Gotta feelingSummer Filth RecordsEntre os Tame Impala e os Melody’s Echo Chamber, ícones maiores de uma sonoridade lo-fi caracteristicamente árida, quente e deliciosamente sufocante, existe areal mais que suficiente para fazer emergir o revivalismo das dunas e ondas edificadas nos anos 60 e 70, revestidas de cânhamo e destiladas pelo psicadelismo e amplitude de influências, de movimentos e de vontades.
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Seria difícil não contextualizar o novíssimo EP dos Los Waves dentro desta mescla de saudosismo com novas possibilidades de ruído e libertinagem. Tão difícil como deixar que a guitarra inicial deGot a Feeling expluda nos nossos ouvidos, sem nos imaginarmos semi-nus num qualquer cenário selvático ou balnear, a dançar e a saciar o pequenohippie utópico que todos guardamos dentro de nós. Estes Waves conseguem desenvolver ao longo de cada música uma mística muito própria e uma atmosfera tão leve quanto festiva, que bandas desingles como os MGMT provavelmente gostariam de conseguir reproduzir. O próprio nome da banda tem muito de referencial a estanew new wave, tanto quanto ao tórrido Verão. O que não torna mais fácil de ouvir e apreciar totalmente a intensidade e a alegria das harmonias electrónicas deste EP, claramente com um semblante tribal bastante carregado, quando lá fora estão apenas catorze graus.Traz à memória tempos idos e vividos no nosso Milhões de Festa. Corria o ano de 2012 e uns desgrenhados League subiam ao Palco VICE numa bela e cálida noite junto ao Cávado, em que houve, a espaços, magia e amor no ar. Um ano depois, a banda de José Tornada e Jorge Ribeiro adoptou outro nome, mas continua uma demanda de descoberta melómana que esconde muito trabalho de bastidores e muitas viagens entre Londres, Portugal e Califórnia.Os resultados, esses, são visíveis. Detêm a atenção da imprensa internacional, estão referenciados desde aqui até à Austrália, e estarão no Vodafone Mexefest já no fim desta semana. Espera-se deles um LP que confirme o seu potencial a sair no próximo ano, até porque este EP deixa demasiada água na boca (e ecos de xilofone na cabeça).
