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Uma investigação sobre o sexo no mundo Pokémon

Tudo o que precisas de saber sobre o que andam a fazer os teus bichos favoritos enquanto ninguém está a ver.

Este artigo foi originalmente publicado na VICE USA.

O Mundo está rendido ao Pokémon. Mais de 15 milhões de pessoas descarregaram até agora o Pokémon Go e, provavelmente, muitas delas estão a recordar o seu amor de infância pelos bonecos animados japoneses. Parece que toda a gente anda a apanhar, a treinar e a criar pokémons. As criaturas podem parecer embaraçosamente e dolorosamente reais - vemo-las com genuína compaixão a crescerem e a transformarem-se de ovos em peixes estranhos, ou monstros poderosos, ou o que quer que seja.

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Mas como é que os Pokémons fazem sexo? É tudo o que me apetece perguntar.

Não é uma pergunta para a qual se obtenha resposta falando com a Nintendo (eu tentei, mas não me responderam). O Google também não ajuda, porque a única coisa que ficas a saber é que existe uma paródia porno de 2015 chamada Strokémon (sinopse: "Gotta bang 'em all!"), em que numa das cenas Ash e Misty fazem um ménage com Pikachu. Contactei a Woodrocket, a produtora de Strokémon, para lhes perguntar se tinham feito algum tipo de investigação sobre como era o sexo Pokémon. Através de uma sms, a Woodrocket respondeu-me: "Lol, não fizemos nada disso".

Muito bem, então o que é os jogos nos dizem? Que todos os Pokémons põe ovos. Dois Pokémons podem criar um ovo juntos se forem de géneros diferentes e pertencerem ao mesmo grupo de ovos. No jogo original, deixas os dois juntosnum centro de cuidados Pokémon, depois voltas e encontras um ovo. No Pokémon Go simplesmente encontras ovos sem ser dada qualquer explicação. É óbvio que os criadores do jogo não queriam que te pusesses a pensar como é que dois Pikachus produzem um terceiro. E no entanto…

"Suspeito que há uma série de formas diferentes para os Pokémons fazerem sexo", diz-me T. Ryan Gregory, um biólogo evolucionista e zoólogo, que dirige o Laboratório de Diversidade de Genomas da Universidade de Guelph, em Ontário, Canadá. O especialista foi suficientemente simpático para me devolver a chamada e até concordou em partir da escassa informação existente sobre sexo Pokémon para "construir algumas hipóteses mais óbvias".

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O facto todos os Pokémons porem ovos tem lógica numa perspectiva evolucionista, salienta Gregory. Se os Pokémons andam o dia inteiro às voltas à procura de outros Pokémons para se envolverem em lutas, "seria difícil aguentarem um período muito longo de gestação. Faria muito mais sentido terem ovos de gestação externa". Mas esse mesmo facto também nos dá pistas de que haverá uma certa compatibilidade entre eles que permite que géneros muito distintos possam acasalar e gerar descendência juntos. Gregory acrescenta: "Todos eles passam por um período inicial muito similar - a fase do ovo - e só depois é que as diferenças surgem, com o desenvolvimento".

Com isto em mente, Gregory diz que, se tivesse de adivinhar, diria que os Pokémons têm sexo de uma de duas maneiras mais latas. Muitos Pokémons são bilateralmente simétricos, o que o especialista define como "dois lados que se equivalem, uma cabeça à frente e um rabo atrás", bem como genitais entre as pernas. Muitos dos animais com estas características fertilizam internamente - a.k.a sexo de pénis dentro da vagina. Por isso, essencialmente, qualquer Pokémon que tenha pernas, braços e uma cabeça, provavelmente também terá genitais e, muito possivelmente, usa-os de uma maneira que nos é familiar. Por outras palavras, o Strokémon é mais certeiro do que alguma vez os seus criadores pensaram.

É, no entanto, um bocadinho mais complicado se estamos a falar de pokémons como o Cloyster (aquele que é parecido com uma ostra), ou o Bellsprout (aquele que é parecido com uma flor - mais ou menos, vá). Essas raças, possivelmente, teriam sexo de forma externa, com a fêmea a pôr o ovo e o macho a fertilizá-lo a seguir. "Isto pode acontecer com ele a deixar esperma em cima do ovo, ou a descarregar quantidades massivas de esperma por todo o lado para que as fêmeas o recolham depois".

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Por sua vez, Josh Dunlop, um artista conceptual que cria imagens realistas de Pokémons, diz que tem ideia que aquele tipo de Pokémons mais amorfo e sem pernas, como o fantasmagórico Gastly, ou o Koffing, poderiam precisamente enveredar por esse tipo de fertilização externa, com o macho Pokémon a passar pelos ovos e a depositar o seu esperma. E, na realidade, quem é que sequer vai discutir essa teoria?

Resulta que os grupos de ovos - a rede interligada de Pokémons fisicamente semelhantes que podem acasalar uns com os outros no jogo - podem também ajudar a explicar porque é que uma tão grande variedade de géneros pode existir. Os grupos de ovos, realça Gregory, são bastante semelhantes a um fenómeno natural a que se chama "espécies em anel", que descreve como sendo "uma série de ligações que unem duas coisas que aparentemente são muito diferentes". Cada grupo de ovos representa um "anel" na rede, explica, e se escolheres dois Pokémons aleatoriamente - digamos, um Squirtle e um Rapidash - eles podem não conseguir acasalar, mas podes ligá-los entre uma série de outros Pokémons que efectivamente podem. Por exemplo, o Squirtle está na lista dos grupos de ovos "Monster" e "Water 1", o que sugnifica que pode acasalar com qualquer membro desses grupos. Junta um Squirtle e um Ryhorn (membro dos grupos "Monster" e "Field") e eles podem produzir um ovo. E como o Rapidash também faz parte do "Field", pode também acasalar com um Ryhorn.

Mas já estou a divagar. Imagino que o que queres é saber que Pokémons têm pila. os fertilizadores externos, geralmente não têm, mas os que fertilizam internamente, assegura Gregory, "podem ter pilas bastante alucinantes. Os pénis dos patos, por exemplo, são encurvados e muito compridos e os dos gatos são pontiagudos. Se reparares em determinados insectos, as fêmeas têm formas especiais para retirarem esperma dos machos, enquanto que os membros de alguns podem mesmo partir-se". Se estás a tomar nota aí em casa, isto significa que o Psyduck tem uma pila em espiral, o Mewtwo tem uma afiada e o Pinsir pode ter algo parecido como que raio isto seja.

Não tens que agradecer!.

Segue Drew Millard no Twitter.