Canções que É Foda Passar por Isso: Lágrimas Masculinas

Disseram que pegar ilustras no tumblr dá problema com direitos autorais, aí eu mesmo fiz uma no paint.

Existem três marcas profundas na vida de um homem: o desmame, a paternidade e a galha. Não dá pra saber o que é mais difícil, já que, depois de sair do meio das pernas de uma mulher, o que o macho mais quer é voltar a entrar; e é bem complicado para um machinho ter que disputar sua fêmea com outro indivíduo recém-chegado. Mas, na verdade, há sim: é bem pior PERDER aquilo que você conquistou – mesmo estabelecendo indevidamente esta posse.

Isso desencadeia suas piores fraquezas.

Depois de ficar perdido na angústia que é ter que viver sem um espectro feminino para lhe alimentar, o homem médio procura suprir essa ausência com novos vícios. É aí que começa a aventura. São nesses momentos de vulnerabilidade que o homem se depara com o desespero e apela. Pras boates, pras noitadas, pra bebida. Homem é um bicho muito besta.

E foi pensando nessa sofrência toda que resolvemos inaugurar a série Canções que É Foda Passar por Isso, com grandes momentos da música sofrida brasileira. Nesta edição, lágrimas masculinas, o melhor tempero não só para a misandria mas também para a música de corno.

Zezé di Camargo e Luciano – “Sem Medo de Ser Feliz”

Ô homi que chora bonito esse Zezé. Essa guitarrinha na introdução é tão aguda que já chega apertando o coração bem onde dói. Aí o cabra toma uns litro e sai cantando “perco a cabeça, me queimo em seu fogo, eu sem juízo faço seu jogo” e nem bêbado ele para de prometer mundos e fundos, porque na verdade é aí que ele tem aquela ilusão de que é o rei da porra toda. “Mas nem amanheceu, você já me esqueceu…” – pois é, campeão, mais uma vez você vai ficar esperando aí, porque ninguém é obrigado a te salvar de você mesmo.

Pablo do Arrocha – “Porque Homem Não Chora”

Essa é pra dar bicuda em ponta de mesa: “por favor não implora, porque homem não chora e não pede perdão”. Na verdade, homem não raciocina bem, mesmo. Esse belíssimo arrocha é a prova que são as cagadas que o próprio peão faz que acarretam em problemas pra si mesmo – como o chifre. E ainda assim ele não entende e joga a culpa nos outros: “você que machucou meu coração, me fez chorar” (mimimimimi).

Cidadão Instigado – “Dói”

Cidadão Instigado não é a banda mais popular dos botecos, e talvez por isso é que combine tanto com a sensação de estar “perdido no vazio desse sentimento”. Embala aquela fossa colossal que faz o cara beber sozinho, mijar no pé e mandar mensagem pra ex dizendo “me encontra amanhã pra gente conversar”. Ouça bem, se liga no instrumental. A condução na ponta do pé. O refrão angustiado e a voz cansada de quem tá de ressaca desde segunda. Mas é errando que se aprende.

Fagner – “Lembrança de um Beijo”

Já dizia o mestre Fagner, nesse clássico composto por Accioly Neto, “o cabra pode ser valente e chorar, ter mei mundo de dinheiro e chorar, ser forte que nem sertanejo e chorar, só na lembrança de um beijo, chorar”. É quando o bicho não anima nem com o mais poderoso xote (eu disse xote, não shot, seu machinho letra E) ou a saia mais rodada do planeta. “Não tem conversa, nem cachaça que dê jeito, nem um amigo do peito que segure o chororô”.

Roberto Carlos – “Palavras”

No fim da noite, o homem está esgotado. Chega em casa só Deus sabe como, abre o WhatsApp com a foto de sua musa e vê os dois tiquezinhos azuis indicando que sua mensagem foi lida. No entanto, não há resposta. O que sobra para ele é sentar em posição fetal embaixo do chuveiro enquanto essa aqui toca na vitrola: “eu fiz daquele amoooor, o meu sonho maiooooor, minha razão de tudooo. Foi pouco o que restou, de tanto que existiu, recordações e nada mais”. Tá poco de sofrimento?