Bebendo mijo na saída de incêndio com o NOFX e outras histórias

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Música

Bebendo mijo na saída de incêndio com o NOFX e outras histórias

Dez curiosidades sobre a banda de hardcore na biografia escrita por Jeff Alulis. Agora em português pela Highlight Sounds.

Estouro em vendas nos Estados Unidos segundo o ranking do New York Times, Na Banheira com Hepatite e Outras Histórias, a biografia oficial do NOFX, acaba de ganhar versão em português apenas alguns meses após o seu lançamento na gringa - lá fora, o livro chegou às pratelerias em abril deste ano. A edição nacional marca a estreia da Highlight Sounds, que já atua com sucesso como selo, promotora de eventos e com merchandising de bandas, no ramo editorial. Bela aposta do César Carpanez, dono do selo, já que o NOFX, logo atrás do Bad Religion, é uma das maiores bandas do hardcore melódico mundial em termos de público.

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Acho que o principal acerto do biógrafo Jeff Alulis em seu livro sobre a história do NOFX é a precisão com que ele mixa o drama e a informação em medidas exatas. E constrói, assim, uma narrativa que envolve o leitor. Ao mesmo tempo em que documenta os fatos e minúcias sobre a trajetória da banda em si, ele puxa coisas de convivência familiar, relatos íntimos e questões da relação entre os músicos e seus amigos, inimigos e amantes.

É uma abordagem completa que desconstrói a banda, mas também os indivíduos que por ela passaram e que nela permanecem. Notadamente o Jeff dedicou-se bastante à coleta desses depoimentos tão acurados. Mas o modo como ele decupou e montou o texto é que dá o tempero fundamental para a fluência da leitura.

O livro compila uma série de reviravoltas de todas as naturezas. Os caras rasgaram o RG e se jogaram na vida, vamos colocar assim. E compuseram vários clássicos e ainda causam o maior impacto no hardcore com sua atitude debochada e provocativa. Goste você deles ou não, o NOFX não passa incólume.

Logo a seguir, destaco dez curiosidades que pesquei na leitura do livro. Optei pelo foco na fase inicial da banda, até mais ou menos o lançamento do primeiro EP, a fim de não estragar o barato com muitos spoilers. A da banheira que titula a obra, por exemplo, você vai ter que comprar o bagulho pra saber.

1. Bebendo xixi
O Fat Mike (vocal, baixo) e a sua mina, Soma, são incorrigíveis bebedores de mijo. A primeira vez que o Mike bebeu o xixi dela foi numa escada de saída de incêndio com vista para o centro de Los Angeles. E é com essa narrativa que o livro começa. A Soma queria testar os limites sexuais dele, então sugeriu que ele tirasse toda a roupa e se deitasse. "Ela começou no meu peito e depois foi subindo até minha boca", conta Mike. "Eu conseguia escutar o mijo que transbordava da minha boca respingando na calçada abaixo de nós". Segundo ele, não tem um gosto tão ruim quanto se imagina, e com certeza é melhor do que uísque.

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2. Ordenhando uma mina no backstage
Com o barômetro de bizarrice quebrado depois de beber tanto mijo, o Mike só foi evoluindo. Tipo a vez em que ele amarrou uma mina e a ordenhou. Numa conversa de backstage sobre sexo pervertido, essa moça comentou que ela tinha essa fantasia, de ser amarrada num celeiro e ordenhada como uma vaca. Mike então pediu a seu amigo Jay que pegasse uma corda, fita adesiva e sua mala especial no ônibus.

Daí, convocou a mina, que tinha tido um bebê recentemente: "Eu disse à garota que se ela quisesse fazer isso de verdade, poderia me encontrar em nosso camarim em 15 minutos", revela. Não foi num celeiro, como a fantasia original, mas em cima de uma mesa, e o Mike ainda colocou o leite num copo plástico e adicionou gelo e vodca. "Foi meu primeiro White Russian fresquinho, direto do mamilo".

3. Sendo assediado por um pedófilo
Quando o Melvin (guitarra) era criança, o pai de um amigo dele da escola fez com que ele tirasse a roupa porque tinha "curiosidade" de saber como ele era quando estava nu. Olha o papo do maldito. Melvin tirou a roupa, relutante. "Eu me lembro das mãos dele acariciando meu corpo e tocando meus genitais", relata no livro. "Me lembro de ele me perguntar se era uma sensação boa. Me lembro também de olhar para a porta e desejar estar do outro lado".

A parada foi evoluindo, o cara disse que queria botar o pênis na boca dele e ainda o obrigou a beijá-lo na boca. "Ele enfiou a língua na minha boca. Ele tinha um hálito amargo de cigarro. O beijo pareceu não acabar nunca, mas suportei e segurei as lágrimas na esperança de que ele me deixasse ir". O Melvin só contou essa história pela primeira vez para a sua mãe quando já tinha 30 e poucos anos.

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4. Smelly Zé Droguinha
O lance do Smelly (bateria) com o ácido começou assim: quando ele se graduou no ensino fundamental e foi para o ensino médio, também se graduou em maconha e pílulas e passou para o ácido. Daí uma vez ele colou alucinando na casa de uma amiga, a Monica, e noiou que havia dois anões gêmeos, de sete anos, na cozinha. Quando os anões gêmeos começaram a correr pela casa, ele levantou e saiu fora. Foi buscar abrigo na casa de uma amiga da mãe dele, a Dee Dee, que era uma artista hippie.

Apesar da bad assustadora, ao invés de largar o ácido, ele preferiu passar a usar com segurança na casa da Dee Dee, com o filho dela, o Josh. "Ela nunca nos deu ácido, mas sempre permitiu que tomássemos em sua casa", detalha Smelly. "Eu estava tomando ácido pelo menos uma vez por semana, e ao longo dos anos as good trips foram muito mais frequentes do que as bad trips".

