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Música

Lemmy Kilmister está vivo, mora no Brasil e é DJ em festivais de sertanejo

O jovem curitibano de 23 anos ganhou o nome da lenda do metal graças a pais aficionados por Motörhead e hoje ganha a vida botando som pras mais ecléticas plateias.

Divulgação.

Lemmy is God” é uma frase que qualquer metaleiro que se preze, entende. O líder do Motorhead, morto em dezembro passado, era o símbolo do verdadeiro rock'n'roll: álcool, mulheres e atitude. Com a distorção no máximo, os acordes saíam do baixo de Lemmy para agitar cabeleiras mundo afora. Por tudo isso é que foi de arregalar os olhos o anúncio de que Lemmy Kilmister estaria no comando das picapes do Curitiba Country Festival, animando 30 mil fãs de Zezé di Camargo & Luciano, Michel Teló e outros.

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Um caso igual ao “Elvis não morreu”? Nada disso. Lemmy Kilmister Camargo Costa tem 23 anos e uma grande responsabilidade: carregar o nome de uma verdadeira entidade do rock. Nascido em Curitiba, o Lemmy brasileiro começou a se destacar num mercado que talvez causasse horror ao seu xará: hip-hop, techno, house… e caiu no mundo do sertanejo. Para saber quem é, o que faz e do que se alimenta Lemmy Kilmister Camargo Costa, trocamos uma ideia com ele:

Arquivo pessoal.

NOISEY: Lemmy Kilmister: como seus pais escolheram esse nome pra você? Como era na escola?
Lemmy Kilmister: Meu pais se conheceram muito jovens, minha mãe com 16 anos e meu pai 17. Meu pai já era músico, tem uma banda cover de heavy metal, e minha mãe gostava muito de rock também. Como meu pai é baixista e fã do Lemmy, tiveram a ideia da homenagem. Na escola era tranquilo, só tinha que repetir [meu nome] algumas vezes para as pessoas entenderem! (risos). Quando eu falava Kilmister… ai sim impactava!

Você descobriu quem era seu xará quando e como?
Eu sempre soube, meus pais sempre deixaram claro pra mim, para eu ter a noção que carrego um nome de uma lenda do rock. E isso merece respeito, coisa que sempre tive e tenho.

Você ouve Motorhead? Quais seus discos favoritos?
Ouço muito! Quando não estou tocando, ouço só rock e suas vertentes. Meus discos favoritos são Ace of Spades e Overkill, são os clássicos do Motörhead.

…e de repente você está tocando para um público do Sertanejo! Como é isso?
Uma experiência no mínimo desafiadora, levar um estilo de música diferente pra eles e que com propriedade falo que agradou, me receberam muito bem! Meu estilo é o Open Format. Durante minhas apresentações eu passeio entre o hip-hop, funk, pop e house music.

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O que você acha que o Lemmy falaria pra você sobre tocar nesses festivais?
Ah, cara… difícil dizer. Meu trabalho é levar música para as pessoas e consequentemente alegria! Eu acho que ele ia levar de uma forma boa, afinal música é uma linguagem universal.

Como você virou DJ? Nunca pensou em tocar algum instrumento?
Venho de uma família de músicos, acompanhava meu pai nas passagens de som em alguns shows. Ficava junto à House Mix [engenharia de som] admirando todos aqueles botões. Então fui atrás para aprender e aprendi. Só que descobri que queria levar o meu som para as pessoas, não alinhar para outros tocarem. Conheci os toca-discos com um vinil do Daft Punk e outro do Deep Dish e não parei até hoje. Sempre tive facilidade com instrumentos, nos shows do meu pai dava algumas “canjas” na bateria e no contra-baixo, tocávamos de Replicantes até Slayer!

As pessoas do seu segmento (hip-hop, sertanejo) costumam associar seu nome ao do vocalista do Motörhead?
Algumas pessoas do hip-hop sabem quem é o Lemmy e também Motorhead. No sertanejo é difícil, não lembro de nenhum caso. Mas também acho que meu trabalho não é tão ligado ao sertanejo, apenas me apresentei em alguns festivais como o Country Festival e o Villamix, por conta de uma sacada dos contratantes de trazer algo novo e diferente. Creio que funcionou, porque em ambos foi um sucesso, com mais de 20 mil pessoas cada um.

É possível agitar um público do sertanejo ou do hip-hop com Motörhead?
Putz… acho que não, são tribos muito diferentes, cada um no seu quadrado. No hip-hop um remix de “Hellraiser” não seria nada mal! (risos)

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Divulgação.

Então dá pra tentar! E você faria um remix de Motörhead e, digamos, Zezé di Camargo & Luciano? Como seria?
Cara, não! Não faria, eu como fã do Motörhead não iria querer ouvir algo assim. E acho que outros milhões de fãs também não vão! (risos)

Quem era Lemmy Kilmister para você?
Uma lenda do rock, referência universal, um músico de personalidade e diferenciado. O som que ele tirava do rickenbacker dele é inigualável!

Quem é você, Lemmy Kilmister?
Um cara dedicado à música, DJ e produtor musical com orgulho, família em primeiro lugar, temente a Deus e um torcedor do Atlético Paranaense de coração!

De primeira: Metallica ou Megadeth?
Metallica! Gosto de Megadeth também, prefiro Metallica apenas por detalhes, acho animais os riffs da guitarra do James Hetfield!

Snoop Dog ou Eminem?
Essa é mais difícil, hein? Acho que Eminem, não pela música, mas sim pela história dele.

Qual dos 4? E se colocar Motorhead?
Sempre Motörhead!

Hip-hop, sertanejo ou metal?
Hip-hop por profissão, sertanejo respeito, metal paixão!

O que você diria aos fãs do metal que podem ficar meio putos com um Lemmy tocando hip-hop em festa sertaneja?
Infelizmente no metal tem muito fã bitolado, que se estressa à toa com isso, mas como disse antes, musica é universal.

E o que diria para os seus fãs que não conhecem Motörhead?
Conheçam, ouçam, leiam a historia do Lemmy! É uma banda referência, e como já ouvi dizerem, “a moda passa, mas Motörhead é eterno!”

Bom, vamos encerrar por hoje. Topa um gole de Lemmy?
Um só? Vamos encher a cara agora mesmo!

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