era uma sala nos fundos na época da proibição do álcool – tinha uma porta secreta, o que era perfeito. O que eu e minha namorada temos agora no centro de Los Angeles é um apartamento tipo loft. É simplesmente um grande estúdio, de uns 50 metros quadrados. É onde colocamos todas as nossas coisas.

Estamos falando de paredes de pedra?
Não, é uma construção de tijolos. Com paredes e paredes de brinquedos e equipamentos.

Isso é muito foda, cara. Acho que estou com inveja! Você tem algum envolvimento com comunidades e simpatizantes? Esses grupos são mal vistos?
Totalmente. Tanto eu quanto minha namorada somos como missionários. Acho que o assunto deveria ser falado. Deveria ser tratado de forma aberta, porque as pessoas não aproveitam seus desejos o suficiente. Você pode fazer o que diabos quiser, desde que seja consensual. Você tem que viver suas fantasias e não se envergonhar disso. É injusto, porque as comunidades transgênero, bissexual, gay e lésbica todos têm seus grupos. Estão todos unidos. Todos são considerados uma categoria ou uma minoria sexual. Todos fazem lobby juntos e a comunidade BDSM nunca é convidada. [Risos] E sim, existe uma grande comunidade e minha namorada é uma grande representante dela. Ela dá aulas a é muito proeminente nessa comunidade. A sociedade realmente não aceita o BDSM e de fato ele é mal visto.

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NOFX.

Você tem razão – várias letras vão sendo acrescentadas a LGBTQIA, mas o BDSM provavelmente nunca entrará no jogo. É algo que te incomoda?
Um pouco, mas isso também deixa as coisas mais divertidas. É como ser um punk rocker. Eu fui um punk rocker minha vida toda. Nada que eu faço é aceito pela sociedade. Sou um usuário de drogas, um punk rocker e um sadomasoquista. Nós não seremos incorporados ao LGBTQIA porque nosso estilo de vida não é considerado genético. É mais uma escolha.

Houve um caso na Europa há uns 15 anos atrás para o qual eu cheguei a doar uma grana. Foi chamado de Caso Spanner. Quatro homens estavam praticando BDSM no porão e fazendo coisas bem pesadas, furando o pau e esse tipo de coisa. O vídeo foi publicado e eles foram processados por algo que estavam fazendo na privacidade de suas casas. Foram levados ao tribunal e condenados a oito anos de cana. O caso foi para a Suprema Corte e eles não derrubaram a decisão. Foi para a Suprema Corte Europeia e eles também não derrubaram. Então aqueles quatro caras cumpriram pena basicamente por furarem os pintos uns dos outros na privacidade de suas casas.

Putz que merda.
Quando as coisas chegam nesse nível, há um problema. Existem muitas dominatrix que perderam a guarda dos filhos por causa daquilo que fazem em seu tempo privado. Isso é visto como uma conduta sexual depravada. Mas nós estamos apenas fazendo sexo mais quente do que todo mundo, sabe como é! [Risos]

Siga o Benjamin no Twitter: @b_shap

Tradução: Stan Molina