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cinema

Filmes: Star Trek

Os remakes de obras clássicas tendem a fazer a minha pele tremer pelo simples facto da quantidade de bagagem que a internet sobrecarrega nessas estreias.

Star Trek, além da escuridão
2013
4/10 Os remakes de obras clássicas tendem a fazer a minha pele tremer pelo simples facto da quantidade de bagagem que a internet sobrecarrega nessas estreias. Todas as críticas, os gritos mal sustentados de fãs em revolta, e os boatos a declarar o falhanço da obra antes mesmo de começar a ser filmada. Este Star Trek teve, no entanto, a sua dose diária de raiva quando estreou, com os sites a revoltarem-se contra o filme pelo seu fraco argumento, e por ser (aparentemente) incapaz de manter algum interesse cinematográfico. Que grandes foram os gritos sobre a incoerência de história e o ignorar das premissas-base do universo deste franchise. Adoro este termo. Franchise… Soa a casa de sandes, espero sempre que haja um Star Trek Bangladesh como se fosse um McDonald’s, ou mesmo um Star Trek México em que o Captain Kirk apareça com um bigode farfalhudo e uma guitarra ao ombro com um nome sonante como “El KirKo”. Mas, de volta ao filme. Bem, na verdade, o JJ Abrams é um verdadeiro génio, dotado de uma coragem tremenda que consegue pegar numa obra icónica do cinema de ficção científica e de a transformar numa verdadeira crítica à forma como o cinema é feito hoje em dia. Mas por que é tão criticado negativamente? O realizador foi demasiado subtil, contou com a inteligência dos espectadores para perceber o que pretendia. Infelizmente, para ele. Star Trek é realmente uma obra icónica. JJ Abrams assumiu contar a verdade sobre a ficção científica actual, que é preenchida por argumentistas sem bases e que inundam o ecrã de lugares-comuns absurdos. Antes de Abrams, apenas Mel Brooks tinha tido a ousadia de criticar abertamente este género, no mítico Spaceballs. E apesar da comparação, JJ foi mais longe, conseguiu inclusivamente vender o filme aos espectadores como algo sério e verdadeiro. JJ Abrams realiza todos os momentos mais desesperantes que se podem esperar num filme de ficção científica: os perigos desnecessários (Spock no vulcão), a falta de pesquisa em relação ao universo em que se trabalha (Kirk a ignorar a “primeira directiva”), a exploração da mulher como objecto sexual (Alice Eve em roupa interior sem explicação alguma para o facto). Quanto a esta última, como é que podem catalogar de abusiva a presença de uma mulher bela, com um corpo atlético desnudado em total glória num ecrã de cinema? As mulheres têm sido assim usadas no cinema desde o início. Trata-se de uma óbvia crítica por mais bela que esta seja de ver e de apreciar. Ainda por cima, não estamos a falar de uma situação de exploração de genitais num grande plano digno de Cecil B. DeMille. Por que reclamam tanto? Podia estar aqui a enumerar todos os casos e mostrar como Abrams é genial na sua loucura. Só um realizador que trouxe a metáfora da exclusão social em Cloverfield ou a resposta para a questão da existência de vida e humanidade em Lost, conseguiria este feito. Um poeta em toda a glória que confia nos seus fãs e nos espectadores das salas de cinema, tratando-os como seres inteligentes e esforçados, capazes de entender os seus desígnios secretos. Felizmente, JJ vai fazer de Star Wars uma evolução na carreira. Espero, com todas as fibras do meu ser, que tenha a coragem de ter Yoda enquanto “Yogurt” e que os Ewoks tenham um tempo de antena digno ao lado de Chewbacca num momento on ice ao nível das produções de patinagem artística da Disney. Kudos, JJ Abrams. Um brinde a ti!