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UMA ENTREVISTA COM DALIAH SPIEGEL

Quando vi a Daliah Spiegel pela primeira vez, há três anos, ela estava vestida como um anjo prateado e Ivan the Facehunter estava dormindo no seu sofá (se você der uma olhada nesse livro, ela está praticamente em todas as páginas). Não muito tempo depois disso, ela me pediu pra colocar meu pau na tromba da sua máscara de elefante (isso não é uma metáfora), o que eu me recusei. Ano passado ela tirou as calças do Cobra Snake e, para a Edição de Foto desse ano, tirou uma foto do que a Eillen Myles acha "parecer um cérebro".

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Vice: E aí Daliah. Você estava estudando para uma prova importante quando tirou a foto para nossa edição. Você conseguiu passar?
Daliah Spiegel: Sim, mas tirei um "C". Quando comecei a estudar medicina, três anos atrás, consegui tirar um "A" em uma prova, e isso foi piorando até que acabei como estou hoje: um detestável "C". Tenho só mais uma prova pela frente, aí acabou.

Para de reclamar. Um "C" está ótimo. Digo, depois de fazer a prova você estava achando que nem tinha passado.
É verdade, eu fiquei preocupada. Mas isso acontece toda hora, e sempre depois que eu passo, começo a reclamar da nota e fico puta por não ter ido melhor.

Scharm

Você começou a tirar fotos recentemente, certo?
É. Na verdade é uma história engraçada. Quando você estuda medicina na Áustria, todo ano você tem que passar por uma mega prova feita em julho, logo antes do começo das férias de verão. No meu primeiro ano levei isso muito à sério, me tranquei pra estudar dia e noite. Só que depois de uns dois meses de isolamento, não aguentava mais e decidi sair. Já fazia um tempo que eu não fazia aquilo, então me esforcei: mandei ver na sombra preta nos olhos, coloquei um vestido branco… já dá pra imaginar. Mas aí alguma coisa deu errado, não lembro bem o porquê, mas minha melhor amiga, a Jeanne, que ia passar pra me buscar, se atrasou. Por algum motivo comecei a morgar. Toda a maquiagem começou a borrar, e minha cara ficou tão ridícula que resolvi ligar minha câmera e tirar uma foto.

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Kreis

Fico imaginando se, agora que essa prova já acabou e você não está mais trancada no seu quarto, a montanha de chiclete já se foi.
Nada. O chiclete ainda está todo lá. Inclusive a montanha está crescendo dia a dia. Já tem até uma outra pequena montanha irmã, de goma branca, do lado da colorida. Todos eles vêm de uma máquina de chicletes que minha mãe me deu de presente no último aniversário. Depois de algumas mastigadas eles ficam sem gosto e meio nojentos, o que chega a ser bom porque não fico pensando que estou desperdiçando tudo.

A outra foto que você nos mandou também foi tirada no seu quarto, né?
Sim, é o "amontado kitsch" no meu quarto. Tive várias ideias diferentes de natureza-morta, mas como você sabe não havia muito tempo porque eu tinha que estudar. Mas vou tirar essas fotos logo mais e mostrá-las pra você. Aí você pode me dizer o que achou.

Gêmeas

Pra mim foi ótimo não ter que falar pra você o que fazer. Você só mandou duas fotos que se encaixaram perfeitamente na nossa definição de natureza-morta. Será que isso tem a ver com sua inclinação normal para tirar fotos de objetos inanimados, assim com dos seus 'auto-retratos'? Você também gosta bastante de animais, certo?
Acho que os animais vieram antes de eu perceber que fazer auto-retratos comuns era muito chato. Então decidi por todo tipo de coisas nessas fotos: máscaras de animais, animais mortos, sabe, tudo para fazer toda a "auto expressão" mais excitante. De qualquer jeito não estou mais fazendo essas coisas, mas ainda acho animais legais.

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Você também costumava usar bastante perucas, por isso tive plena certeza de que você iria enviar uma natureza-morta com pelo menos uma de suas várias perucas. Mas pelo que parece isso ficou pra trás.
Se vestir sempre foi uma parte importante das minhas fotos. Como Cindy Sherman, usando diferentes identidades, interpretando papeis, descobrir o quão longe você pode ir, quem você pode ser e coisas do tipo. Mas mesmo isso mudou. No momento não tenho vontade de usar uma peruca. Talvez devesse voltar com isso em breve.

O Dia em que Terry Richardson Não Respondeu. Ainda Assim, o Pirulito Estava Ótimo

Mas quando você mandou algumas fotos suas para o Terry Richardson você ainda estava usando perucas, né?
É, isso é verdade. Mandei as fotos pra tentar fazer com que ele viesse pra Áustria tirar fotos minhas. Mas ele não quis, nunca tive resposta. Malvado. Bem malvado. Mas talvez o fato de eu ter uma cor diferente de cabelo em cada foto o tenha confundido.

daliah-spiegel.com

DAVID BOGNER VICE AT
TRADUÇÃO POR EQUIPE VICE BR