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Música

Chora Mais

Fizemos nossa roda de choro imaginária com os grandes do gênero para comemorar o aniversário de Pixinguinha, e, consequentemente, o Dia Nacional do Choro.

Foto por Acervo Pixinguinha/ Instituto Moreira Salles/Divulgação. Hoje é aniversário de Pixinguinha. Se estivesse vivo (o que seria assustador) completaria 118 anos. Para celebrar a data, desde 2000 foi criado o Dia Nacional do Choro. Em São Paulo há também o Dia Estadual do Choro, comemorado em 28 de junho, homenageando o multi-instrumentista paulistano Garoto, que completaria 100 anos em 2015.

Não, não é sambinha antigo. Não, não é sambinha lento. Primeira expressão musical brasileira, o chorinho começou no final do século XIX e se popularizou no início do século passado pelas mãos e sopros de gente talentosa como Anacleto de Medeiros, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazaré e mais uma galera. Famoso pelo virtuosismo, o gênero é livre e cheio de improvisações.

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Uma roda de choro que se preze tem que ter no mínimo um violão de 7 cordas, um violão, uma flauta, um cavaquinho e um clarinete. Saxofone, trombone e piano são sempre bem vindos. Imaginando uma roda imaginária com os picas do instrumento, elencamos alguns nomes para você dar uma choradinha conosco:

Saxofone: Pixinguinha

Mestre na arte de emocionar as pessoas, Pixinguinha revolucionou o jeito de se tocar o instrumento e ajudou a popularizar o chorinho no Brasil. Aqui temos uma versão de “Lamento” junto de Baden Powell e a lenda João da Baiana raspando a faca no pratinho. A cena é um trecho do documentário Saravah, de Pierre Barouh, lançado em 1969.

Pandeiro: João da Baiana

Já que falamos do homem, aqui vai uma versão de “Batuque na Cozinha” com pandeiro sincopado e voz marcante. João da Baiana dá o recado:

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Bandolim: Jacob do Bandolim

A impressão que se dá é que o bandolim é uma extensão do corpo de Jacob. Sagaz, virtuoso e genial, o músico carioca é, sem sombra de dúvida, uma das maiores expressões do chorinho. Separamos aqui uma versão de “Assanhado”.

Cavaquinho: Waldir Azevedo

O cara é o compositor de “

Brasileirinho

”. Ponto final. Todo mundo um dia tentou tocar e se frustrou no meio do monte de notas desse som. Separamos a linda “Pedacinhos do Céu”, que também não será nada fácil para tirar no instrumento.

Flauta: Altamiro Carrilho

O flautista gravou cerca de 200 canções, e já levou sua flauta para apresentações em mais de 40 países. Ele mostra seu talento nesta versão de “Flor Amorosa”, composição de Joaquim Calado.

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Piano: Chiquinha Gonzaga

Neste instrumento poderíamos invocar Ernesto Nazareth e mais uma pá de gente, mas Chiquinha Gonzaga era foda. Foi a primeira mulher no choro, a primeira mulher a reger uma orquestra e a compositora da primeira marcha carnavalesca com “Ô Abre Alas”. Aqui vai a canção “Falena”.

Violão de 7 cordas: Tute

Um dos pioneiros do instrumento ao lado de China (irmão de Pixinguinha), Tute deu o grave que faltava ao chorinho usando as cordas de cima do violão e sentando a madeira na sétima corda. Nesta versão de “Sofres Porque Queres”, de Pixinguinha, ele está lá mandando ver no seu 7 cordas. A tradição do instrumento hoje é mantida por nomes como

Yamandú Costa

e

Raphael Rabello

.

Trombone: Raul de Barros

Mestre da gafieira, o trombonista carioca deu tempero ao choro com seu hot samba. O músico participou do disco

Sérgio Mendes e Brasil 66

e excursionou junto do pianista. Separamos “Na Glória”, som de Raul que tem um breve flerte com o bebop.

Clarinete: Paulo Moura

O paulista Paulo Moura é um dos grandes nomes da segunda geração do chorinho. Seu virtuosismo e classe, porém, não deixam a desejar a ninguém. Transitou muito bem também como músicos mais novos. Nesse registro do programa

Ensaio

, da TV Cultura, ele e Yamandú Costa interpretam “Remexendo”, de

Radamés Gnatali

.

Menção honrosa: Garoto

Principal nome paulistano do gênero, Garoto tocava tudo que fosse de corda: banjo, cavaquinho, bandolim, guitarra normal, guitarra havaiana, guitarra portuguesa, mas ganhou fama no violão. Escolhemos a interpretação de “Duas Contas” em uma gravação recuperada de um programa da Rádio Nacional em 1900 e bolinha.