Jack White Defende o Tidal: “Vinil no Quarto, Baby”

Jack White tem sofrido escrutínio ultimamente por seu envolvimento com o TIDAL, o serviço de streaming pago de Jay Z que promete acabar com o Spotify. Muitos tem encarado de forma apreensiva a ideia de apoiar um serviço que, ao menos a partir de seus anúncios, parece ser benéfico somente para os artistas mais afortunados e estabelecidos. Então para explicar mais sobre os detalhes do novo empreendimento, ele foi entrevistado na quinta (21) pelo respeitado veículo jornalístico conhecido como Sua Gravadora.

White, que tem uma noção tangível da realidade, respondeu a algumas perguntas cabeludas dos fãs por meio do site da Thirdman Records. A sessão irrestrita de Perguntas e Respostas tinha todo aquele clima de um debate presidencial não-encenado. Vamos dar uma olhada em alguns dos pontos altos…

Você poderia nos falar mais sobre o TIDAL?

Jack: O TIDAL ajudará muitos artistas. Falo daquela banda punk com 50.000 visualizações no YouTube que não ganha um centavo.

Poxa, achei que teria mais nessa resposta, mas quando você fala assim, Jack, entendemos perfeitamente os detalhes do seu modelo de negócios e seu relacionamento financeiro com artistas menores. Punk é bom. #TIDALforALL. Acabou a entrevista, então! Peraí, tem mais!

O TIDAL tem planos de apoiar artistas independentes? Ouvi dizer que serviços como o YouTube logo apagarão vídeos de artistas independentes, etc ou começarão a cobrar para hospedar seu conteúdo… algo assim…

Jack: Muitas ideias, mas vocês SABEM que sou totalmente a favor dos independentes serem ouvidos.

Joia. Não precisamos nem ouvir essas ideias, Jack. Só queríamos saber se você tinha elas em mente ou não. Nos sentimos melhor agora. Mais alguma pergunta? Você aí no fundo, com a mão levantada. Tem alguma pergunta ou só uma declaração genérica pro Jack?

Acredito que o TIDAL é uma causa nobre, não entendo a reação negativa que tem recebido.

Jack: Há muita desinformação sobre música na década passada, as pessoas sabem que custa muito fazer um filme de super-herói, mas não sabem que custa milhões para fazer um disco country também.

Antes de qualquer coisa, excelente pergunta que nem pergunta foi. É isso aí, o que o mundo da música precisa hoje é de discos country multimilionários. Mais alguma pergunta? Sim, você senhor, que ainda parece confuso…

Obrigado por ser um defensor de todos os músicos, não só aqueles que chegaram lá.

Jack: Fico feliz que você aprecie isso. Músicos desconhecidos não têm sua voz ouvida, quero que esses artistas se sustentem como artistas para que cada vez mais boa música surja.

Beleza, não foi uma pergunta, mas ficamos felizes também que a música esteja rolando. Mais alguém?

Imagino que você não se envolveria com isso só pra tirar um troco como tem gente por aí acusando… Eu só gostaria que fosse algo que eu pudesse pagar. Com o plano vault, não sobra muito para os “não-essenciais…”

Jack: Bem, eu costumava comprar três discos por mês por 18 dólares cada na adolescência quando trabalhava limpando mesas. Também ia no cinema três vezes por mês. Quanto isso custava? O mesmo hoje com a inflação? Hm…

Cara, o Jack White é gente como a gente, limpando mesas e indo no cinema e pagando caro demais por discos naquela época. Agora acreditamos que o TIDAL é bom.

Jack, acredito mesmo que o TIDAL mudará a música no séc. 21… Pelo bem da música, todos os músicos do TIDAL se deram bem?

Jack: Sim, nos demos. Passamos a noite anterior inteira discutindo formas de deixar o serviço mais legal. E aí vem a surpresa: os músicos querem que você ouça sua música das melhores formas possíveis. Combinamos alto-falantes e aparelhos excelentes só pra ouvir 90% em pequenos componentes que cortam a informação pela metade.

Pergunta difícil essa, Jack. Jack, obrigado por ter tirado esse tempinho pra ficar de rolê com gente famosa na outra noite, Jack. Obrigado, Jack, nos sentimos melhor agora, Jack. TIDAL, Jack. Não nos deixe, Jack. Jack.

Me desculpe, Jack, mas não tenho interesse nenhum em dar mais dinheiro pra Jay Z e não entendo como o Jack se envolveria neste modelo de negócios terrível. Ele sacaneia os fãs, achei que ele estava acima disso. De quanto dinheiro ele precisa?

Jack: Um serviço de streaming de propriedade dos artistas é o primeiro passo, não é sobre ricos ficarem mais ricos. São necessários artistas que tem a atenção do público para poderem possibilitar um cenário para aqueles que não tem voz cheguem a um ponto em que não estejam passando por dificuldades, e acredite, a Third Man Records está cheia de artistas que o mainstream nunca ouviu falar e que não tem nenhuma voz ou força dentro do sistema. Você já ouviu Rachelle Garnier? E The Smoke Fairies? Drakar Sauna? Pujol? The Gories? Estes são só alguns dos artistas da Third Man que tentam sobreviver da música. E se você as ouvi-las em streaming… Eles receberão. E eles poderão VIVER sem outros empregos… E fazer MAIS música! Apoio a ideia de manter os músicos que amamos no ramo. Queremos uma página do elenco completo da Third Man no TIDAL em que se possa ouvir centenas de discos, e cada vez que você ouvir, aquele artista ganha algo. Isso é lindo.

Além disso, nós dizemos ao Steven Spielberg que não precisamos lhe pagar mais para ver seus filmes? Ele já lucrou o bastante da gente, né? Ele devia exibir seus filmes de graça, certo? Haha.

Estávamos meio céticos aí, mas agora que sabemos que Jack conhece umas bandas que nunca ouvimos, com certeza ele está certo. Fora isso, queremos continuar vendo filmes do Spielberg, então melhor pagarmos pelo TIDAL. Imagina só se não tivéssemos Tubarão naquela época porque algum egoísta não pagou 20 pilas, que para o Jack White, é quanto custa um litro de leite.

E por isso acho interessante você ouvir suas músicas no carro quando está fazendo discos, ou pelo menos foi o que li.

Jack: Digital no carro, vinil no quarto, baby.

Valeu, Jack! Queria mesmo encerrar essa entrevista com a imagem mental de você transando, Jack! Vou assinar o TIDAL agora.

Tradução: Thiago “Índio” Silva