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Música

Entrevistando o Exhale the Chaos Metalpunk: Mortifer Rage

Conheça os violentos arroubos críticos da banda de death metal de Belo Horizonte.

E lá se vão cinco anos desde que o Mortifer Rage lançou seu mais recente trabalho, o Murderous Ritual. Nesses tempos de ansiedade, a galera banger já se perguntava sobre o que havia acontecido com a banda. Por que mais nada saíra até então? A boa nova é que eles estão de volta e em plena forma promovendo o EP de duas tracks Field of Flagellations, um petardo ruidoso que certamente não vai decepcionar os fãs de longa data. Fora isso, os caras têm mais 11 faixas prontas na manga, esperando apenas um selo disposto a bancar seu próximo full-lenght.

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Com dois álbuns oficiais gravados e uma carreira frutífera marcada por um som brutal, veloz e técnico, o conjunto de Belo Horizonte jamais se desviou da proposta que inspirou sua formação: produzir uma crítica ácida contra a hipocrisia religiosa e todas as formas de manipulação humana. O Mortifer Rage começou a ensaiar em maio de 1999 e, em 2002, lançou o debut Legacy of Obssessions. Tempo depois, em 2004, veio o EP Deformity, clássico instantâneo que projetou a banda no cenário nacional e internacional.

A nova fase do conjunto formado por Carlos Pira (voz), Robert Aender (guitarra), Ramon C. (guitarra e backing vocals) e Wesley Adrian (bateria) pode ser conferida ao vivo no festival Exhale The Chaos Metalpunk, que rola no próximo dia 8 de fevereiro na capital mineira.

À ocasião, tocam também os alemães do Wojczech e Who's My Savyour, além das bandas brasileiras Meant to Suffer, Gracias por Nada e Metraliator, as quais você já deve conhecer por conta da presente série de entrevistas, que estamos publicando ao correr das últimas semanas.

Aqui vai a transcrição do papo que tive com o Carlos, porta-voz do MR. Na próxima, levaremos aos leitores do Noisey uma conversa com o pessoal do Wojczech. Então fica ligadx.

Noisey: Talvez seja clichê, mas é inevitável querer saber da boca de vocês: por que esse intervalo de praticamente cinco anos sem lançar nada inédito? O que rolou com a banda nesse hiato?
Carlos Pira: Ocorreram mudanças na formação e faltou tempo devido às atividades profissionais paralelas que cada membro possui. Por isso não pudemos ter uma dedicação mais consistente para com a banda durante a composição, que é demorada.

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Depois de 15 anos na estrada, vocês já atravessaram diversos desdobramentos do metal, mas sempre foram fiéis ao death metal e aos seus ideais contra a exploração política e religiosa das massas. Vocês veem com bons olhos as tentativas de "modernizar" o metal das bandas new school?
Sim, somos fiéis ao verdadeiro metal e vivemos o death metal musicalmente e ideologicamente, o que para o Mortifer Rage são elementos indissociáveis. “Modernizar”? Creio que esse não seria o termo para essas vertentes novas, pois o metal tem estado bastante vivo e se refazendo de forma consistente e longe de ser anacrônico, por meio do death metal e o black metal, por exemplo. Cada um é livre para fazer música com a leitura que entender. Contudo, nossos olhos e ouvidos não são receptivos a essas novas vertentes. Na verdade, não compactuamos com modismos e nem perdemos tempo com isso.

Vocês voltaram com tudo lançando o EP Field of Flagellation, de duas faixas, "Genocide of Minds" e "Redemption Blade". Fala um pouco sobre a temática desses sons e por quê preferiram soltar um EP ao invés de trabalhar num full lenght de "retorno".
Tematicamente, temos uma postura consistente e consciente contra toda e qualquer forma de manipulação humana, seja ela religiosa, por meio de um deus inventado, ou política, por meio do conformismo alienante. Preferimos o formato EP por questão de teste de gravação e também devido à falta de um selo.

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Vocês estrearam com um álbum que, logo de cara, já ganhou distribuição na Europa, o Legacy Obssessions. De lá pra cá, o público europeu vem acompanhando a banda? Como é o feedback do trabalho de vocês lá fora?
Temos recebido alguns contatos atualmente devido ao Murderous Ritual e o mesmo tem ocorrido com o Field of Flagellation, sobre lançamentos e turnês, e o mesmo acontece no Brasil. Mas não pela repercussão dos lançamentos, e sim pelo nosso esforço em querer difundir a nossa proposta. Creio também ser um caminho natural.

Na época do lançamento do segundo álbum vocês deram entrevistas apontando dificuldades para encontrar selos e distribuidoras éticas na promoção do metal. Atualmente vocês estão vinculados a alguma produtora/gravadora/distribuidora?
As dificuldades continuam sendo as mesmas, o que é normal. Não temos nada fechado, estamos à procura de um selo para o lançamento do novo trabalho.

A cada coisa que vocês lançam, uma rápida busca na internet revela posts, resenhas e comentários discutindo se o clipe foi bem feito ou não, se a gravação está abafada ou cristalina… Isso não é um lance meio mala pra quem tem banda e se esforçou pra caralho pra conseguir botar de pé um projeto?
Um trabalho bem produzido é importante, claro, mas uma banda não se resume a isso e só isso não significa nada. Tanto em relação às críticas como em relação às posturas dentro da cena, damos valor quando são verdadeiras, conscientes e consistentes. Pessoas e até mesmo algumas bandas ditando regras que não são condizentes com a ideologia inerente à cena underground não têm valor para nós. As bandas devem construir e viver os seus valores com consistência, e não ter como referência atitudes que não contribuem e só servem para tentar denegrir e enfraquecer a cena. Abominamos esse tipo de atitude e somos totalmente contra, claro.

Deixa um recado para a galera aí.
Obrigado e ficamos honrados pela oportunidade. Agradecemos ao suporte dos BANGERS por todos esses anos. FORÇA E HONRA AO METAL NACIONAL!

Exhale the Chaos Metalpunk
8 de fevereiro @ Espaço Rock Bar
Rua Hoffman, 723, Barreiro, Belo Horizonte/MG
R$ 15, a partir das 16h.