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Música

A Genialidade Imatura de Weird Al Yankovic

O artista de paródias de 54 anos ataca novamente.

É difícil imaginar como eram os discos de paródias antes de “Weird” Al Yankovic ter lançado seu primeiro álbum em 1983 porque eles praticamente não existiam. Desde aquele ano mágico, o cantor de 54 anos já sacaneou todo mundo que é alguém de verdade, zoando Michael Jackson, Madonna, Chamillionaire, Nelly, R. Kelly, os Backstreet Boys, e quem mais estivesse pelo caminho. Por mais que a maioria dos artistas que ele tenha tirado sarro tenham caído no anonimato (Falco, Coolio, Cherry Poppin’ Dadies, estamos falando de vocês), Weird Al conseguiu ser cada vez mais adorado com o passar dos anos.

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Após ter lançado seu último disco, finalizando seu contrato com a RCA, apropriadamente intitulado Mandatory Fun [Diversão Obrigatória], Weird Al tem seus olhos voltados para o futuro. Na era da internet, o conceito de um álbum inteiro devotado a paródias de canções populares pode muito bem estar morto. Em resposta a isso, Al planeja lançar singles e EPs digitalmente e com maior frequência, além de ter se envolvido com a série do YouTube Epic Rap Battles. Nós aqui do Noisey conversamos com a lenda da comédia sobre Mandatory Fun, o que ele pensa a respeito do futuro da comédia musical, e como é interagir com caras como Kurt Cobain e Chamillionaire depois de zoar seus maiores hits.

Noisey: Por que era a hora certa para lançar outro disco?

Weird Al: É meio o que eu faço. Senti que finalmente havia composto 12 músicas com as quais estava satisfeito e era hora de lançá-las. É o último disco do meu contrato e senti que em algum momento eu devia lançar um álbum, os planetas se alinharam corretamente e os caras lá me falaram que era hora das pessoas receberem um pouco de diversão obrigatória.

Qual o significado por trás de Mandatory Fun? Aquela capa pode te colocar em maus lençóis com gente como Kim Jung Un.

A ideia da capa é de pegar carona nos pôsteres de propaganda política e de regimes totalitários. É uma forma de se divertir com o termo “diversão obrigatória”, que claramente é uma expressão paradoxal já usada no serviço militar e que é usada para descrever retiros corporativos e coisas assim. Achei que era algo bacana de se brincar.

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Como você escolheu músicas tipo “Happy”, “Royals” e “Fancy” pra zoar?

Sempre que gravo um disco, componho minhas canções primeiro para que não soem tão datadas. Espero até o final para escolher o que irei parodiar pra seja tudo um pouco mais novo e não tenha nada no disco com mais de um ano de idade, então tudo sai bem oportuno. Essa é uma parte do desafio de lançar um disco porque tem muitas faixas e nem todas elas soaram novas como as manchetes da manhã. Acho que fiz um bom trabalho em lançar esse álbum com as versões desse pessoal em mente.

O que a sua filha acha da sua música?

Ela adora desde pequena, e é ótima para me dar opiniões, além disso, a uso como pesquisa de mercado. Ela está na sexta série e lembro de perguntar a ela: “Ei, o pessoal na escola tem falado de Iggy Azalea?”. De primeira ela respondeu “não, não muito” e duas semanas depois disse “só falam dela agora” e eu pensei, beleza, chegamos ao ponto crítico e agora posso usar aquela música.

Te surpreende ainda gravar álbuns e eles ainda terem algum efeito?

Me sinto bem sortudo e grato pelas pessoas me considerarem de alguma forma relevante. Quando faço shows e toco algo do disco novo, o público não aproveita pra ir no banheiro. Elas sabem o que ando fazendo. Me sinto muito afortunado por ter tido a possibilidade de ter uma carreira tão longa como a minha e ainda não acredito que me deixam ganhar dinheiro com isso.

O que as pessoas que foram parodiadas dessa vez acharam da versão que você fez das músicas delas?

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Só falei mesmo com a Iggy Azalea e ela levou tudo muito bem. Mandei um e-mail pro Pharrell e ele também foi ótimo. Sei que cada um dos artistas parodiados nesse disco me deu sua benção. Não sei se todos ouviram minhas versões ainda, nem sempre tenho retorno deles, mas espero que tenham curtido e entendam como a homenagem e tributo que foram feitas para ser.

Eles não encaram assim?

Muitos sim e encaram como uma trindade bem-sucedida. Você recebe o disco de platina, um Grammy e uma paródia do Weird Al. Você precisa disso pra solidificar o seu sucesso.

Não foi o Kurt Cobain que disse que tudo bem com você tocar “Smells Like Nirvana” desde que não fosse sobre comida?

Ele achou que a música seria sobre comida porque naquela época minhas músicas falavam sobre comer. Kurt só queria entender o que faria com sua canção. Disse a ele que seria sobre como ninguém consegue entender suas letras. E ele disse “boa, isso é engraçado”.

Tendo em mente sua morte 20 anos atrás, como foi conversar com o Kurt naquela época?

Eu era um baita fã de Nirvana e foi surreal conversar com ele no telefone. Mas como qualquer um, ele era só um ser humano comum e muito educado e foi uma conversinha prazerosa. É um momento que sempre lembrarei com carinho e foi muito importante em minha vida.

Como você se envolveu com Epic Rap Battles?

Esbarrei com o Nice Peter em um evento do YouTube e expressamos admiração mútua um pelo outro. Concordamos então que se conseguíssemos, eu deveria participar de um episódio da série. No começo deste ano, eles me apresentaram a ideia de interpretar Sir Isaac Newton e achei fantástico. Então fui lá e fiz minha participação, me diverti muito. Adoro aqueles caras e o trabalho deles é incrível.

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Que música sua você acha que teve maior efeito sobre as pessoas?

Essa é difícil, mas provavelmente “White & Nerdy”, porque foi meu maior hit. Foi primeiro single de platina a chegar no Top 10. Acho que ela fez sucesso porque é autobiográfica e não tive que pesquisar para compor uma música sobre ser branco e nerdalho. Passei minha vida inteira pesquisando isso.

O que o Chamillionaire teve a falar sobre ela?

Ele foi demais. Na verdade, ele veio falar comigo no Grammy logo após receber o prêmio de Rap do Ano, me agradeceu e disse que a minha paródia era um dos grandes motivos pelos quais ele ganhou o prêmio porque tornou inegável que a sua música fosse o melhor rap do ano.

Quem você acha que são os melhores cantores cômicos atuais para quem você poderia passar a bola quando decidir se aposentar?

Tem um monte de gente fazendo músicas ótimas. Adoro The Lonely Island, Tenacious D, Flight of the Concords, Reggie Watts, Bo Barnum e Garfunkel & Oates. Há muita gente fazendo um trabalho maravilhoso, então ninguém precisa tomar a bola de mim. Não estou competindo com ninguém, estamos todos tentando manter a comédia na música viva e fazendo o nosso melhor. Espero que continue a crescer assim.

Certa vez Daniel Kohn se meteu em uma encrenca por ouvir “Smells Like Nirvana” muito alto em seu Walkman no ensino fundamental. Ele não se arrepende nadinha - @danielkohn

Tradução: Thiago “Índio” Silva

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