FYI.

This story is over 5 years old.

Música

El Toro Fuerte dissipa os demônios no seu primeiro disco, ‘Um Tempo Lindo Para Estar Vivo’

A estreia dos mineiros foi marcado pelos desabafos pessoais dos três integrantes da banda.

El Toro Fuerte. Foto por: Raquel Domingues

Depois do nosso registro sobre o rock triste e a “cena fantasma” de Belo Horizonte, teve tanto trelelê, que muitos músicos e entusiastas se sentiram motivados a se posicionar sobre o jeito de produzir música na cidade. E foi no meio deste burburinho que o El Toro Fuerte expurgou seu primeiríssimo disco, Um Tempo Lindo Para Estar Vivo, que sai nesta segunda (16), e você ouve com exclusividade aqui no Noisey. Para o baixista Diego Arcanjo, “é hora de aprender a conviver com os nichos diferentes”, diz. “Eu sinto que talvez seja o momento de tentar algo novo em termos de mobilização”.

Publicidade

“É curioso que a palavra fantasma foi uma das coisas que mais incomodou as pessoas naquela matéria, né. Mas a figura dos fantasmas é uma coisa presente no disco todo. É meio que um processo de exorcismo e conversas com fantasmas, sabe?” explica João Carvalho, vocalista e guitarrista da banda. Para ele, fazer este disco foi como tirar vários demônios do corpo, simbolicamente associados a temas cotidianos, como relacionamentos, relação com os pais e até a depressão: “É um disco de desabafos, eu acho. Alguns amigos meus me dizem que o disco tem uma energia pesada… e eu percebo um pouco disso. Ele funciona como um exorcismo”.

O baixista Diego Arcanjo, que canta duas músicas no disco (“Sur” e “Flagelo”), concorda que houve um tipo de libertação ao compor. “É um descarrego completo. Muita coisa dele foi concebida durante a pior a fase da minha vida, e ver ele [o disco] ganhando forma transforma tudo em mais força”. “Flagelo”, que é um dos esporros curtos e grossos do disco, tem um verso que diz “eu canto feito um soco pra ninguém perceber que a minha voz é tão ruim”, um desabafo direto que já virou característica dos novos compositores de rock triste. Diego conta que fez essa letra de improviso: “Saiu direto, sem nenhum tratamento. Não mudei nenhuma palavra desde a vez que eu cantei isso de improviso num ensaio, em cima do instrumental que eu levei pra galera”.

Honrando o nome do disco, Diego explica que o mais gratificante é ter conseguido chegar a este ponto em sua vida: “Quando a gente viu que andava com quem admirávamos e que nosso trampo era elogiado e relevante pra alguém, começamos a achar que talvez estivéssemos vivendo nosso momento mais importante, como se fosse nossa vez de tentar inspirar alguém”. E João completa: “Acho que os tempos mais difíceis são os mais lindos pra estar vivo porque tem muita coisa pra fazer. Meu Deus, como a gente tem coisa pra fazer!”

Agora, eles têm todo um caminho pela frente. Para João a honestidade impressa no disco foi tanta que dá aquela vergonha: “É de uma sinceridade tão bizarra que dá uma certa vergonha de ouvir, é como se cê tivesse entrando na vida da gente”. Você pode baixar Um Tempo Lindo Para Estar Vivo o disco no bandcamp da Bichano Records.