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Cagando na Cruz e Andando

Esse cara subiu pelado na Igreja Presbiteriana West Bethel no La Brea Boulevard em Hollywood e cagou na cruz.

Hoje vou escrever sobre o que aconteceu no começo de dezembro passado, quando eu estava passando por um longo e gelado mês de depressão depois do fim de um relacionamento. Decidi escapar das garras do sombrio inverno londrino e tirar umas férias.

Eu tinha um amigo em L.A na época, então decidi visitá-lo. O fato de que você só consegue chegar de carro em qualquer lugar de Los Angeles deixa a questão de sair para beber complicada e cara (táxi aqui é foda, cara), então a gente precisava de um motorista que estivesse sóbrio. E esse era o cara, já que apesar de estar mais limpo que a periquita da Kate Middleton, eu não tenho carta de motorista. Ele é um velho amigo de escola do cara que mencionei antes. Chamamos ele de “A Segunda Vinda de Cristo, que também é o Anticristo”, porque ele pediu.

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Antes dele aparecer para ser o nosso chofer da noite, meu amigo me alertou de que ele meio “tantã”, mas por alguma razão esqueceu de mencionar a vez que o cara subiu pelado na Igreja Presbiteriana West Bethel no La Brea Boulevard em Hollywood e cagou na cruz. Quando ouvi essa história decidi bater uma papo com ele pra tentar descobrir porque alguém acha que isso é uma boa ideia.

VICE: Oi, Tony. Você é religioso?
A Segunda Vinda de Cristo, que também é o Anticristo: Não me considero nada. Não sou ateu, agnóstico ou niilista.

Então me conta, por que você subiu no topo de uma igreja no meio de Los Angeles nu-com-a-mão-no-bolso?
Pela fama, fortuna e uma vida sexual melhor.

Isso te ajudou a transar?
Algumas das minas com quem eu transei depois desse incidente sabem disso, então talvez. Eu tinha uma namorada que achou isso hilário quando a gente estava junto, mas agora ela é cristã, acredite ou não. Eu não costumo transar tanto quanto antes, e é por isso que estou dando esta entrevista.

Certo. Trata-se de uma igreja presbiteriana, isso é significativo de alguma maneira?
Não. Eu morava em Hollywood na época e trabalhava no turno da noite como segurança num estúdio de animação. Eu sempre passava por aquela cruz no caminho pro trabalho. Era a cruz perfeita para o meu plano — eu precisava de uma cruz branca pra que a minha bosta ficasse visível.

Quanto tempo você ficou lá em cima?
Fiquei lá das 7 da manhã até às 3 da tarde. Assisti os federais descerem a avenida na minha direção perfeitamente sincronizados, enquanto eu ficava lá sentado com o saco balançando, foi o ponto alto da minha vida. A SWAT tentou me fazer descer com comida chinesa e água.

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E você estava bem louco ou sob o efeito de alguma coisa na hora do incidente?
Completamente sóbrio. Nunca tomei LSD e nem quero.

Quem são os seus heróis?
O Klaus Matton, o ex-guitarrista da banda de dark metal alemã Bethlehem. Ele é um grande amigo meu.

Então você foi inspirado pelo metal?
Eu me inspiro em black metal e música ambiente dark. Paysage d'Hiver, Velvet Cacoon e Bethlehem são algumas das minhas maiores influências.

Legal. Dado que você foi notícia por cagar na cruz, a sua punição por esse incidente foi muito severa?
Não muito. Eu passei um dia na cadeia e dormi o tempo inteiro. Me tornei um 5150d (paciente psiquiátrico involuntário) e passei quase duas semanas no Hospital Psiquiátrico Del Amo em Torrance, na Califórnia. Era para eu ter ficado lá só três dias, mas me recusei a tomar a medicação, então eles estenderam minha estada. Depois do oitavo dia, disseram que iam me amarrar e injetar os remédios à força se eu continuasse me recusando. Eu desisti, então tomei Abilify e Wellbutrin. Fora isso, foi uma experiência memorável que mudou minha vida.

