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Música

Amar é bom demais no novo disco do Lê Almeida, 'Mantra Happening'

Odeie seu ódio, ame o amor.

Foto por Isabela de Sousa.

Dizem que dor de amor só se cura com um novo amor. Você se lembra que ano passado o Lê Almeida tava chorando as pitangas de um fim de relacionamento no Paraleloplasmos? Pois bem, agora parece que o jogo virou. Doze meses depois, Lê está namorando de novo, bem menos tristonho e muito mais esperançoso no futuro. E é claro que temos um lançamento pra registrar esse momento: trata-se do Mantra Happening, disponibilizado nesta sexta (11), aqui no Noisey.

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Gravado em fita cassete e ao vivo no escritório — com muito improviso e libertação espiritual – entre outubro de 2015 e janeiro deste ano, o Mantra Happening é um marco na história de Lê, João, Bigu e Joab. Agora, além da estética lo-fi de sempre, estes cariocas estão experimentando outras vibrações, por assim dizer: “Andei ouvindo muito Fela Kuti e passei assimilar todas aquelas faixas enormes”, conta Lê. Pois é, desde “Fuck The New School”, de quase 15 minutos, eles já davam indícios de que passavam por mudanças. O som, hoje um space-rock muito mais amadurecido, tem um lado hipnótico e transcendental bastante forte.

Além disso, a intenção do Mantra também parece diferente dos discos anteriores. “Pra gente é uma nova era no som. Até o final desse ano eu quero me aperfeiçoar em gravar cada vez melhor e de um modo único”. E não pense você que eu usei a palavra transcendental à toa. Lê me contou via WhatsApp que está mais espiritualizado, e isso se reflete nas músicas: “Meu nível de otimismo é outro nos dias de hoje. Acredito demais que as coisas só vão melhorar se a gente acreditar e botar fé”.

Nessa onda, ele aproveitou pra explicar de onde vem tanto otimismo: “Tem muito a ver com o meu relacionamento com algumas pessoas, minha vó e o Bigú. É como se eu fosse pegando poucas coisas que essas pessoas falavam pra mim e fosse jogando de volta nelas de outra forma”. Esta forma talvez se mostre na repetição ad infinitum de algumas frases nas faixas, dando a impressão de uma cantiga de roda ou uma canção de lavadeira, daquelas que de tanto repetir fixam-se na cabeça e fazem você entrar em transe.

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O melhor momento para aproveitar o disco, segundo Lê, é a noite: “Ao vivo ele tem uma onda de ser um show completo com abertura-baladinha-rockão-mantra do adeus. Eu penso muito na gente tocando ele em uns bailes de rock pelo interior, na madruga”. Se você estiver sozinho em casa, curta o som em autofalantes separados, mas se seu vizinho preza pelo silêncio, aprecie em fones de ouvido de qualidade: “Quando eu mixei essas fitas eu comi um cookie e fiquei um domingo inteiro jogando tudo de um lado pro outro, zuando os pitch, mas de modo orquestrado” confessa Lê.

Aliás, os caras estão tão empolgados com esta nova fase que desenvolveram um método para curtir legal o rolê. Trata-se do Guia para Consumo Consciente do Space Cookie, que você vê em algum lugar desta matéria. Ele virá no encarte dos discos, que serão vendidos no show de lançamento do Mantra Happening, na próxima sexta (18), no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo. “A gente criou esse manual baseado nas nossas ondas e também nas experiências com a galera que já desmaiou e achou que ia morrer. Seguindo aí não tem erro”. Da última vez que eu comi um desse, uni um casal em matrimônio no metrô. Juro. É por isso que, assim como Lê Almeida e seus amigos, acredito que amar é demais.

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