Mike na época do False Alarm

5. A primeira banda, a primeira pipizada
Uma das razões pelas quais Mike quis montar uma banda era a ideia de que isso ia acabar o ajudando a perder a virgindade. Então, aos 16 anos, ele começou um projeto com seus amigos Floyd (guitarra, voz) e Justin (bateria). Mike assumiu o baixo, e o nome do grupo ficou sendo False Alarm. Eles fizeram só um show num pico de Beverly Hills. O segundo, que era pra ser no Anti-Club, não rolou porque a mãe do Floyd não deixou.

A banda não virou, mas o único show do False Alarm, que foi uma bosta, deu a Mike a sorte de conhecer sua primeira namorada, a Natalie. Depois ela acabou traindo o Mike e quase o matou, mas nada disso passava pela cabeça dele em seus tempos de punhaca virjão.

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6. Surra com cinto de rebite
A Natalie era uma mina tensa. Fazia parte de uma gangue só de minas, chamada Girls Brigade, que socava outras minas e roubava suas bolsas e sapatos. Mike ficou apaixonadão, especialmente porque ela o surpreendia com sexo em lugares pouco convencionais: em carros, construções, e até fez um boquete pra ele uma vez embaixo da mesa durante um show do Crucifix. Mas nada poderia prepara-lo para a surpresa maior.

"Com quatro meses de relacionamento, um grupo de Suicidals [gangue punk de LA] me jogou contra a parede e disse: 'Não procure mais a Natalie, senão vamos te matar'. Foi assim que ela terminou comigo", lançou. Sem saber o que havia acontecido, um dia Mike a encontrou ao acaso. Ela gritou: "Que porra é essa, por que você está aqui?", tirou o cinto de rebites e deu uma surra nele diante de uma centena de pessoas".

7. De usuário a traficante
Smelly nem precisava tanto de dinheiro quando passou do estágio de usuário de drogas para traficante. Ele fez isso por aprovação. No livro, o músico confessa que, quando criança, se sentia magrelo e fraco, e lutava contra várias questões de inferioridade. Então começou a raspar várias gramas de maconha dos tijolos no freezer dos tios dele e a vender na escola.

Da mãe de um amigo, que havia passado por diversas cirurgias, ele e o moleque roubavam pílulas e vendiam também. Quando começou a tomar ácido, Smelly comprava várias cartelas e subsidiava seu vício vendendo parte delas pros amigos. Aos 14 anos, o cara tirava 200 dólares por semana, mas não podia comprar coisas para não dar pala com os pais. Por isso, gastava tudo no fliperama e em mais drogas.

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8. Listra de gambá
O Smelly conta uma história só para dar a dimensão exata de como foi ruim o primeiro show do NOFX. Segundo o relato, o episódio foi bem menos vergonhoso. Ele conheceu uma garota estonteante e a chamou para andar de bicicleta. No meio do caminho, deu nele aquela vontade de cagar impossível de conter. Por sorte, a trilha contava com um banheirinho numa casinha de madeira. "Abaixei as calças, sentei e deixei tudo acontecer. Mas o que eu não havia percebido era que a barra da minha enorme camiseta de futebol americano tinha ficado no caminho da zona perigosa", lamenta.

Depois de terminar, ele decidiu sair sem camisa para impressionar a mina, sem perceber que tinha liberado um pouco do pudim, o equivalente a um copo, preso na barra da camiseta. Na hora de tirar, a merda arrastou pelas costas, e depois pelo pescoço, e cabelo, testa e nariz. "Não tinha espelho na casinha. A sensação de humilhação era intensa. Parecia uma experiência extracorpórea", desabafa.

Gravação da demo no Mystic Studios

9. Mendigando show
O primeiro show do NOFX fora de Los Angeles foi em Reno, abrindo para o 7 Seconds. Mas isso só foi possível graças à cara de pau do Melvin (guitarra), que esquematizou a viagem. Ele disse para os outros caras da banda que o negócio era oficial, só que nem era. Eles simplesmente apareceram lá. Pouco tempo antes, Melvin ligara para o promotor pedindo pra tocar, e o promotor apenas disse "Vou perguntar. Vamos ver", e nunca mais retornou.

Melvin resolveu colar com a banda no dia do show mesmo sem a confirmação. Chegando lá, o promotor ficou na noia: "O que vocês estão fazendo aqui? Eu não confirmei!". "Eu sei, mas não podemos tocar mesmo assim?", replicou Melvin. Com dó, ele acabou deixando o NOFX tocar por meia-hora, assim que as portas abrissem. O episódio hoje é lembrado com alegria pelos integrantes, mas poderia ter queimado para sempre o filme do Melvin.

10. Expulso por justa causa
O Smelly percebeu que sua participação no NOFX havia sido apagada temporariamente da história quando pegou o primeiro sete polegadas da banda, cujas músicas ele gravou, e não viu o seu nome lá. Mike e Melvin fizeram isso porque ele não admitiu cancelar as férias em família planejadas para a mesma época da segunda turnê. "Achei um insulto eles não estarem dispostos a se adequar ao meu calendário, enquanto eles não entendiam porque dois deles tinham que fazer uma mudança de planos por causa de apenas um membro", detalha.

Ele ficou desolado. Especialmente quando seus pais acabaram cancelando a viagem. O NOFX caiu na estrada, e o Smelly ficou na poeira. "Até hoje, quando me deparo com uma cópia daquele sete polegadas, eu penso: 'Aqueles filhos da puta'", pragueja. Por sorte, um ano mais tarde ele viria a ser readmitido.

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