De que forma isso mudou sua vida?
Eu testemunhei quão escrotas as coisas podem ser. Conheci várias pessoas com sérios problemas mentais e gente que estava bem. Os pacientes e os enfermeiros tinham muita personalidade. Alguns momentos foram inesquecíveis: a enfermeira nos dizendo que precisava de RSVP para entrar no céu; esse cara rindo histericamente do Chazz Palminteri na TV porque ele parecia com um mafioso; noites de karaokê e bingo; outro cara tendo convulsões — eu podia continuar falando disso pra sempre. No geral, a estadia foi divertida, perturbadora e esclarecedora, tudo ao mesmo tempo.

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Você diria que o incidente foi um sucesso então?
Fazer cocô pelado numa cruz era algo que eu sempre quis fazer antes de morrer, então sim, foi um sucesso.

Houve algum tipo de reação quanto a isso? Tipo, as pessoas te reconheceram ou te repreenderam em público, ou algo assim?
Eu fiz algumas merdas na internet depois do incidente da igreja. Eu me promovi num monte de fóruns na internet porque o vídeo teve menos de 20 mil visualizações. Depois eu quis me livrar das evidências da minha carência por atenção e deixar a coisa toda de lado, mas não consegui, os administradores e moderadores dos fóruns não apagavam os posts. Então, eu tive um colapso mental no dia 1º de agosto de 2010. Quebrei meu laptop com um taco de metal na frente do Google em Irvine, na Califórnia.

O que aconteceu depois?
Os policiais vieram, apontaram suas armas e me mandaram ficar de joelhos e largar o taco, que eu tinha comprado no Sport Chalet ali perto. Eles me algemaram e me colocaram no carro da polícia, mas não me prenderam. Me interrogaram e me levaram para o Hospital Psiquiátrico St. Joseph em Orange, por quatro ou cinco dias. Me forçaram a tomar Zyprexa e Depakote.

O que você pode contar sobre essa camiseta “ciabook”?
O governo monitora o Facebook. Um monte de gente ainda não percebeu isso.

Você tem Facebook?
Não. Postar o que você está pensando no Facebook é como comer batata frita num restaurante antes que a refeição esteja pronta —  você não consegue deixar de consumir. Eu digo coisas no calor do momento às vezes que não quero permanentemente arquivadas. Quando você deleta coisas no Facebook elas não são realmente apagadas. Eu também não quero lidar com certos tipos de pessoas.

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O que você acha desse apocalipse supostamente iminente?
Não faz sentido. O mundo definitivamente não vai acabar em 21 de dezembro de 2012. O calendário é uma ilusão — é uma tradição criada pelo homem. Nosso mundo vai acabar quando o sol se tornar uma gigante vermelha. Espero que os humanos não sejam capazes de escapar do nosso sistema solar antes do nosso sol morrer. Se conseguirem, outra coisa vai acabar matando todos nós.

Você disse que gostaria de ser conhecido como “A Segunda Vinda de Cristo, que também é o Anticristo”. Você pode explicar o que isso quer dizer pra você e pro resto do mundo?
E quero desesperadamente que as pessoas saibam que a tecnologia está tomando o lugar da religião. Eu sou o Anticristo porque subi no topo de uma igreja, totalmente pelado e espalhei minha merda na cruz. Eu sou A Segunda Vinda de Jesus porque estou me sacrificando vazando minha mente fora do Google e me fazendo parecido com Jesus. Eu fiz cocô pelado numa cruz por fama, fortuna e numa vida sexual melhor. Eu queria toda a publicidade para ganhar dinheiro o suficiente para dirigir um filme com Norberto Avalos, do programa To Catch a Predator da Dateline NBC, e então poder transar com muitas prostitutas na Holanda.

Por que prostitutas na Holanda?
Elas supostamente são sensuais. Prostituição é legalizada lá.

Últimas palavras?
Pense antes de postar? Pense antes de fazer a internet, seus filhos da puta! Eu não acredito na VICE, mesmo eu estando na revista VICE.

Brigadão, cara!