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Música

Nick Carter: Entre o Passado e Presente como Backstreet Boy e o Futuro como Diretor de Filmes de Zumbis

Sua perspectiva é bastante madura. "A gente não é mais cool", ele diz, se referindo aos Backstreet Boys. "Mas não ser cool na verdade é um negócio cool, de um jeito estranho".

Ser um garoto de 15 anos é algo que vem junto com uma série de problemas: você está aprendendo como falar direito com os outros seres humanos, provavelmente está trabalhando num emprego que lhe apresenta pela primeira vez o conceito de "economizar" "dinheiro", cabelos crescem em lugares geralmente estranhos, e a sua voz desafina nos momentos mais inoportunos. E, se você era o Nick Carter no final dos anos 90, tinha o prazer de lidar com todas essas paradas de crescer e passar pela puberdade vivendo completamente devassado pelos olhos do público, enquanto Backstreet Boy. Sério. Lembra daquela vez que apareceu uma espinha e você não queria ir para o colégio, porque porra, o que todo mundo vai dizer? Nick Carter fez isso na frente de milhões e milhões de pessoas, todo dia.

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O documentário chamado Show ‘Em What You’re Made Of já chegou aos cinemas gringos (e, torcemos, chegará no Brasil, mas por enquanto, quem vem é a própria banda, em junho). O filme rastreia o furor que cercou a moda dos Backstreet Boys durante o auge da banda, e as coisas pelas quais os meninos foram obrigados a passar, mostrando também como foi para eles gravar seu mais novo disco. Se você tem algum interesse em saber como funciona a cultura pop, este filme com certeza vale a pena.

Lembrando daquela época, é um pouco esquisito pensar nesses tipos de movimentos culturais – enxames de adolescentes fazendo tudo o que podem para simplesmente respirar o mesmo ar que o ser adorado. Isso, é claro, sempre existiu, desde a beatlemania até os beliebers, mas é raro ver alguém que teve experiência direta dessa época refletindo sobre ela, depois de passada. Especialmente se esse alguém é Nick Carter, que meio que publicamente perdeu as estribeiras (tendo problemas com abuso de substâncias, mulheres, e outros) depois que o auge da fama passou. Hoje, Carter está casado e parece bastante feliz – no mínimo, soou animado pelo telefone. A estada na clínica de recuperação para dependentes químicos teve sucesso, e em ambas as suas vidas – a pessoal e a com os Backstreet Boys – ele sente que está de volta aos trilhos. Ele tem consciência de si. Ele sabe o que ele é. Sua perspectiva é bastante madura. "A gente não é mais cool", ele diz, se referindo aos Backstreet Boys. "Mas não ser cool na verdade é um negócio cool, de um jeito estranho".

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E ah, sim, ele atualmente está trabalhando na criação de um filme de horror faroeste com zumbis chamado Dead West.

Noisey: Você viveu sob os olhos do público grande parte da sua vida, e agora estão fazendo um documentário sobre isso. Quais são as suas expectativas?
Nick Carter: Fui eu que sugeri essa ideia para os rapazes. Eu tinha visto um filme sobre o A Tribe Called Quest, e saindo do cinema senti que gostaria muito que saísse um novo disco do A Tribe Called Quest, e o filme reacendeu o amor que eu tinha por aquela banda, então achei que [esse documentário] poderia fazer a mesma coisa por nós. Então propus essa ideia para os rapazes, disse que seria uma ideia muito, muito boa. Eu mesmo meio que curto fazer filmes, e assisto a muitos documentários. É com a intenção de nos colocarmos diante das pessoas de maneira criativa e mostrar ao mundo, lembrar a todos quem somos e quem fomos. Em vários sentidos, para a gente foi uma coisa muito terapêutica, porque trouxemos o Kevin de volta, e ele não tinha estado conosco fazia sete ou oito anos. Então usamos isso para refletir de várias maneiras, para lembrar. Porque não tínhamos qualquer certeza de que o filme seria mesmo lançado, a gente tinha esperanças, mas pelo menos poderíamos refletir e lembrar das nossas origens.

