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Música

Conselhos para Ter uma Vida Social Quando se É um Artista (ou Seja: Pobre)

Você está tentando sobreviver enquanto ALIMENTANDO ALMAS de outros humanos, mas não consegue tirar uns trocados disso? A Jenny pode te ajudar.

Em “Alguma Pergunta? Com Jenny Owen Youngs”, nossa cantora/compositora/excelente pessoa humana do Brooklyn responde a algumas de suas perguntas, pequenas ou grandes. Então se você está com algum problema, bicho, ela resolve. Saca só algumas dessas questões aí embaixo enquanto a JOY, hm… Resolve-as, digamos. Vamos lá…

Algumas palavras de sabedoria para o jovem artista de 20 e poucos anos (leia-se: pobre) que lida com a treta que é pagar contas enquanto tenta não se sentir deixado de lado entre amigos com empregos comuns (leia-se: financialmente superiores)?

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Olá, jovem humano com interesse em artes! Sei como você se sente! Você só está tentando sobreviver enquanto cria música ou histórias ou pinturas ou seja-lá-o-que-for, estas coisas que ALIMENTAM AS ALMAS de outros humanos, mas cacete, como é difícil tirar uns trocados fazendo o que você faz! Daí que todos seus amigos fizeram Engenharia ou Medicina ou coisas de advogados, então eles têm “empregos de verdade”. Deixa eu te dar (e me dar também) meu primeiro conselho agora: VOCÊ TAMBÉM TEM UM EMPREGO DE VERDADE. NO MÍNIMO DOS MÍNIMOS, pegue esse pequeno pedaço de conhecimento, memorize-o, dobre-o, e enfie-o no bolso da frente do seu coração para não correr o risco de perdê-lo. Você tem um propósito, você tem uma função, você é importante para o esquema maior das coisas!

Agora que percebo que você é um ser humano legítimo que merece por os pés neste planeta e está contribuindo para o mundo ao seu redor você 1) talvez você já soubesse disso e 2) isso não te ajuda a pagar nenhuma conta – nem mesmo aqueles oito pilas mensais para usar seu serviço de streaming favorito! PORÉM esse parecia ser o melhor lugar para se começar porque se você sabe que o que você faz tem valor, doerá menos quando aquele pensamento de “…mas eu tô bem quebrado” começar a se amontoar dentro do seu monólogo interior (e também no diálogo exterior).

Conceitos como MAIS É MAIS e COISAS = FELICIDADE estão profundamente arraigados em nossas cabeças e são reforçados incontáveis vezes no dia-a-dia através de publicidade, revistas e televisão. As fibras mais pessoais desta Capa de Menos-Que (a mais insidiosa de todas as capas) podem nos fazer sentir ainda piores: se todos os seus amigos conseguem pagar 50 paus em ingressos pra assistir ao Skrillex (tô chutando valores aqui, sem intenção de ofender se errei pra cima ou pra baixo, Skrillex) e você não, isso é um saco. Se seus amigos podem jantar em restaurantes orgânicos cinco noites por semana e você não, isso também é um saco. E o incômodo é dobrado: é horrível ter que ficar tomando cuidado com seu dinheiro ao custo de se divertir pra cacete, e também é horrível se distanciar dos seus amigos por conta de limitações financeiras.

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Para a sua informação: 30% dos resultados em uma busca de imagens no Google do termo “capa” envolvem manequins femininos pelados. GAH

Meu conselho envolve comprometimento. Talvez você tenha um relacionamento com seus amigos que te permita falar dessas coisas de forma franca – se é o caso, vá em frente. Se não, te digo, finesse e jeitinho. Faça com que seus amigos façam coisas menos caras. Você gosta de filmes? Gosta de comida? Que filme bom você pode assistir por streaming agora? Os Bons Companheiros? Convide seus amigos e peça para cada um trazer os ingredientes de uma lasanha: Ed traz a massa, Sally leva o molho, e por aí vai. Daí todos se juntam para montar a lasanha enquanto tomam aquele vinho que James e Elizabeth trouxeram, aí é colocar a massa no forno, o filme pra rolar, e assim que Lorraine Bracco tiver uma arma apontada para Ray Liotta estará na hora de servir aquela lasanha maravilhosa. BÔNUS: se você não tem como pagar por um serviço de streaming, você pode ir na biblioteca DE GRAÇA e pegar uns DVDs!

“Eu gostaria DESSE TANTO de lasanha, por favor.”

Talvez você e seus amigos curtam uma atividade física de vez em quando. Vocês poderiam jogar vôlei ou futebol em um parque ou quadra da sua região – tudo que você precisa é de uma bola e um tiquinho de organização. Se sair pra beber/dançar/pra um show de rock for o jeito, talvez seja uma boa beber em casa antes de sair, para minimizar o prejú no bar. Sua cidade deve ter um monte de coisas baratas ou grátis pra fazer (shows, filmes, jogos de cartas?). Dois bens excelentes de se ter na falta de uma carteira recheada são criatividade e atenção para o que acontece no mundo ao seu redor.

