Uma visita ao Ark Encounter, o parque que mistura criacionismo e dinossauros
Para resumir: uma experiência um tanto quanto vazia. Crédito: Taylor Dorrell

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Uma visita ao Ark Encounter, o parque que mistura criacionismo e dinossauros

Para resumir: uma experiência um tanto quanto vazia.

O parque temático Ark Encounter, localizado na cidade de Williamstown, em Kentucky, no sudeste dos EUA, conta com uma Arca de Noé em tamanho real "projetada para responder as suas perguntas sobre o relato bíblico", de acordo com seu site.

O lugar é administrado pela Answers in Genesis, organização cristã responsável também pelo Creation Museum, onde rolou o infame debate entre o cientista educacional e comediante Bill Nye e o criacionista da Terra Jovem Ken Ham. Depois de um pulinho no museu, não pareceu má ideia visitar a arca. Foi o que fizemos.

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A arca tem 155 metros de comprimento e 15 metros de altura por 26 de largura, as mesmas dimensões citadas na Bíblia. Aqui vemos um visitante fotografando-a. Crédito: Taylor Dorrell

Os criacionistas da Terra Jovem acreditam em uma interpretação literal do Gênesis, que contradiz a teoria da evolução de Darwin ensinada na maioria das escolas. Eles creem que a Terra tem apenas 6.000 anos de idade e que dinossauros foram contemporâneos de Adão e Eva. Ou seja: a arca tinha uns bichos desses a bordo.

Para resumir, essa galera acredita mesmo que a Bíblia é um registro legítimo da história humana e que todo o conhecimento deve derivar dali. E, como se isso não fosse controverso o suficiente, a Answers in Genesis é criticada por causa das isenções fiscais que recebeu do estado de Kentucky, bem como o atestado de fé assinado que exige ao contratar alguém.

O custo de construção do parque passou dos 100 milhões de dólares e sua infraestrutura conta com um restaurante, zoológico, lojinha e uma tirolesa.

Os criacionistas creem que a Terra tem apenas 6.000 anos de idade e que dinossauros viveram junto dos homens. Ou seja, Noé tinha um espacinho pra dinos na arca. Crédito: Taylor Dorrell

Nossa jornada começa no estacionamento, onde se paga 40 paus por um ingresso e mais 10 pelo estacionamento em si. Depois de adquirirem os ingressos, os visitantes são levados de ônibus até a arca. Fui no primeiro final de semana de inauguração à espera de encontrar um baita público, mas tinha pouquíssima gente.

Após uma foto na frente de uma tela verde, vemos animais de mentirinha em jaulas e pequenas baias com imagens, acompanhadas por personalidades bíblicas em tamanho real que explicam a história de Noé e do Criacionismo. Depois de percorrer toda a arca, descemos pela lojinha de presentes, uma experiência um tanto quanto vazia até pela falta de turistas e algumas obras inacabadas.

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Brian e Don, de Independence, Kentucky, no estacionamento. Crédito: Taylor Dorrell

Neil Degrasse Tyson, o famoso astrônomo, disse não se importar com o discurso criacionista por questões de liberdade de expressão, mas a porca torce o rabo quando alguém se refere ao criacionismo da Terra Jovem como fato científico.

Depois de visitar tanto o Creation Museum quanto a arca, concluí que boa parte dos visitantes são gente boa, mas compreendo a preocupação de Tyson em contar histórias às crianças como se fossem fatos: os argumentos de Ken Ham contra os bilhões de anos terrestres se baseia na inconsistência da datação radiométrica; ele não acredita que a luz de estrelas e galáxias distantes demore bilhões de anos para chegar à Terra. Ao argumentar ele cita a Bíblia, e não dados científicos ou descobertas do mundo moderno como fonte.

Estar ali na arca de mente aberta nos permite observar de perto o que os criacionistas creem quando se fala do surgimento do mundo, mas pagando cinquentinha pra entrar, serei sincero, prefiro ir num lugar com montanhas-russas e tobogãs.

Noé ora com sua família. Crédito: Taylor Dorrell

Imagens representando o dilúvio bíblico. Crédito: Taylor Dorrell

Visitante fotografa a arca. Crédito: Taylor Dorrell

Vista da arca e tirolesa de dentro do ônibus. Crédito: Taylor Dorrell

Tradução: Thiago "Índio" Silva