Vocês realmente foram um fenômeno. Como foi observar aquela época por uma lente física, e lembrar de todo aquele frenesi?
Para mim, eu sou o cara mais novo da banda, então estava realmente nas nuvens. Curtia cada minuto daquela montanha-russa, mas, ao mesmo tempo, era difícil, por causa das coisas pelas quais eu vinha passando na vida pessoal. Dá pra ver isso no lance do Bieber hoje, mas eu passava pela coisa de um jeito muito mais quieto, e com muito mais questões com a minha família e outras coisas. Todo mundo conhece toda aquela história, e quem não conhece vai poder ver um pouquinho dela. Mas, para mim, houve muitos altos e muitos baixos. Eu tinha 15 ou 16 anos, era um adolescente e tinha tudo disponível na palma da mão – todas as garotas que eu quisesse [risos]. Mas, ao mesmo tempo, por dentro, me sentia atormentado, e tinha muitos problemas rolando.

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Show ‘Em What You’re Made Of

Quando penso em mim aos 16 anos, eu estava passando pelas coisas que todo mundo passa aos 16. É claro, você tinha o mundo inteiro comendo na palma da sua mão, mas não teve realmente uma oportunidade de simplesmente ser um menino de 16 anos, o que imagino que tenha sido difícil.
Não tive mesmo. Aos 16 anos eu trabalhava sério. Eles falam sobre a quantidade de trabalho que eu já tinha feito naquela idade, dos 15 até os 16 e até os 17 e os 18, eu estava provendo todo o dinheiro para a minha família. A quantidade de trabalho que os Backstreet Boys tinham que fazer, porque não havia mídias sociais, nem YouTube e nem nada que pudesse colocar os holofotes sobre a gente e nos dar sucesso instantâneo, tivemos que realmente comparecer em todas as estações de rádio e canais de TV. E isso custava tempo – meus estudos sofreram com isso. Estivemos na Europa fazendo turnê e nos promovendo, e havia ocasiões em que eu estava tão exausto, estava simplesmente desmaiado porque não tinha comido direito, porque nossos empresários nos punham para trabalhar até o último limite. Mas assim era o negócio naquela época. Era uma trabalheira, e a mentalidade era a da velha guarda. Era preciso se colocar bem na cara das pessoas. Não era como é hoje em dia.

Se você pudesse voltar no tempo, o que diria à sua versão de 16 anos? Ou sente que teve que passar por tudo aquilo para virar a pessoa que é hoje?
Sim, é exatamente o que sinto. Preciso encarar o passado. Tenho muito orgulho da pessoa que sou, porque acredito que eu seja uma pessoa cheia de diferentes camadas. Infelizmente, e não estou tentando dizer que nenhum garoto ou artista possa ter isso hoje, mas você acaba tendo mais camadas devido ao fato de que estava lá fora, tendo experiência do mundo e fazendo esse monte de coisas. Encaro como experiência de estrada, ou experiência de rua. Você está nas ruas passando por esse monte de coisas na estrada, e topando com diferentes pessoas, e aprendendo por si mesmo a distinguir certo e errado. Eu não mudaria o que aconteceu naquela época.

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Existe alguma coisa em relação à qual você se sente mal compreendido?
Não, porque trabalhei muito, muito duro como indivíduo para fazer coisas e provar meu valor. Porque eu tinha passado por muitas coisas diante dos olhos do público e deixado um gosto ruim na boca das pessoas, ou uma falta de respeito. Então, nos últimos sei lá quantos anos, venho fazendo muita coisa como indivíduo para me livrar daquele peso. E até hoje isso é um desafio, porque acredito mesmo que há muitos fãs por aí que talvez tenham sido fãs em uma certa época, mas os perdi no caminho por causa das minhas ações e do que fiz. Não estou dizendo que esse filme necessariamente vai restaurar a confiança deles ou trazê-la de volta, mas acho que a parte mal compreendida pode ser explicada nesse filme. Acho que quando as pessoas virem de onde eu venho e como foi difícil para mim, e há muitos paralelos nas vidas das pessoas dos quais compartilho nesse planeta, então elas não estão sozinhas.

