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Música

O Shyy, projeto com integrantes do Abske Fides, Noala, Afro Hooligans e Reiketsu, soltou uma nova demo

O quarteto paulistano que mantinha um projeto um tanto disperso, liberou um novo trabalho que serve como prenúncio do primeiro disco do grupo.

Fotomontagem: divulgação

O Shyy é um projeto de integrantes do Abske Fides, Death By Starvation, Reiketsu, Plague Rages, Noala, Afro Hooligans e Horns of Venus. Surgiu em 2007, com a proposta de investir nas estéticas mais depressivas e catárticas do black metal. Rapidamente a identidade do grupo caminhou para um perfil que conjuga atmosferas melódicas e limpas com construções vindas do gótico, do pós-punk e do indie rock. Para alguns, essa química resulta numa coisa que se entende como “pós-black metal”.

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Depois de uma demo, lançada em 2008 no MySpace; da participação na coletânea chinesa The World Comes To An End In The End Of a Journey (Pest Productions), em 2009; e dos três sons contidos em The Path Towards Forgetfulness (2012), o quarteto formado por Paulo (bateria), Kiko (guitarra), Fred (guitarra) e Marcos (baixo, vocal) acordou do hiato de uma Copa para retomar os trabalhos com injeção de seriedade.

A demo que vocês escutam aqui traz duas faixas da nova fase, agora sólida, do Shyy. Trata-se de uma fiel amostra do que está por vir no álbum em que eles trabalham atualmente, prometido para o segundo semestre. “Desfalecer” e “Afogar-se” foram produzidas pelos próprios músicos no Estúdio Duna, em São Paulo. Cata a entrevista que fiz com o Fred:

Noisey: De 2007 para cá, já são quase dez anos desde que vocês começaram. O que mudou no som do Shyy, ou, como ele evoluiu, amadureceu?
Fred: A proposta inicial, de 2007, continua sendo a mesma: mesclar nossas influências do black metal com outras referências do rock mais escuro, como o gótico, o pós-punk e o rock alternativo dos anos 90. Acho que amadurecemos um pouco no refinamento das composições, nos detalhes dos arranjos de voz e dos instrumentos e na produção, mas musicalmente continuamos com a mesma forma. Esse foi o principal ganho desde a demo.

O Shyy ainda é considerado um projeto paralelo? O que isso significa, em termos criativos?
O Shyy surgiu para aplicar ideias que não se encaixavam mais no Abske Fides, pois já havíamos migrado do black para o doom na passagem da demo Illness para Apart From The World. Porém, muita coisa que eu estava fazendo ainda continuava se aplicando à fase black do Abske Fides, já com o acréscimo dessas novas referências que só vieram a existir no Shyy. Só pra se ter ideia, o primeiro som que gravamos com o Shyy (“Comme Je Vole”) foi inicialmente feito para o Abske Fides, lá por 2004, e chegou até mesmo a aparecer em uma antiga versão como bônus de uma edição em tape da demo Illness. Então dá para dizer que começou como um projeto paralelo, sim, mas hoje funciona como uma banda totalmente desvinculada do Abske Fides e com novos membros.

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Até aqui os lançamentos do Shyy sempre foram pautados por faixas soltas. Por que somente agora é que vocês estão levando a sério a ideia de um full lenght?
Porque agora estamos mais estáveis, com nova formação, e muito material acumulado de coisas antigas e novas que o Kiko e o Paulo trouxeram. Durante muito tempo eu morei fora de São Paulo e isso já dificultava as reuniões com o Abske Fides (por isso esses lançamentos picados e intervalados), mas agora tudo está se encaminhando.

A pegada desses sons já pode ser considerada aquilo que encontraremos no álbum a caminho? Elas fazem parte da mesma sessão de gravações?
No geral é a mesma pegada, mas no álbum haverá faixas bem diferentes entre si, com levadas mais variadas e flertando de modo mais abrangente com as nossas referências, algumas coisas mais caídas para o gótico, outras mais limpas, alguma coisa de shoegaze…

Por que vocês optaram por introduzir vocais nos sons da banda, que começou instrumental, numa época em que muitas bandas pesadas da nova geração têm optado por investir justamente nisso?
Na verdade a ideia inicial também incluía vocais, mas na época que gravamos a demo fizemos o instrumental e ficamos tentando encaixá-los, e parecia que as músicas não queriam (ou não conseguíamos), daí soltamos assim mesmo. É interessante notar a importância do MySpace nessa época: a geração de bandas novas que começou a soltar suas músicas por lá utilizava muito o espaço não só para publicar suas músicas prontas, mas também aquelas em processo de construção. Lembro que muita coisa foda aparecia e, depois, você já não encontrava mais na antiga versão, porque haviam modificado a música com nova mixagem, outros instrumentos, vozes…

Vocês preferem gravar e produzir tudo sozinhos pensando em preservar a identidade da banda, sem um "produtor" ou operador de mesa dando pitaco?
A gente faz um monte de riffs na guitarra e depois vai estruturando cada música separadamente. Ao mesmo tempo, vamos pensando nos arranjos vocais, o baixo e a bateria em conjunto, e, às vezes, gravamos uma pré. O Kiko também é produtor, então muito da sonoridade, da timbragem e da mixagem vem dele. Nossa nova demo foi gravada nesse esquema no estúdio dele aqui em São Paulo (Estúdio Duna).

Por que vocês acham que o post-black metal é o termo mais correto para categorizar o estilo do Shyy? Pelo fato de ampliar bastante os horizontes criativos, sendo uma ramificação mais expansiva do que outras tags do metal?
Na verdade não sei se é correto e nem acho isso muito importante, mas também não dá para dizer que pertencemos à cena mais tradicional do black metal, apesar de bebermos muito da fonte, principalmente nas vertentes mais depressivas. O que tenho visto é que as bandas sob esse rótulo vêm experimentando novas linguagens para o estilo, tanto na música como nas temáticas, na estética e no comportamento. Nesse caso, pode servir para ajudar a ampliar os horizontes, sim, desde que não se feche novamente em seu próprio rótulo nem crie uma fórmula bem definida.

O Shyy está no Bandcamp e no Facebook

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