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Música

O Imperial State Electric só Quer Fazer o Bom e Velho Rock'n'roll – e Tem Disco Novo a Caminho

Conversamos com o ex-Hellacopters Nicke Andersson sobre o que vem pela frente. ‘Honk Machine’ terá 11 músicas e a promessa de lançamento é para o final de agosto.

Foto por Peder Karlsson

Foi muito estranho quando o Hellacopters acabou, em 2008, no topo de uma calejada carreira – eles estavam em atividade desde 1994 –, após o lançamento do álbum de versões Head Off e ainda colhendo os frutos de um de seus melhores feitos autorais, o Rock’n’Roll Is Dead. É muito mais digno uma banda terminar assim, fechando o ciclo produtivo com um disco firmeza, e não em decadência. Mas, ao mesmo tempo, parecia que os caras ainda tinham muito a oferecer.

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Nessa entrevista, o Nicke Andersson, ex-batera do Entombed e ex-frontman do Hellacopters, declara que não interpreta o grupo que ele montou na sequência, o Imperial State Electric, como uma continuação daquilo que vinha fazendo em sua investida anterior. Escutar o som do ISE, no entanto, induz à mesma sensação revigorante que riffs e refrões como os de “Toys and Flavors”, “Leave It Alone” e “Carry Me Home” conseguem provocar no coração de quem pira num rock maciço, meio garageira, meio setentão, com um tempero glam e alguma coisa de power pop. Livre de invencionices e alheio a tendências.

As bases de guitarra seguem a equivalente fluência; o jeitão do Nicke de gravar e encaixar os vocais, também. Até aqui, o grupo sueco cuja formação se completa com Dolf de Borst (baixo), Tobias Egge (guitarra) e Thomas Eriksson (bateria) já lançou três álbuns, o homônimo de 2010, o Pop War, de 2012, e o Reptile Brain Music, de 2013. Recentemente, o quarteto divulgou um trecho da faixa “All Over My Head”, que fará parte do próximo LP. Escutei, curti, e resolvi sair à caça do Nicke para desenrolar uma ideia.

Noisey: Vocês soltaram um preview da faixa “All Over My Head”, que fará parte do próximo álbum do Imperial State Electric, certo? O que podemos esperar desse novo trabalho?
Nicke Andersson: Sei que toda banda diz isso sobre seus novos trabalhos, mas acho que vocês podem esperar o melhor álbum que já fizemos. De qualquer forma, esse é o nosso objetivo.

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Os outros sons do disco chegam na mesma pegada de rock meio balada dessa música?
Não, o álbum está bastante diversificado em termos de padrões musicais. É um rock pesado e poderoso, mas nem tão pesado em alguns momentos.

Vocês já concluíram a gravação ou ainda estão trabalhando na produção? Conta aí como é a rotina da banda em estúdio. Vocês levam muito tempo pra terminar cada álbum?
Acabamos de concluir o álbum. Stefan Boman assumiu a mixagem e achei que ele fez um ótimo trabalho. Na verdade, somos um tanto rápidos para gravar. Temos o costume de já deixar prontas as demos de várias músicas bastante tempo antes de entrarmos em estúdio. Aí nos juntamos e decidimos quais entrarão no disco e fazermos o registro definitivo. É um lance bem simples.

Rolou algo inusitado em termos de letras, bases, produção, influências, em comparação aos álbuns anteriores?
Somos uma banda de rock’n’roll, então não tem muitos caminhos diferentes para serem seguidos. Temos uma balada nesse álbum, que é a primeira do Imperial State Electric, isso é um pouco diferente, eu acho. Eu e o Tobias usamos guitarras Telecaster desta vez em algumas músicas, algo que não fazemos com frequência. A respeito das influências, continuam as mesmas, ou seja, qualquer coisa que eu goste de escutar é uma influência e inspiração. Qualquer coisa, de Percy Sledge a Slayer.

Quantas músicas vão entrar no repertório e como será chamado o álbum? Já tem uma data oficial de lançamento definida?
Demos o nome de Honk Machine e terá 11 músicas. Pretendemos lançar no final de agosto.

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Você tem umas guitarras bem loucas, né? Algum luthier que faz, customiza ou regula elas pra você?
Eu sigo colecionando um monte de guitarras desde meados dos anos noventa. São muitas, mesmo. Recentemente, Tomas Berg, da Berg Electric Guitars, fez duas para mim e uma para o Tobias. Ele é um excelente luthier.

Quando você começou a tocar só por diversão, quando era adolescente, passou pela sua cabeça que a música seria uma coisa séria e longeva na sua vida, a ponto de viajar o mundo e conhecer e fazer shows com os caras que te inspiraram a abraçar tudo isso?
Poxa, não, nunca imaginei que a música seria de fato um lance de carreira para mim. Fui mordido pelo mosquito da música ainda criança e até hoje é algo pelo que sou apaixonado e que sinto necessidade de fazer. Sempre fui muito determinado sobre as coisas que quero fazer, então, juntando isso com um pouco de sorte e uma pitada de talento, acabei chegando até aqui. Sou muito grato por todas as conquistas. Não acho que tenho histórias incríveis pra contar, sou muito ruim pra contar histórias, falando a real. Mas é louco e empolgante que eu tenha conseguido conhecer pessoalmente e tocar com gente tipo Wayne Kramer e Scott Morgan, por exemplo.

Você percebe o Imperial State Electric como uma espécie de continuação daquilo que o Hellacopters já fazia em sua última fase?
Não, apenas enxergo o Imperial State Electric como a banda na qual eu toco hoje em dia. Não cabe a mim ficar analisando aquilo que produzo. Não sinto esse tipo de necessidade.

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Quando o Hellacopters acabou, você já tinha em mente a proposta de começar um projeto solo ou algo parecido que acabou virando o Imperial State Electric? Qual é a história de como a banda nasceu?
Queria continuar tocando em banda, mas não estava a fim de ficar esperando a chance aparecer. Daí acabei gravando a maior parte do primeiro álbum sozinho. A formação da banda rolou de certa forma no meio do processo de gravação. Eu, o Dolf e o Tomas tínhamos uma banda de cover chamada Cold Ethyl que fez cinco shows em 2009. Foi quando conhecemos musicalmente uns aos outros, e o Imperial State Electric é a continuação disso. Meu projeto nunca foi sair em carreira solo. Curto mesmo é tocar em banda.

Você é tipo aqueles roqueiros que curtem umas festas embaçadas regadas a drogas e álcool?
Não me considero adepto de nada disso, mas curto beber umas cervejas de vez em quando.

Aquele show do Hellacopters com o Deep Purple e o Sepultura, que aconteceu num estádio em São Paulo, foi osso, porque seria muito mais daora se vocês tivessem tocado num lugar de shows normal, uma casa noturna, de repente junto com umas bandas tipo o Forgotten Boys…
Tocar com o Sepultura e o Deep Purple foi uma grande experiência para o Hellacopters e a gente se divertiu bastante. É claro que teria sido ótimo tocar em algum clube também, mas se tudo der certo em breve estaremos no Brasil para mandar um som com o Imperial State Electric e fazer exatamente isso.

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