Você parece muito consciente de si, e é interessante te ouvir falar sobre recuperar a confiança que os fãs sentiam.
Obrigado! Para mim, tenho mesmo que me dar conta da realidade da situação. É como um alcoólatra cujo primeiro passo para a cura é reconhecer que ele é alcoólatra. E usei essa abordagem na minha vida. Sou muito consciente, e no final das contas meu lance é tentar relaxar e deixar que as ações dos outros falem mais alto do que suas palavras, e de fato fazer alguma coisa para trazê-los de volta em vez de alguém, só porque você fez aquelas coisas todas, simplesmente dizer "quem se importa, não estou nem aí". Nós todos somos lutadores. Todos temos uma mentalidade de lutador. Quando começamos no negócio, as pessoas não queriam nem abrir a porta para nós, e nossa mentalidade é essa. É meio difícil estar em uma boy band. Nós nos encaramos em primeiro lugar como cantores, e você pode ver isso no filme, mas sim, o lance é as ações falarem mais alto do que as palavras.

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Show ‘Em What You’re Made Of

A gente conversou sobre o passado. E quanto ao futuro? Quais são os seus objetivos, profissionais e pessoais?
Com certeza tenho objetivos, sabe? O que eu acho que quero da vida é que as pessoas recebam essa banda de braços abertos, deem boas vindas àquilo que a gente representa. Que a indústria diga: "ei, temos orgulho de vocês e respeitamos vocês pelas coisas que fizeram, porque a gente compreende". Infelizmente, a perspectiva de quem está de fora é de que somos artificiais, que não somos uma coisa verdadeira e, para nós, queremos mesmo um pouco de aceitação, dos nossos pares e do público. Porque a gente trabalha duro e nunca quis receber nada de mão beijada, e realmente acreditamos que o trabalho duro e a dedicação devem ser reconhecidos nos Estados Unidos e no nosso mundo. Então isso ia ser ótimo, aceitação e meio que um lembrete – para mim, pessoalmente, todas essas coisas individuais como artista que me fazem crescer. Fazer um outro disco solo, e finalmente um filme que eu co-escrevi e dirigi. Ator, diretor e roteirista. Estou me preparando para trabalhar com uma empresa de cinema chamada Asylum, então estou me preparando para fazer umas coisas massa sozinho.

Sobre o que é o filme? Pode me contar?
Chama Dead West. [Risos] É um faroeste de horror com zumbis. É um filme híbrido. Eu criei a história, co-escrevi a história com um roteirista, e acabei de ter uma reunião com a Asylum semana passada. Foram eles que fizeram o Sharknado, então com certeza é um filme B, mas no caso desse filme, é uma coisa que escrevi com o meu cérebro criativo. Agora eles estão entrando na parada, e a gente vai fazer uma parceria, e vamos filmar em março. Eu vou atuar nele, e talvez trazer alguns amigos meus para participar também.

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Um faroeste de apocalipse zumbi. Topo essa demais, cara.
É bem insano, vou te dizer, e estamos muito, muito empolgados. É uma coisa que faço com paixão, e curto ser artístico de um jeito meio peculiar que é incomum. É por isso que estou reunindo o elenco, tem alguns nomes aí sendo cogitados, como Joey Fatone do N*SYNC ou um velho parça meu, Shaquille O'Neal. É uma coisa fora dos padrões mesmo.

Você tem que transformar o Shaq num zumbi.
Ele seria um dos protagonistas, ainda tenho que conversar com ele porque já faz um tempinho, mas é uma gangue de assaltantes tentando roubar um banco. É louco demais.