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Eu e minha namorada aos poucos nos tornamos muito caseiros. Ficamos demais em casa, assistimos a um monte de coisa no Netflix e temos um suprimento saudável de jogos de tabuleiro para nos manter ocupados. Eu poderia viver muito bem sempre em casa, mas eu sei que ela gostaria de sair de vez em quando. Moramos em Nova York, e por mais que haja mesmo muita coisa pra se fazer, às vezes sair do Queens parece uma trabalheira danada. Você teria algumas ideias para impedir que eu vire uma velha chata logo?

Escuta aqui, colega: não tem nada de errado com você e seu amorzinho se curtirem com seu amiguinho em comum, o Netflix. É perfeitamente normal! O Netflix tem muito a oferecer – Buffy: A Caça-Vampiros, Firefly, Angel e talvez alguns outros programas de TV que não foram criados por Joss Whedon (…Provavelmente? Quem poderia afirmar com certeza? Por que você assistira outra coisa que não Buffy a não ser que Buffy não esteja disponível, mas ESTÁ disponível sim, logo… Você tá me entendendo, né?).

O Escolhido, com O Agasalho Escolhido, perto d’A Vela Escolhida.

Eu sei o quão fácil é descer no tobogã infinito d’O ‘Flix. (Me desculpe por falar “O ‘Flix”.) MAS existem razões convincentes o bastante para diminuir o tempo que você passa assistindo a coisas. Moderação, equilíbrio, e tal! Se você continuar olhando aquela caixa brilhante o dia inteiro todos os dias, a lógica de mamãe prevê que eventualmente você se tornará em uma caixa brilhante… Ou ao menos perderá sua habilidade de falar sobre qualquer coisa que não seja TV. Se isso não for o bastante pra você, então considere um imperativo fiscal! Você está pagando um aluguel digno de Nova York, então pelo amor da pizza, POR FAVOR aproveite algumas das coisas massa que a cidade tem a oferecer!

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Agora que você está (suponho) animadona e motivada para VIVER A VIDA NOVA-IORQUINA AO MÁXIMO, aqui vão algumas dicas do que fazer em nossa bela e enorme cidade:

De primeira: MINHA COISA FAVORITA DE SE FAZER EM NOVA YORK: VISITAR O MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL!

Ok, estou me sentindo como uma propaganda prolixa ambulante deste museu, mas acredito mesmo que é um lugar mágico que tem de tudo pra todos. Dinossauros! Espaço! Geologia! Bichos fofinhos! A seção de répteis! Alguma coisa de história humana (zzz)! Vida marinha! Que DELÍCIA de lugar pra se aventurar com sua namô! Quando vocês já souberem tudo sobre caribus e leões marinhos e geodos, saia do museu e você estará praticamente no Central Park, que é tipo a natureza, mas com amenidades – vários passeios, barcos a remo para alugar, artistas de rua (malabaristas e gente com bambolê fazendo o lance deles sempre). UHU!

Não quer sair do Queens? Que tal fazer um piquenique no Socrates Sculpture Park? Além de ser um parque (você adivinhou) cheio de esculturas, o SSP tem uma feirinha agrícola semanal, um festival de Halloween anual, e no verão, exibições de filmes grátis e CAIAQUES! Mermãooooo! Na sua vizinhança tem também o Museum of Moving Image, lar de coisas como uma estátua assustadora da menina possuída de O Exorcista, e uma réplica do apartamento de Harrison Ford usado em Blade Runner! É a magia do cinema aqui em Nova York!

Comprometa-se a fazer uma coisa que você nunca fez(!) uma vez por semana durante três meses. Também recomendo criar um nome engraçado pro evento semanal (Noite Louca do D8? Roda da Moralidade? Férias de Primavera?). Quando dou o nome para algo, mesmo algo besta, sempre me faz pensar que coisa é mais “oficial”, o que pode ser motivador, especialmente se você está querendo sair de um padrão comportamental.

Esta é meio que uma conversa de mão única, então preciso que você pare e pense no que você e sua namorada gostam, e planeje de acordo com isso! Você gosta de música ao vivo? Tem muito disso na Big Apple! Gostam de comer coisas maravilhosas juntos? Tem PELO MENOS cinco ou seis restaurantes só em Manhattan. Há feiras de usados pra fuçar, meias-maratonas para serem corridas e jardins botânicos a serem visitados!

Se tudo der errado, você sempre pode dar uma voltinha no quarteirão.

Jenny Owen Youngs é uma artista que mora no Brooklyn e ATENÇÃO tem um novo EP, 'Slack Tide' que será lançado logo. Siga-a no Twitter - @jennyowenyoungs