Na noite desta terça (28), São Paulo testemunhou a despedida de uma das mais tradicionais festas da Clash Club: a Chocolate. Pra você ter uma ideia básica do que foi essa noite, teve set dos residentes Dubstrong e Jeff Bass, abrindo a noite; DJ King, Pogo; KL Jay e DJ Hum em quatro toca-discos ao mesmo tempo; PG, Tamenpi, Nuts e, só pra finalizar, presença surpresa de Kurtis Blow e Das EFX. Tá pouco ou quer mais? É dificil imaginar uma terça-feira de balada sem que a festa esteja entre as opções de rolê, é verdade. Mas depois de oito anos na casa, doze de existência, já estava na hora de fazer as malas e mudar de perspectiva. E se despedir da Clash com esse time, digamos que foi um adeus bem bonito.Vamos dar uma voltinha no tempo. Em 2002, Guigo Lima organizava algumas festas em parceria com Marcelo Sinistro e Primo Preto. Mas a proposta, o tipo de rap, não agradavam ao seu gosto totalmente, apesar de serem lucrativas. Então ele sentou com ninguém mais do que DJ Zegon – meu pai adotivo que nunca quis me adotar – e os dois pensaram num modelo de festa que, depois, seria a Chocolate.
Logo na segunda semana de festa, no Mood Club, o DJ Cut Chemist, do grupo Jurassic 5, era a atração principal; e na edição seguinte, a lenda Madlib. Os caras não pouparam esforços pra deixar claro, desde o começo, que eles não tavam de brincadeira. Só hip-hop underground, a verdade verdadeira mesmo. Depois de passear por algumas casas em SP, em 2007 a festa se mudou para a Clash Club, esse espaço querido e chorumento da Barra Funda com capacidade para 1.200 doidões. A primeira vez que pisei nesse local, inclusive, foi por causa da Chocolate. Não dá pra negar que, com tantos anos de casa, a festa era o carro-chefe.
Conversei com o DJ Jeff Bass, residente desde 2011 da festa. Pra ele, o que mais agradou no começo foi a receptividade e a liberdade pra ousar nas escolhas das músicas. “O porte da casa assusta e o público é exigente, mas isso acabou me incentivando a pesquisar mais e evoluir”. Pra ele, as lembranças boas ficam guardadas sempre mas a ansiedade pela nova fase é maior do que a nostalgia. Assim não dá, a gente fica como na curiosidade, Jeff?Para o Guigo, algumas mudanças são nítidas no que diz respeito ao público e ao som que dominavam as caixas de som e a pista da Clash. No começo, a galera curtia um som importado, americano. E a pista era tomada por amigos, da mesma geração que ele, que marcavam presença em todas as edições. Agora, a galera é mais jovem e sedenta por rap nacional. Que bom, né? “Já ouvi de amigos que os filhos de 16 querem fazer 18 pra ir na Chocolate”, disse ele. O principal desafio de uma festa de tantos anos é se manter atual e conquistar as novas gerações, e a Chocolate fez isso muito bem.
DJ Jeff BassMas então por que finalizar esse ciclo? Segundo o Guigo, é porque todo o ciclo tem um fim. “Não estamos mais em sintonia e isso não pode ser motivo para desentendimento. Existe respeito suficiente para entendermos que cada um tem o direito de seguir pelo caminho que acha correto ao invés de um de nós querer convencer o outro de que o seu caminho é o certo. Desejo tudo de melhor pra eles e tenho certeza que eles desejam o mesmo pra nós”.O futuro só Deus sabe. Agosto será um mês de férias e a festa volta em setembro, não sabemos onde nem quando. Alguns boatos apontam para turnê internacional, outros para um endereço ali no fim da Cardeal. Mas o que importa é que, apesar do breve intervalo, a festa voltará a ativa renovada e, esperamos, muito melhor.
DJ Pogo
Guigo Lima e KL Jay
Dj King
Dj King
Dubstrong e Jeff Bass
Kurtis Blow
KL Kay, Guigo, Kurtis Blow, King, DJ Hum, DubstrongKL Jay
KL Jay
Dray, do Das EFXDubstrong, Jeff e Guigo
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