Já comprei a ideia.
É divertido. É muito divertido. São coisas desse tipo. Como performer, acabo de terminar uma turnê com o Jordan Knight, do New Kids. Ficamos na estrada por três meses, fizemos todo um lançamento, e estou orgulhoso do disco. Acho que é superior a tudo o que fiz musicalmente como indivíduo. Todas aquelas coisas aqui e ali. Obviamente, não é nada tão grande quanto na época em que estávamos vendendo milhões de discos e tínhamos milhões de fãs, mas fãs novos aparecem todos os dias. Pessoas que querem ver algo fora dos padrões e que não seja tão mainstream. Acho que estou tentando dizer que não somos mais cool, mas não ser cool na verdade é cool de um jeito estranho, porque é meio que underground. [Risos] Somos underground de novo, e tudo bem, porque aí podemos fazer tudo o que nos der na telha. É maravilhoso, cara, estamos empolgados e o único caminho é para o alto, e é assim que encaramos a coisa.

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Show ‘Em What You’re Made Of

Você ainda vê coisas nível Bieber de fanzice nos fãs hardcore do Backstreet Boys?
Olha, isso é que é irônico. É doido, porque essas pessoas, tipo, vendemos mais de 500.000 ingressos nos Estados Unidos, e a gente conversando estava tipo: "a gente nem consegue vender tantos discos, o que está havendo?" E daí conseguimos vender tipo 15.000 numa noite para arenas lotadas, tipo, qual é o lance aí? Acho que tudo se resume ao fato de que as pessoas ainda apreciam nosso show ao vivo, e confiam no nosso desempenho. É como se pensassem: "Ok, podemos trazer nossas famílias e amigos para um show dos Backstreet Boys, e tem umas músicas ótimas que podemos ouvir, e eles provavelmente vão fazer um show excelente". Porque ainda somos showmen – ainda dançamos e cantamos. É um espetáculo. Somos da velha mentalidade de shows tipo Michael Jackson, tipo Janet Jackson. E as pessoas não costumam fazer mais isso, e acho que é por isso que o público comparece. Então ao mesmo tempo sentimos que podemos cantar umas músicas excelentes, um material excelente, discos excelentes, e talvez um dia o círculo disso se feche. No final das contas, as pessoas adoram música boa. E se aquela gente toda ama essa banda e comparece aos nossos shows, podemos ver se isso se traduz para os discos e para as músicas, e as pessoas possam ouvir do mesmo tanto.

Qual é a história de fã mais insana que você tem para contar?
A gente com certeza teve algumas experiências maravilhosas com fãs, temos até hoje. Vemos as maiores doideiras. Cara, vou te contar uma que aconteceu faz pouco tempo. Eu estava na turnê Nick and Knight, com o Jordan, e estávamos na casa dele fazendo umas fotos pós-show. E aparece uma garota correndo e diz "eu tenho que ir, eu tenho que ir, por favor, tira rápido". Então eu digo: "Você tá bem? Está tudo bem?" Ela responde: "Preciso ir embora, por favor tire essa foto. Tenho que ir a um lugar com hora marcada". E eu digo: "O que é?" E ela: "Tive que sair da clínica de recuperação para dependentes para vir aqui". [Risos] E eu digo: "Ah, eu sinto muito. Por favor volte assim que puder. E o que você está fazendo aqui?" E com certeza ela tirou a foto e saiu correndo de lá do mesmo jeito que chegou, sei lá como. E isso literalmente aconteceu faz três meses. Ela fugiu da clínica para isso.

Backstreet Boys no Brasil

Olinda
Quando: 6 de junho
Onde: Chevrolet Hall

Belo Horizonte
Quando: 9 de junho
Onde: Chevrolet Hall Rio de Janeiro
Quando: 11 de junho
Onde: Citibank Hall São Paulo
Quando: 12 de junho
Onde: Citibank Hall Porto Alegre
Quando: 14 de junho
Onde: Pepsi on Stage

A pré-venda começa dia 12 de março no Rio de Janeiro e em São Paulo; nas outras cidades, 19 de março. Mais informações no site da Time 4 Fun.

Eric Sundermann rocks his body, ye-eah. Ele está no Twitter.

Tradução: Marcio Stockler