Tudo somado, o partido parece não saber o quer, com quem contar e que caminho trilhar. (Pintura por Braldt Bralds, via Art Barbarians)
É por estas e por outras que António Costa não precisa de ansiolíticos para dormir sossegado. O partido que disputa taco a taco a maior parte das eleições com o PS, anda como o Lopetegui no Real Madrid. Desorientado, com as linhas desunidas e à espera que aconteça um milagre para ganhar confiança e andamento. O PSD parece imobilizado desde 2015 quando, numa finta esperta e inesperada, Costa deu a volta ao cenário expectável nas Legislativas. A vitória da coligação de direita foi insuficiente e nasceu a "Geringonça". O resto é história.Como qualquer partido adulto, o PSD devia ter-se regenerado de maneira positiva para futuros embates. Ao invés, tem vivido semanas periclitantes. A liderança de Rui Rio é mal amada por dentro (a começar pela maior parte dos deputados com assento no Plenário) e, entre algumas larachas sobre a realidade do País, viu nascer a caça ao prémio "Eu é que sou o dissidente do mês". A seguir, os cinco exemplos de como esta instituição histórica se tornou um "saco de gatos".Ele bem tenta demonstrar arcaboiço para ser primeiro-ministro, só que nem a sua casa controla (como os socialistas, que se julgam iluminados a gerir o País e o partido é o mais endividado). O ex-autarca da Invicta rema para um lado e os "seus" deputados para outro; chamou Rodrigo Gonçalves para trabalhar a comunicação do partido, ele que é considerado um dos maiores caciques do PSD; não se opôs à mudança na Procuradoria-Geral da República e o seu líder parlamentar, Fernando Negrão, criticou o artigo de opinião de Passos Coelho, quando este agradeceu o desempenho de Joana Marques Vidal; e está na cara que Rui Rio não terá problemas em ser bengala deste PS, caso a "agremiação rosa" necessite de maioria parlamentar em 2019. Já o vimos mais longe do Largo do Rato.Quando se escuta o debate no "Pé em Riste", às Segundas na CMTV, são os picanços entre Nuno Encarnação (portista) e André Ventura (benfiquista) que têm piada. De resto, o folclore segue a lógica caricata "o teu clube é mais trafulha que o meu". Aproveitando a onda populista - e o discurso propalado a criticar a comunidade cigana -, Ventura concorre nas últimas autárquicas e consegue lugar como deputado municipal na edilidade de Loures.Recentemente, desiludido com os sociais-democratas, deu início à angariação de assinaturas para a destituição de Rui Rio. Num volte-face abrupto (e por estar em colisão com o PSD local), decidiu abandonar o partido e avançar com o novo Chega. Pelos dados disponíveis, entre as medidas a apresentar, destaque para o fim do casamento homossexual. Estará o comentador a contar com o apoio de machões de cor encarnada? No futuro, se tiver um papel relevante dentro do Benfica, André Ventura cedo mostrará que não está para aturar as "paneleirices" dos jogadores. Retrógrado.Alegadamente, o deputado é o principal rosto da "Operação Tutti-Frutti". Um daqueles personagens que, para subir e ser notado, dá o corpo ao manifesto em qualquer situação pelo partido (ou pelo clube, se falássemos de futebol). Segundo as notícias veiculadas na imprensa, é suspeito de crimes com ajustes directos e arranjos com gente do PS para a contratação e troca de assessores fantasmas - e assim distribuir supostos "tachos" no Estado (como em Juntas de Freguesia). A ser verdade os factos que o possam implicar, talvez Azevedo pensasse que não estaria a prevaricar. Há manobras que são comuns no Bloco Central…Nas últimas décadas, zangou-se publicamente com Jorge Sampaio, Marcelo e Cavaco, ocupou diversos lugares de destaque na sociedade (falta a candidatura a Belém) e, por estes dias, está engajado com um delírio há muito ambicionado. Chateado com o actual rumo do PSD e após diversos ameaços no passado, lança o partido Aliança. Não é crível que esta formação concorra às Europeias em Março e, no íntimo de Santana Lopes, o objectivo é obter a percentagem necessária para que o vencedor nas legislativas a chame para dominar o parlamento. Ninguém está proibido de ter expectativas altas, mas a tarefa é hercúlea, para não dizer impossível.Há quem sonhe em ter um telemóvel robusto, um quarto com preço razoável em Lisboa, ou já imagine estar no concerto do banal Ed Sheeran. Para a maior parte dos deputados "laranja", o grande sonho seria ver Luís Montenegro, Paulo Rangel ou (até) Passos Coelho, a disputar a corrida ao poder com António Costa.A contestação interna a Rio é tão evidente (na semana passada, numa reunião da bancada, Teresa Morais disse que ele vetou a intervenção de elementos com experiência), que a centrista Assunção Cristas já julga ter hipóteses de ser chefe do próximo governo de Portugal. Como estamos a menos de um ano das Legislativas, é natural o aumento de episódios para desgastar o líder, dirigentes a pedirem a sua cabeça e que surjam novas figuras a devolver o cartão de militante. Até quando Rui Rio aguenta?
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