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Música

Metal em Prol do Nepal: Como os Metaleiros Estão Ajudando os Sobreviventes do Terremoto

Com shows e compilações, os metaleiros do mundo inteiro estão fazendo o que um pensador chamaria de "fazer o bem sem olhar a quem".

Crédito: Metal for Nepal

Em 25 de abril de 2015, a pequena nação himalaia do Nepal sofreu com um terremoto gigantesco que deixou o país de joelhos. Mais de 8.000 pessoas morreram, 17.000 foram feridas e centenas de milhares de casas foram completamente destruídas. Enquanto os nepaleses começaram aos poucos a reconstruírem suas vidas, outro enorme golpe veio poucas semanas depois. O dia 12 de maio trouxe um tremor secundário que chegou a 7.3 na escala Richter e abalou a Terra, matando 117 pessoas e ferindo mais de 2.500. 17 almas foram perdidas na Índia, tantas outras no Tibete, e oito soldados – seis norte-americanos, dois nepaleses – em uma missão humanitária no centro do Nepal perderam suas vidas em um acidente de helicóptero. A contagem de mortos só aumenta, e as piras funerárias às margens do Rio Bagmati seguem queimando. Agora que o silêncio voltou às ruínas de Kathmandu, o processo de cura voltou à vida. Organizações humanitárias ao redor do mundo entraram em ação, incluindo uma com metodologia muito específica – Metal For Nepal.

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A comunidade metálica dá apoio aos seus; incontáveis bandas fizeram shows beneficentes, leilões e outras empreitadas caridosas para ajudar irmãos e irmãs em tempos de necessidade, e esse instinto tribal é parte do que faz o metal tão bacana. O escopo do Metal For Nepal é mais amplo, mas deriva deste mesmo impulso altruísta. Como dito pelo fundador do projeto, Randy, suíço também vocalista do Voice of Ruin via e-mail ao Noisey, “o motivo pelo qual escolhi o metal é porque sou fã do gênero e tenho muito conhecimento, experiência e amigos nesta comunidade. Já recebi mais de cem inscrições de bandas de metal – pense em quantas mais conseguiria se houvesse ampliado o conceito para outros gêneros. Este projeto também é benéfico para a comunidade metálica pois, com uma causa como esta, a mídia foi obrigada a falar do estilo e provar para o público que metal não é coisa ruim. Por exemplo, um artigo foi publicado sobre nós na capa de um dos maiores jornais suíços!”

Metal For Nepal é o primeiro projeto humanitário de Randy, mas ele se sentiu atraído a criá-lo assim que ouviu falar da tragédia. “Eu sabia que tinha que fazer algo para ajudar diretamente. Me senti especialmente envolvido com isso porque visitei o país e tenho amigos lá. Além disso, o desastre aconteceu uma semana depois que minha banda Voice of Ruin voltou de uma turnê com o Underside, do Nepal”, explica. “Tive a ideia de organizar um show beneficente, daí percebi que poderia fazer mais; então veio o conceito da turnê. Lancei a página no Facebook e escrevi uma mensagem na minha página explicando o projeto. Em menos de 24 horas, recebi 200 e-mails e a página já tinha mais de 2000 seguidores! Nunca achei que esse projeto, mas é reconfortante porque prova que a raça humana ainda tem um coração e sabe como se unir quando é preciso. Também mostra para um público mais amplo que a comunidade do metal não é violenta, imbecil ou racista”.

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Flyer de Bill Dozer

Agora o Metal for Nepal se estabeleceu pelo mundo. O Kyng acabou de ser o headliner no show em Los Angeles na semana passada, e no próximo mês, o The Acheron, no Brooklyn, será palco de um show do projeto no dia 15 de julho com participação das bandas locais Tiger Flowers e Skullshitter, além do Sangharsha, banda de hardcore do Queens com integrantes de descendência nepalesa, e a banda de brutal black/death metal BruteMukti, também de descendência nepalesa.

Todos os lucros destes shows e da turnê Metal for Nepal irão diretamente para a No Silence For Nepal, associação humanitária com sede no país com o objetivo de coletar fundos e recursos para os vilarejos afetados. A associação foi criada por amigos de Randy que tocam em bandas de metal (Enigmatik e Underside), e já obteve algum progresso. “Eles já ajudaram muitos vilarejos com comida, abrigo e outras coisas mais”, afirmou Randy. “Eles continuarão a apoiar a reconstrução do país no longo prazo. Já foram planejados orçamentos para construção de casas e visitas de arquitetos voluntários suíços.”

Graças à Nepal Earthquake Relief Compilation — nova coletânea beneficente disponível no Bandcamp – quem mora em regiões fora do escopo geográfico do Metal for Nepal pode dar seu apoio também. A coletânea digital conta com 18 faixas de bandas de metal nepalesas (e bandas com integrantes nepaleses dos EUA e Reino Unido), e seus lucros beneficiarão uma série de organizações humanitárias, incluindo a Jai Nepal Youth Group.

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Como dito pelos criadores da coletânea, “se você mora no Nepal ou em outros países, não há nepalês que não tenha sido abalado por esta tragédia. As pessoas perderam seus entes queridos, seus lares e sua segurança. A maioria segue de luto sob o céu aberto, sem um teto para lhes abrigar. Por mais que construtoras e comunidades locais estejam trabalhando incansavelmente para resgatar e fornecer auxílio imediato às vítimas, a estrada para a recuperação é longa. Esta coletânea é um tributo à resiliência e força do povo nepalês, bem como um esforço colaborativo das bandas mais influentes do Nepal para retribuir ao seu país que lhes deu tanto. Os lucros da venda deste disco serão doados para organizações que buscam soluções de longo termo para abrigo e reabilitação das comunidades nos distritos mais afetados do Nepal.”

Show beneficente do Metal For Nepal na Suíça / Crédito: Metal For Nepal

Kim Kelly estará no show beneficente do Metal For Nepal no The Acheron e você deveria também. Por ora, ela segue no Twitter - @grimkim

Tradução: Thiago “Índio” Silva