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Música

Cadê a música eletrônica na Virada Cultural 2016?

Grande símbolo de representatividade das diversas vertentes artísticas de São Paulo, a festa neste ano parece ter deixado os fãs de música eletrônica na mão.

Ah, a Virada Cultural! Metrô aberto 24h, jovens tomando catuaba nas ruas, andança sem fim pelo centro de São Paulo, aquela adrenalina do medo de acontecer um arrastão a qualquer momento… Nada se compara à emoção do evento conhecido por unir todas (ou, pelo menos, grande parte das) tribos paulistanas.

É verdade que juntar uma galera de todo canto da cidade no centro para exibir as mais diferentes vertentes artísticas paulistanas em apenas 24h é uma difícil tarefa, mas, mesmo assim, o evento faz o possível para incorporar o espírito da metrópole que não pára e contar com um bom tanto de representatividade e diversidade.

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Contando com essa diversidade, a intenção que o THUMP tinha quando a programação da edição de 2016, que acontece nos dias 20, 21 e 22 de maio, foi finalmente divulgada, pouco mais de uma semana antes do evento, era de fazer um guia da música eletrônica no festival. Mas, ao conferir o lineup, não encontramos muito do que falar.

Um dia a mais de festa — na sexta-feira será realizado um "happy hour", ou prévia do festival, com alguns shows e atrações — quer dizer ainda mais diversidade, certo? Bom, sim e não. Não que o lineup esteja fraco, muito pelo contrário — a programação de 2016 está extensa e, segundo a opinião desta aqui que vos fala, bem mais representativa que a do ano passado. Só há um porém: onde está a música eletrônica na Virada Cultural 2016?

Já faz algum tempo que as festas de rua em São Paulo não fazem o mesmo barulho que costumavam. A falta de grana e de tempo pra dedicar a eventos gratuitos anda enfraquecendo o movimento, mas, com o apoio da Prefeitura, no ano passado a galera conseguiu fazer rolar festas dos coletivos Baile Muderno, Mamba Negra, Audiovisualivre, Telaviva, Roda de Sample, Calefação Tropicaos, Canil, Macumbia + Gas Gas, Metanol FM, Festa Mel, Dubversão e Free Beats nos dias 20 e 21 de junho.

Leia mais: Onde Foram Parar as Festas de Rua em São Paulo?

Esse ano, somos agraciados com nem metade desses rolês: a Voodoohop, Free Beats e Calefação Tropicaos são as únicas a marcar presença na Virada de 2016. Já nos palcos, somente o Alfredo Issa conta com uma programação (mais ou menos) putsputs. A atração principal é o show do projeto que a Marina Lima realizou com o duo eletrônico paraense Strobo, às 22h. A produtora Érica Alves e o compositor e entusiasta de synth pop Serge Erege tocam em seguida (0h), e a dupla formada pelo produtor grassmass e o baterista carioca Thomas Harres (2h) encerram a breve participação da música eletrônica no festival.

O THUMP entrou em contato com o evento para descobrir a razão da diminuição de atrações eletrônicas na Virada. Segundo a organização: "O que está mudando é o formato dessas apresentações, substituindo o tradicional 'palco com DJs' para explorar outras vertentes da música eletrônica, e principalmente o live act. O palco Alfredo Issa/Beneficência Portuguesa, por exemplo, é todo voltado a artistas de música eletrônica, só que mais alternativa e com foco em apresentação ao vivo. Ou seja, é uma mudança do formato, dos palcos com DJs nacionais e gringos, que tocam por 3h cada, para outros artistas mais experimentais, live, audiovisual, espalhados pela programação da Virada."

Mesmo que o formato das apresentações tenha de fato mudado, a diferença na quantidade de atrações também é brusca. Para um festival que até 2014 tinha um palco de psytrance — que, segundo os organizadores, foi deixado de fora da curadoria do evento após oito anos sem mais explicações — e diversas pistas eletrônicas, a Virada Cultural vem deixando os fãs de música eletrônica na mão.

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