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Música

Esse Cara Fez um Disco Todo Gravado no Guitar Center, e Meio que Ficou Foda?

Finalmente chegou o que o mundo inteiro estava esperando! Um disco feito inteiramente de gravações de campo no Guitar Center!

Finalmente chegou o que o mundo inteiro estava esperando! Um disco feito inteiramente de gravações de campo no Guitar Center! Bem, mais um disco feito de gravações de campo no Guitar Center!

Glassine, também conhecido como Danny Greenwald, de Maryland, 30 anos de idade, gravou cerca de 40 horas de material de gente testando instrumentos no Guitar Center, e misturou samples dessas gravações, criando sete faixas de paisagens sonoras atmosféricas. Ele não é a única pessoa a ter feito um disco usando esse conceito recentemente, embora o disco de Noah Wall seja um pouco mais difícil de ouvir (e me faça lembrar de uma versão menos profissional de uma união entre Soloing Over Alanis Morissette e Creed Shreds).

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No Stairway (parabéns por se inspirar em Quanto Mais Idiota Melhor para dar nome ao disco) está disponível no Bandcamp, e logo será lançado em cassete pela Patient Sounds. Conversamos com Glassine sobre, bem… gravar um disco no Guitar Center.

Noisey: O que você faz da vida?

Danny/Glassine

: Sou assistente social na área de educação especial, num colégio de ensino fundamental. Basicamente fico perto dos carinhas o dia inteiro, eles me chamam de sr. Greenwald. É muito estranho ser chamado assim.

De qual Quanto Mais Idiota Melhor você gosta mais, o primeiro ou o segundo?

Do primeiro, com certeza. Mas o segundo foi foda também. Em especial o índio seminu e o Jim Morrison. E com certeza a parte em que o Christopher Walken fala: “Minha namorada tá lá dentro”. E aí o Chris Farley responde: “Ei. A namorada de muita gente está lá dentro.”

Qual sua cena favorita dos dois filmes?

Minha cena favorita com certeza é aquela em que o Wayne diz: “Um rack de armas… um rack de armas. Eu nem tenho uma arma, quanto menos um monte de armas que precisariam de um rack para guardar. O que é que eu vou fazer com um rack de armas?”

Descreva para a gente o processo completo de gravação. O que você usou para gravar? Foi às escondidas ou às claras? Você foi a uma loja só ou várias?
Foi um processo bastante fluido. Entrei no Guitar Center com o meu iPhone e gravei a galera tocando. Surpresa! Não usei fita para gravar os sons. O gravador não ficava às claras. Eu não saía andando e apontando o telefone para as pessoas. Meio que ia seguindo os sons que me pareciam úteis. Nem todos eles eram bonitos ou atraentes. O projeto começou no Brooklyn, e depois foi para Baltimore. Então, dois lugares. Eu saía para gravar por algum tempo nas lojas. Às vezes horas seguidas. Aí voltava para casa e peneirava as coisas. Organizava os sons, passava alguns por um four-track, loopava algumas coisas, pegava sons pequeninhos que podia usar como patch de sintetizador, criava mais loops, retroalimentava através de alguns pedais velhos, bebia mais café e continuava a minha jornada. Os resultados finais foram gravados no Pro Tools. Não usei nenhum plug-in. Não, mentira. Usei um pouco do EQ, mas não muito. Na verdade, só usava o meu notebook para a “gravação” de fato. A coisa foi tipo 99% feita fora do computador.

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Como foi que você juntou tudo isso na edição?
Usei muito panning. Houve muitas tentativas de conectar coisas que pareciam não conectáveis. Muitas vezes eu achava que uma faixa estava concluída, mas aí lembrava que tinha algum outro som que queria usar, então passava o pente fino em tudo de novo, e acrescentava algum tonzinho sedutor em algum ponto. Os processos de edição e gravação foram casados. O estúdio teve grande participação no instrumento.

Você costuma fazer compras no Guitar Center?
Não costumo. Essencialmente porque venho usando o mesmo equipamento que usava no primeiro ano do ensino médio. E tem também que, toda vez que entro lá, os vendedores da loja me perseguem. Nunca comprei um carro usado, mas imagino que deva ser bem parecido.

Você mandou essa gravação para a sede do Guitar Center?
Não mandei para o Guitar Center. Embora minha mãe, entre outras pessoas, tenha dito que eu deveria fazer isso. Um herói musical meu me disse que eles talvez colocassem uma grana forte num outdoor com a capa do disco, ou coisa assim.

Como o seu disco se compara com o de Noah Wall? E existem outros “discos do Guitar Center”? Se existem, o que você achou deles?
Para mim, o Guitar Center é bem desagradável – em termos sonoros, estéticos e comerciais. Queria pegar algo sem atrativos e ser capaz de extrair beleza dali. Queria fazer com que aquele ambiente flutuasse em uma nuvem. Queria inspecionar pequenas nuances, captá-las, e pintar com elas. Não sei quais foram as intenções de Noah. Porém, tenho que dizer que a ideia dele foi maravilhosa. Eu não tinha nenhuma notícia da existência de outros “discos do Guitar Center” quando o No Stairway estava sendo criado. Na verdade, eu e a Patient Sounds, o selo que está soltando o disco, descobrimos a existência do disco de Noah bem na hora em que estávamos ajustando os detalhes do lançamento do meu projeto. Foi a maior coincidência. Fiquei meio destruído de saber que um disco com um conceito semelhante estava sendo lançado ao mesmo tempo. Quase desisti de lançar o meu. Entramos em contato com o Noah para informá-lo da existência do meu projeto, e de que fora criado de forma completamente independente do dele. Noah ficou muito empolgado, deu apoio total. A reação dele, e de outras pessoas, meio que me encorajou a seguir em frente como planejado. Então nós seguimos em frente.

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Excetuando o próprio Guitar Center, há outras gravações de que você goste e que tenham sido feitas de modo semelhante?
Eu uso gravações de campo para criar uma certa atmosfera. Há outros artistas que respeito muito, em termos do talento que têm para criar paisagens sonoras. Artistas como Jason Urick, Grouper, William Basinski, Boards of Canada, etc. Não sei exatamente como eles fazem a arte deles, mas são alguns exemplos de influências no meu processo. E Joni Mitchell também.

Você tem outros projetos musicais?
Sim. Lidero um projeto warm-core, post-flannel, chamado The Hens. Que é basicamente composto só de mim mesmo, mas às vezes outras pessoas participam também. Na maioria das vezes que toco com os outros, a gente só faz mesmo covers de músicas do Dire Straits em salas de estar.

O álbum vai ser lançado só na internet, ou em algum outro formato?
Esse álbum será oficialmente lançado pela Patient Sounds no dia 6 de agosto. Cassetes lindos serão disponibilizados. Mas já dá para baixar no bandcamp.

Tem algum tipo de ambição ou esperança para esse disco?
Sim. Tenho esperanças de que algum dia ele seja ouvido por Phil Elvrum, ou Jason Urick, ou Grouper, ou Björk, ou MF DOOM. E espero que pensem: “Caralho, vou tentar trabalhar junto com esse cara.” E eles podem mandar um e-mail para a minha agente. Que no caso é a minha mãe.

E espero de verdade tocar no Waynestock 2016.

Tradução: Marcio Stockler